Cap 1

5.5K 276 79
                                    

Depois de uma noite mal dormida, custei abrir os olhos naquela manhã, meus dias de férias estavam acabando, e eu precisava admitir a mim mesma, que essa minha rotina maluca de ir dormir tarde e acordar ainda mais tarde, ia me prejudicar muito quando eu precisasse de fato voltar para a empresa. Não que eu não goste do meu trabalho, muito pelo contrário, sempre desejei trabalhar em uma empresa conceituada como a Miller company group, e confesso que foi um processo seletivo extremamente rigoroso para conseguir ser aceita, e hoje me sinto satisfeita por ocupar um cargo razoável na companhia.

Não era muito difícil descobrir quem estava na minha porta tão cedo, Júlia era insistente, e quando eu não a respondia de imediato, ela dava um jeito de me encontrar até debaixo das pedras se possível. Ela me encarou assim que abri a porta balançando dois ingressos em suas mãos.

— Bom dia! — Disse enquanto caminhava sonolenta para a cozinha em busca de algo descente para aliviar a minha fome, ignorando-a.

— Bom dia, Marília, vim te convocar para irmos hoje à noite na inauguração de uma casa de shows de um amigo, aquela banda vai tocar, Club 100.

— Ah. — Foi tudo o que consegui dizer enquanto despejava água quente para fazer o meu café. — Não estou muito afim não, Júlia, e se você convidasse o insuportável do seu namorado? Programinha de casal e tal.

— Ex-namorado. — Me corrigiu. — Terminei com Tiago.

— Interessante, mas você também terminou com ele outras quatro vezes só esse ano que eu me lembre. — Respondi entediada com a mesma ladainha de sempre.

— Agora é diferente. — Disse se justificando. — Mas não estou aqui para falar sobre isso, às 21h passo por aqui, esteja pronta.

— Você não vai desistir, não é? — Eu a encarei tomando um gole do meu café sem açúcar.

— Não, você ainda está de férias, não tem desculpas. — Ela apontou para mim, e saiu após jogar um beijo no ar.

Assim que ela se foi, eu me sentei ainda agarrada a minha xícara de café, fiquei pensativa sobre o que vestir, ou em qual desculpa usar dessa vez para me fingir de morta e não ir a esse show. Tudo bem, talvez eu devesse admitir que a preguiça me dominava nesses últimos dias de férias. 

Tirei um cochilo no fim da tarde, e me arrastei lentamente para o banho, meus cabelos estavam bagunçados e meu rosto com algumas olheiras que eu rapidamente corrigiria com algum produto milagroso. Me vesti e fiz o melhor que pude, lutando contra a vontade absurda de ficar em casa.

— Muito bem, você está linda. — Júlia sorriu ao me ver entrando em seu carro.

— Obrigada, mas fique sabendo que essa é a última saída nas minhas férias, e nem adianta retrucar, quero descansar o suficiente porque meu dia a dia naquela empresa não é nada fácil. Esse é meu último fim de semana em casa, poxa. — Reclamei o quanto pude para ver se ela me deixava quietinha nos próximos dias.

— Tudo bem, relaxa, prometo que não te chamarei mais... esse final de semana. — Disse ela sorrindo e aumentando o som do carro.

Estacionamos e descemos, Júlia se adiantou entregando os nossos ingressos e me puxando para o interior da festa, entramos em uma área Vip com poucas pessoas, e me senti satisfeita ao ver um sofá amplo, sim, talvez eu seja velha demais para festas desse tipo, eu gosto mais de uma programação em casa, com um filminho água com açúcar, petiscos, e uma boa cerveja gelada. Me sentei no sofá e recebi um olhar intimidador da Júlia, ela saiu dançando ao som da música eletrônica que tocava, aos poucos, aquele local começava a ficar cheio.

— Seu mal é a sobriedade. — Disse me entregando um copo com alguma bebida vermelha de frutas. — Beba, vai te animar. — Não respondi, eu realmente deveria beber alguma coisa, caso quisesse passar mais do que uma, ou duas horas sem decidir voltar para casa.

Entre nós Onde histórias criam vida. Descubra agora