Capítulo 8 :

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Por mais meia hora, a vendedora Larissa e Daniela me ajudaram a escolher algumas outras bolsas. Meu estômago começava a roncar e após Charles nos ajudar a guardar as sacolas, fomos até um restaurante italiano ali mesmo naquela calçada poucos passos adiante. Eu saboreei meu nhoque com molho de frango e senti meu estômago sorrir com o vinho sem álcool branco suave que o garçom nos indicará.

Houve mais uma maratona de compras em uma loja de jóias e na volta para casa eu tentava imaginar quantos mil havíamos gastado apenas naquela tarde. Quantos anos, ou melhor, quantas vidas eu ia precisar trabalhar como professora de jardim de infância para pagar tudo aquilo? Apenas Bairo poderia ter me dado aquela oportunidade. Espero não decepcioná-lo. Pensei enquanto via a Mercedes deslizando pelas ruas movimentadas do Rio de Janeiro enquanto o sol ainda brilhava por entre algumas nuvens.

Chegamos à mansão antes do final da tarde e quando Charles parou a Mercedes de frente para a porta de entrada, mas à frente eu pude ver que o carro de Arthur ainda não estava na garagem. Peguei Malu no colo e a levei para dentro, precisava lhe dar um banho e em seguida tomar um também. Charles com muita discrição, deixou todas as sacolas no meu quarto e antes de subir as escadas agradeci à Daniela pela ajuda. Ela era muito simpática e graças à sua cordialidade eu me sentia mais à vontade naquela mansão.

Ao contrário dela, Arthur era um poço de frieza e praticamente ignorava minha presença ali dentro. Eu não me deixaria intimidar diante daquela pose rígida, Bairo me ensinou muita coisa antes de partir e eu não faria desfeita à sua imagem agora. Era a hora de pôr em prática aquilo que aprendi, e uma delas era saber encarar de cabeça erguida e desafiá-lo sem sair correndo como um cachorrinho assustado. Aquilo também se aplicaria a todas as pessoas naquele meio. Eu não deixaria que me olhassem de maneira inferior como fizeram no jantar. Ser uma Carla forte era o que meu grande amigo Bairo queria e eu dei o primeiro passo para demonstrar aquilo quando encarei a gravidez sem precisar do estúpido do meu ex-namorado.

Após dar um banho em Malu e colocá-la para dormir, fui até meu quarto e tomei um delicioso banho quente, colocando uma calça azul marinho de pano, um sutiã branco para sustentar meus seios ainda mais cheios por conta da amamentação e uma blusinha branca simples. Olhei para as sacolas no canto do quarto e me aproximei devagar. Abri uma por uma sem me atrever a tocar algo que tivesse comprado. Aquilo era um sonho que se tornou realidade graças a Bairo. Eu sentia muita falta dele, eu ainda tinha o hábito de olhar as notícias sobre beisebol como que para manter uma parte dele ainda viva. Lembrei que precisava ligar para minha amiga Valéria, então fui até minha bolsa e peguei o celular. Por sorte ela logo atendeu e eu senti meu coração se aquecer diante daquela voz familiar, foi quando percebi que sentia falta de São Paulo e da vida pacata que levava lá.

Valéria: Carla, pelo amor de Deus! Você quase me matou de preocupação! — ouvi a voz dela nervosa, mas ao mesmo tempo aliviada — Eu tentei te ligar algumas vezes, mas sempre dava desligado.

Carla:  Me desculpe, Val. — suspirei e me sentei no chão ao lado das sacolas — A verdade é que minha vida ainda está um pouco confusa, não conseguir por a cabeça no lugar e me adaptar totalmente. Às vezes esqueço que tenho um telefone já que não uso mais pra falar com você e marcamos de comer uma pizza ou ligar para Bairo e perguntar como as coisas estão.

Valéria:  Como se sente em relação a ele agora? — senti compaixão em sua voz e isso me acalmou de alguma forma.

Carla:  Algumas vezes sinto sua falta, mas também o sinto muito presente, procuro sempre lembrar o que ele me dizia. Sabe que ele foi o avô que nunca tive.

Valéria:  Eu sei. Eu gostava dele também e pelo visto ele também te via como uma neta, porque deixou uma fortuna para você. — eu ouvi o barulho de panelas e deduzi que Valéria estava tentando fazer algo na cozinha, mas ela não tinha muitas habilidades culinárias — Mas me conte, como estão as coisas aí? E a família Picolé como é?

Quem é você, Arthur? Onde histórias criam vida. Descubra agora