Cap 5

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Depois de passar o meu domingo inteiro em estado vegetativo, e com o meu celular desligado, acordei naquela segunda-feira me sentindo um verdadeiro pedaço de lixo reciclado. A maquiagem foi criada por alguma pessoa de muito bom coração, obrigada, anjo! Sem você, provavelmente estariam pensando que eu sou uma espécie de zumbi.

As portas do elevador abriram e entrei sentindo um cheiro amadeirado e maravilhoso que só o nosso andar tem, cheiro de loja de rico. Mas ao contrário dos demais dias, silêncio absoluto. Sem a senhora Miller, e sem Ângela, confesso isso aqui fica em um vazio absurdo, e tenho certeza que as horas vão se arrastar lentamente sem me deixar esquecer do desastre que foi o meu final de sábado. Liguei o celular, e recebi um monte de mensagens da Paula, e também da Júlia. Eu exagerei? Talvez! Vou dar o braço a torcer? Não!

Coloquei uma xícara na máquina de café expresso, e tomei meu café fumegante enquanto o computador ligava. O telefone começou a tocar e atendi rapidamente, era Ângela.

— Bom dia, Mari. Tudo bem por aí? — Perguntou de um local completamente silencioso. Aposto que está no quarto de hotel.

— Bom dia, Ângela, tudo sim. Precisa de alguma coisa? — O computador ligou e coloquei minha senha enquanto prestava atenção na ligação.

— Preciso sim. Lembra do cofre? Coloca sua senha, debaixo de uma pasta preta tem a chave da sala da Sarah, vou te passar as instruções.

— Ok. — Disse me levantando ainda com o telefone grudado na orelha. — Uma chave grande e dourada, né?

— Isso. Você abre a porta, e tranca enquanto estiver na sala dela para evitar que alguém entre. — Me alertou.

— Entrei. O que devo procurar? — A sala da senhora Miller estava organizada e tinha seu cheiro, um cheiro adocicado e suave.

— Você vai colocar a senha 7759 para abrir a terceira gaveta da mesa dela, você vai encontrar uma pasta arquivo com alguns contratos assinados. Veja o contrato da empresa Sierra, me confirme a data de renovação do contrato, e o valor.

— Data, cinco de janeiro de 2021, valor, meio milhão de dólares. — Caralho, quê?

— Ótimo, anotei aqui. — Fez uma pausa. — Ferdinand Meirelles, da empresa Alba, veja no contrato dele a numeração do lote das esmeraldas.

Meus olhos percorreram com nervosismo as informações, não sei se pelo lugar que eu estava, ou porque me sentei na cadeira confortável da minha chefe, mas minhas mãos tremiam a todo instante, e as pontas dos dedos suavam.

— A senhora Miller sabe que estou na sala dela? — Arqueei a sobrancelha respirando nervosa, e ouvi uma risada leve de minha colega de trabalho.

— Claro que sim! Sei que são informações muito sigilosas, por isso mesmo que nosso contrato de trabalho tem mais de vinte folhas de exigências. — Realmente, lembro que quando assinei, eu estava em dúvida se eu estava assinando um contrato de trabalho, ou o financiamento de uma casa.

— Achei, posso falar? — Perguntei.

— Sim.

— Esmeraldas: A1548, A8547, C9214, H0265, S8765. — Ela repetiu cada uma se certificando que anotou corretamente.

— Era só isso, coloque tudo no lugar. — Disse ela com calma. — E não esqueça de revisar os contratos com o setor jurídico hoje, se possível ainda pela manhã, e aconselho a enviar o e-mail para Sarah ao finalizar. É sempre melhor se antecipar do que esperar pela ligação dela cobrando, digo por experiência própria. Qualquer coisa me liga. Bom dia de trabalho. — Disse rapidamente desligando em seguida. 

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