Cap 25

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Uma ressaca daquelas me fez acordar indo direto para o banheiro vomitar. Eu lavei a boca e me olhei no espelho, o meu semblante estava péssimo. Escovei os dentes e encarei a janela. Chovia forte lá fora, o céu estava nublado e fazia um pouco de frio. Entrei na cozinha e vi Júlia tomando café enquanto assistia sua série favorita, que inclusive parecia nunca ter fim, já que aparentemente tem mais de treze temporadas. Ela olhou para mim e pausou a série.

— Bom dia. Está tudo bem? — Eu concordei pegando uma xícara de café.

— Estou com uma ressaca terrível. Eu sou fraca pra uísque, não sei porque inventei de tomar aquela droga. — Ela me observou em silêncio.

— Chegou uma entrega pra você. — Disse apontando para o sofá, e segui o olhar em direção.

Me levantei e caminhei até o sofá vendo a caixa marfim do ateliê da Shirley. A Sarah é muito audaciosa mesmo em achar que ela me manda uma roupinha, e vou correndo usar para me encontrar com ela. Abri a caixa pegando um vestido vermelho longo, com alguns detalhes brilhantes, e como sempre, de muito bom gosto. Peguei meu celular no quarto e vi que tinha uma mensagem dela marcando nosso jantar para hoje às 20h. Eu sorri voltando a me sentar.

— Vai sair com ela? — Eu neguei e levei um bolinho a boca mastigando calmamente sendo observada pela minha amiga. — Vai avisar que não vai?

— Nosso jantar de hoje é algo que nunca foi combinado entre nós, portanto não me vejo na obrigação de avisá-la que não estarei presente. — Júlia se levantou arrumando a cozinha e continuei a comer pensativa. — E você? Não tenho visto sair com ninguém ultimamente. Não vai me dizer que voltou com o Léo. — Ela se virou me encarando e negando.

— Por que eu voltaria para alguém que me traiu? Eu tenho amor próprio, mereço muito mais do que ele pode me oferecer. — Ela voltou ao que estava fazendo e continuou. — Estou solteira, não sozinha. Às vezes encontro uma ou outra diversão. Você só vai me ver em um relacionamento agora se valer muito a pena.

Eu sorri pegando a indireta no ar. Eu sei que ela tem seus motivos para não gostar da minha relação com a Paula, e não a julgo por isso. O que temos é difícil de entender, até mesmo para mim, quanto mais para quem está de fora. E inclusive não consigo nem pensar sobre essa confusão toda em que Paula me meteu, e ainda não consegui engolir essa história, e nem sei se um dia vou.

Eu estava de olhos fechados e com bastante dor de cabeça quando vi que alguém entrava no quarto. Paula se aproximou e me beijou com carinho, mantendo uma distância razoável em seguida para me olhar. Eu me sentei olhando para o relógio na mesa de cabeceira, já se aproximava do horário do almoço, embora eu não estivesse com fome.

— Está tudo bem? — Eu concordei com um aceno.

— Só um pouco de ressaca. — Ela sorriu e me encarou.

— Vim te buscar para almoçar, tenho uma coisa para te mostrar. — Eu olhei para ela sem muita coragem para sair de casa. — Por favor, é importante para mim.

Vencida pelo cansaço resolvi ir, até porque em casa eu provavelmente passaria o dia todo na cama sem comer absolutamente nada. Decidimos ir ao restaurante de sempre, fizemos os pedidos enquanto ela falava com empolgação sobre o primeiro show da banda em outro país. Tudo isso era algo que nem eu conseguia entender como ela estava conseguindo alavancar a carreira tão rápido, não que a banda não tivesse talento suficiente para isso, mas sei que as coisas não funcionam com tanta agilidade como está sendo. Ninguém fica famoso do dia para a noite.

Depois do nosso almoço saímos, ela queria me mostrar algo, e parecia bem empolgada com as novidades da banda. Desci do carro, e ela desceu em seguida. Entramos em um galpão e ela agarrou minha mão me puxando para dentro.

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