Capítulo 13 :

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Arthur: Carla, conversei com Olivia hoje, pedi para que ela te ensine a organizar os documentos e pastas, a atender o telefone e anotar os recados. O resto ficará por minha conta, conversarei com você em particular na minha sala sobre o resto das suas funções. — ouvi Arthur me falar com sua voz autoritária que tinha total efeito sobre mim.

Carla: Tudo bem. — apenas concordei e vi Beth entrando na sala de jantar para retirar os pratos.

Beth: Vou trazer a sobremesa, Sr. Picoli. Fiz um petit gateau de chocolate.

Arthur: Obrigado, Beth.

Novamente fui dominada por pensamentos que giravam em torno de Arthur e de como seria trabalhar com ele. Será que eu aceitaria suas ordens sem questionar? Eu sentia os efeitos que ele tinha sobre mim, aquele ar de homem poderoso era capaz de me excitar, mas eu começava a ficar tentada em lhe desafiar. Como ele reagiria?

Remexi-me na cadeira começando a sentir meu corpo ficando inquieto imaginando como ele reagiria quando realmente estivesse com raiva. Respirei fundo tentando me controlar e deixar de lado aqueles pensamentos que poderiam acabar me traindo ali na presença de Arthur. Eu estava atraída por ele, isso era um fato do qual já não podia lutar.

Assim que acabou o jantar, eu subi para ver se Malu estava bem e me tranquei em meu quarto para ligar para minha tia e mandar um e-mail para Valéria. Por sorte minha tia estava bem, conversei com ela cerca de cinco minutos garantindo que tudo ia bem comigo e que Malu estava cada vez melhor e mais crescida.

Desliguei a ligação me sentindo um pouco nostálgica, lembrando-me de como era a vida no interior de São Paulo. Sem roupas de estilistas famosos, sem uma mansão em uma área nobre e sem festas glamourosas nos jardins. Aquilo ainda era um pouco diferente para mim, mas eu não podia negar que gostava de usar lindos vestidos e me sentir poderosa naqueles sapatos de salto alto. Liguei o notebook em cima da escrivaninha de madeira no canto esquerdo do meu quarto e comecei a digitar um breve e-mail para minha amiga.

" Olá, Val! Que saudade de você. Tem sido um pouco complicado não ter você para conversar sobre tudo o que está acontecendo. Sei que a vida tem sido um pouco tumultuada aí e aqui não é diferente. Mas eu adoraria te ligar para contar as novidades e pedir uma opinião sincera. Preciso tanto desabafar! Vou te ligar no fim de semana, assim teremos mais tempo para colocar a conversa em dia. Espero que tudo esteja bem por aí, se cuida! Beijos!"

Li o pequeno texto que escrevi e cliquei no botão de enviar. Agora eu me sentia melhor, estava deixando minha amiga de lado e não queria que isso acontecesse. Eu prometi a Valéria que por mais que minha vida fosse diferente, jamais a abandonaria. Ela era como uma irmã para mim e eu precisava muito conversar sobre essa atração que sentia por Arthur.

Valéria sempre tinha um bom conselho ou dizia algo engraçado que me fazia relaxar. Deixando o computador de lado, fui para o banheiro tomar um delicioso banho e me jogar debaixo das cobertas. Eu precisava acordar cedo no dia seguinte para mais uma manhã de trabalho.

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Dentro da empresa, eu assimilava tudo o que Olivia me explicava. Era um pouco complicado entender cada um daqueles detalhes, mas eu estava confiante. O fato de poder trabalhar e encontrar uma ocupação para não ficar sendo apenas um peso dentro daquela mansão, me dava forças para tentar aprender tudo o que Olivia, de maneira muito paciente, me ensinava.

Eu vi como agendar seus compromissos, anotar recados, a maneira como deveria atender ao telefone e organizar as pastas e documentos. Arthur me chamou em sua sala perto da hora do almoço e eu respirei fundo, antes de me dirigir ao corredor que dava para a grande porta de maneira.

Entrei na sala logo após bater à porta e senti um arrepio percorrer meu corpo, sentindo os efeitos imediatos da presença dele naquele lugar. Arthur estava sentado à mesa, recostado em sua cadeira de couro girando uma caneta dourada segurando em cada extremidade com a ponta dos dedos. Ele me olhava fixamente e indicou a cadeira à sua frente fazendo apenas um movimento com a cabeça e eu me aproximei após passar as mãos sobre minha saia lápis cinza escura com riscas de giz.

Assim que me acomodei, olhei em seus olhos e por um momento achei que tivesse visto um brilho diferente, algo que jamais tinha percebido, mas se realmente eu estivesse certa, esse lampejo foi embora tão rápido quanto veio.

Carla: O que gostaria de falar comigo, Sr. Picoli? — coloquei as mãos sobre o colo com os dedos entrelaçados mantendo a hierarquia no trabalho.

Arthur: Olivia já te explicou tudo sobre minha agenda? — ele deixou a caneta sobre a mesa devagar sem tirar os olhos de mim.

Carla: Sim, ela me explicou tudo.

Arthur: Ótimo. Você se sente segura para estar no lugar dela na semana que vem?

Carla: Eu tenho certeza de que posso dar conta de ser sua secretária. — tentei ser o mais firme possível, tentando oprimir o desejo que estava sentindo por ele naquele momento.

Arthur: Então vamos conversar sobre o que eu quero, Carla. — Arthur ajeitou sua gravata verde musgo e descansou os braços na cadeira — Nem sempre quero ser incomodado, então você terá que ser firme diante da insistência de alguém que quer falar comigo. Há também momentos em que alguma mulher pode aparecer de surpresa aqui na empresa, se eu não permitir a entrada, quero que você se livre dela o mais rápido possível. Eu não gosto de me atrasar em reuniões, portanto jamais se confunda com os horários da minha agenda. Fui claro?

Carla: Perfeitamente. — assenti sem conseguir deixar de pensar se mulheres iriam até ali com muita frequência.

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