Capítulo 22 :

955 83 54
                                    


Logo após o beijo que trocamos na empresa, não consegui me concentrar em mais nada. Depois de ter se trancado em sua sala, Arthur ficou lá até a hora em que fui embora, talvez estivesse me evitando, provavelmente estava arrependido pelo que aconteceu.

Sentada no banco de trás da Mercedes, enquanto Charles dirigia no tráfego movimentado, eu estava recostada olhando para fora sem prestar atenção em nada à minha volta. Minha mente estava tomada pelo beijo que aconteceu algumas horas atrás e me remexi no banco de couro sentindo meu corpo protestar. Eu queria mais, muito mais. Fiquei o resto da tarde pensando nas dezenas de possibilidades de transar com Arthur ali naquele andar. Havia o sofá de espera, a minha mesa, a mesa dele, as paredes... Respirei fundo e virei meu rosto para me concentrar na fila de carros à nossa frente, mas minha mente ficava se perguntando o que Arthur teria sentido após o beijo.

Chegando em casa, corri para o quarto de Malu que estava adormecida e fiquei por cinco minutos admirando minha filha vendo o quanto ela crescia a cada dia e me sentindo um pouco culpada por estar longe dela durante quase todo o dia. "Milhões de mães trabalham, você precisa se acostumar com isso, Carla" repetia como um mantra na minha cabeça.

Se eu ainda estivesse morando em São Paulo, eu estaria trabalhando na mesma escola e tendo que deixar minha filha aos cuidados da minha tia, que já estava bastante cansada. Pensar nela me fez lembrar que precisava ligar para dar notícias, então saí do quarto e fui até o meu pegando o celular dentro da bolsa e fazendo a chamada.

Marta: Carlinha, minha menina! — ouvi a voz da minha tia animada do outro lado — Que saudades!

Carla: Eu também estou morrendo de saudades, tia. — sentei-me na cama — Estou trabalhando agora, tenho andado pouco tempo em casa e durante a noite acabo passando com a Malu.

Marta: E como está minha sobrinha-neta?

Carla: Bem, cada dia cresce mais. Em breve vai estar andando. — contei animada por saber que minha filha logo estaria dando seus primeiros passinhos — Falando nisso, eu quero que a senhora venha me visitar em breve.

Marta: Eu vou adorar ir até aí ver pessoalmente como você e Malu estão, mas não quero atrapalhar.

Carla: Você não atrapalha, tia. Vai ser ótimo tê-la alguns dias aqui.

Um pouco mais de cinco minutos de conversa, consegui acalmar o coração da minha tia e matar um pouco a saudade. Ela contou sobre a vizinha e seu novo projeto social na igreja que frequentava, além de que começou a cantar no coral. Aproveitei que Malu ainda estava adormecida e liguei para Valéria. Eu precisava de um ombro amigo para contar o que havia acontecido naquela tarde. Quando estava quase desistindo e deixando uma mensagem na secretária eletrônica, ouvi a voz ofegante de Valéria do outro lado.

Valéria: Alô?

Carla: Oi, Val. — cumprimentei-a aliviada por ouvir uma voz amiga — Está tudo bem?

Valéria: Carlinha! — agora ela parecia mais recuperada — Está tudo bem sim, eu só vim correndo quando ouvi o telefone tocar, acabei de chegar em casa.

Carla: Estou atrapalhando você?

Valéria: Não, estou feliz que tenha ligado. Como está, Carlinha?

Carla: Bem. — suspirei — Só um pouco confusa.

Valéria: Com o quê?

Carla: Lembra que te contei sobre o Arthur? — perguntei recordando algumas conversas que tivemos por mensagem.

Quem é você, Arthur? Onde histórias criam vida. Descubra agora