Capítulo 74 :

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A porta se abriu e Arthur apareceu já com a gravata frouxa, alguns botões da camisa social abertos e o paletó na mão que foi logo descartado sobre a poltrona de couro.

Arthur: Falei com minha advogada, ela virá amanhã depois do almoço para conversamos pessoalmente sobre essa situação. — ele se aproximou e me deu um beijo no alto da cabeça — Por que não aproveita que Malu dormiu e toma um banho enquanto Beth te prepara um lanche?

Carla: Eu acho que é o melhor.

Arthur: Vá querida, enquanto isso ligarei para Olívia para saber o que ela fez com meus compromissos para esta tarde. — o senti alisar meu braço devagar enquanto me olhava preocupado — Está se sentindo melhor?

Carla: Depois de conversar com você e ver que está fazendo de tudo para me ajudar, me sinto mais segura.

Arthur: Jamais te deixaria sozinha, meu amor.

Seus lábios tocaram os meus com carinho e em seguida saí do quarto para levar Malu para seu berço e ir até meu banheiro tomar um banho para relaxar e tirar um pouco a tensão daquele dia. Arthur continuou em seu quarto e eu fiquei pensando sobre a reunião com a advogada. Se bem me lembrava, ele havia dito que ligaria para seu advogado. Mordi o lábio com aquela dúvida e decidi perguntar a ele quando saísse do banho. Sentir a água morna escorrer pelo meu corpo era revigorante, parecia que todo o peso daquele dia ia se esvaindo pelo ralo junto com a água. Molhei os cabelos, lavei-os com um delicioso shampoo com cheiro floral e enxaguei toda espuma deslizando a mão pelo meu corpo me sentindo novamente mais forte e pronta para enfrentar o que viesse.

Eu sabia que tinha Arthur ao meu lado e que seu apoio e sua ajuda eram o que me sustentariam para que não sucumbisse ao medo e a insegurança. Assim que terminei o banho, peguei minha toalha e sequei o corpo em seguida enrolei nos cabelos e peguei meu roupão atoalhado envolvendo todo o meu corpo. Meus olhos já não estavam mais avermelhados e agora conservavam um pequeno inchaço por conta do choro, mas este logo iria embora. Saí do banheiro e a cena que vi me deixou espantada e ao mesmo tempo emocionada.

Arthur em todo seu um metro e oitenta e três segurava Malu no colo, de uma maneira um pouco desajeitada devido sua falta de experiência, fazendo-a parecer ainda menor. Coloquei a mão sobre meu peito sentindo uma ternura naquele gesto. Ele me olhou um pouco sem graça, os olhos dele logo se voltaram para o chão e eu agarrei um pouco meu roupão para conter a vontade que tinha de correr e agarrá-lo me sentindo bastante feliz vendo-o ultrapassar mais uma linha que o separava da minha filha.

Arthur sem jeito era um tipo raro de se ver. Um homem como ele era sempre seguro de si e sustentava o olhar mesmo diante de toda fúria que tivesse que lidar. Vê-lo sem saber como agir me deixava ainda mais apaixonada, vendo-o como um ser humano normal que também tinha suas fraquezas.

Arthur: Ela estava chorando, você estava no banho e sua babá eletrônica ficou no meu quarto quando Beth entrou. Fiquei sem saber o que fazer e a peguei no colo e a trouxe para cá. — Arthur explicava um pouco sem graça olhando para pontos no chão sem me encarar.

Aproximei-me dele devagar e parei na sua frente. Não peguei Malu no colo, queria deixá-la mais tempo com Arthur para que ele pudesse sentir que era capaz de se aproximar e conviver com Malu ou qualquer outro bebê sem precisar pensar sobre sua esterilidade, sem sofrer com a angústia de não poder conceber uma criança. Levantei minha mão devagar e toquei sua barba fazendo com que me olhasse. Devagar, Arthur levantou a cabeça e seus olhos amendoados se cruzaram com os meus.

Carla: Ela parece que gostou de ficar no seu colo. Está calma e logo vai pegar no sono. — eu disse baixinho sem fazer menção de pegar Malu no colo, deixando-o ver que eu me sentia confortável em deixá-la nos braços dele.

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