Cap 26

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A porta da sala foi aberta de uma vez,  e olhei de relance para Sarah, que não tirava os olhos da minha mesa, mais precisamente da carta que estava ainda na minha mão. E é exatamente em momentos assim, que acredito que ela está me vigiando algumas vezes. Pode até parecer uma teoria da conspiração, ou não.

— Marília? — Sarah estava em pé ao meu lado, e eu permanecia sem reação. — O que é isso? — Ela olhava para minha mão que ainda segurava a carta, e sem pensar muito, eu estiquei a folha para ela.

Com um pouco de insistência, aceitei ir para a sala dela para conversarmos. Sarah me encarou e me devolveu a folha se sentando de frente para mim no sofá de couro disposto em um canto da sala.

— Eu posso te ajudar a descobrir quem te mandou isso, e também se o que está escrito aí é verdade — Ela me encarou com seriedade, e eu fiz uma pausa.

— Não precisa. Não me interessa saber quem mandou. — Menti na intenção de deixá-la fora do caso. — Estou aqui por outro motivo. — Respondi.

— Marília... — Eu sei que dizer que não quero, pode não surtir nenhum efeito, já que ela parece decidida a procurar respostas sobre esse assunto..

— Nós vamos conversar, ou não? — Ela assentiu vendo que eu provavelmente não iria ceder.

— Tudo bem, deixamos esse assunto de lado, por enquanto. — Avisou olhando nos meus olhos, como se estivesse me avisando que não deixaria essa história sem uma investigação.

Sarah se levantou e colocou um pouco de bebida para ela, acendeu um cigarro encostada elegantemente na janela aberta, e me olhou, deu um trago e soltou a fumaça para fora voltando atenção para mim. A desgraçada era tão sexy, que se eu não fosse um pouco esperta, eu seria facilmente manipulada por ela.

— Não quero mais que vá ao clube sem mim. — Começou dizendo, e eu sorri sem desgrudar os olhos dela.

— Se quiser impedir isso, vai ter que cancelar o meu acesso. — Avisei vendo-a de mau humor, tomando mais um pouco de sua bebida. — Mas já vou avisando que se eu não puder frequentar o seu clube, eu vou frequentar a concorrência. — Obviamente era um blefe, eu nem sabia se existiam outros clubes na cidade, ou aonde estavam localizados, mas o meu blefe foi tão certeiro, que quase vi ela tirar os saltos para bater em mim. O que seria bem divertido.

— O seu atrevimento é algo que vai te colocar em perigo. A cada provocação sua, a minha mão coça para te castigar. — Avisou, me arrancando um sorriso.

— Eu sei, se não fosse assim, você não seria uma sádica. — Ela não tinha senso de humor, e parecia cada vez mais irritada. — Eu sei que desmarcou os nossos compromissos por ciúmes, eu sei que acreditou na mentira plantada pela imprensa sobre o meu noivado com a Paula, mas eu fui até lá para conversar com você e esclarecer.

— O clube não é o lugar pra isso. — Avisou sem paciência.

— Aprenda atender o seu telefone então. — Avisei. — Eu não fiz nada para ser ignorada por você, se você não sabe falar sobre algo que te incomoda, deveria procurar terapia para trabalhar isso.

— Maldita brat. — Eu sorri entendendo agora exatamente sobre o que ela se referia.

— É melhor conversar comigo, do que tirar suas próprias conclusões, não acha? — Ela apagou o cigarro tomando o último gole de sua bebida se aproximando de mim.

— Você está muito indisciplinada. — Disse encarando o meu corpo. — Não vejo a hora de te ensinar bons modos. — Nossa senhora das dominadoras, que mulher!

— E a você? Quem ensina? — Tudo bem, talvez eu quisesse umas palmadas mesmo, preciso admitir.

Sarah sentou no meu colo apertando meu queixo sem qualquer delicadeza. Ela mordeu o meu lábio e senti o cheiro do álcool impregnado, deixando-a um pouco mais sensual. A maldita prendeu os meus cabelos em sua mão, beijando o meu pescoço e subindo até o lóbulo da minha orelha, mordendo ali com um pouco mais de força, recebendo um gemido de dor como resposta.

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