Cap 6

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Os dias passaram ainda mais rápido do que eu esperava. O volume de trabalho era tanto, que até no final de semana eu precisei resolver alguns problemas na empresa, obviamente com autorização da Sarah, e recebendo muito bem para isso. Ângela chegou sorridente como em todos os dias, ela me entregou uma agenda colorida que trouxe de viagem e me adiantou detalhes de como foi tudo.

Paula e eu, não nos vimos mais. Ela viajou com a banda, e está com uma agenda repleta de shows, o que para mim é maravilhoso, já que eu ainda não tenho uma resposta para ela. Não que eu não tenha pensado, aliás, eu só fiz pensar sobre isso nos últimos dias, mas sem chegar em uma conclusão.

— Mari? — Olhei para Ângela enquanto tomava um pouco da minha água.

— Oi, não escutei, perdão. — Me justifiquei.

— Você já enviou todas as suas documentações para o RH? Seu visto e passaporte precisam estar atualizados, a próxima viagem é você quem vai. — Me alertou e respirei fundo nervosa.

— Paris em quinze dias? — Perguntei por já ter verificado a agenda das próximas viagens.

— Sim, Paris e Versalhes. — Eu arregalei os olhos e ela sorriu. — Tem períodos mais calmos, outros como esse, mais movimentados. Não esqueça de verificar tudo. Sério, você não faz ideia de como a Sarah fica quando algum imprevisto acontece, ela sempre tem absolutamente tudo sob controle.

— Por sorte já está tudo certo. Eu recebi o e-mail de confirmação no início da semana. — Respondi.

Abri uma pastilha de hortelã e me concentrei no trabalho. Apesar de já ter aprendido muito, e ainda mais no período em que  Ângela estava ausente, era óbvio que me sentia muito mais segura com ela ao meu lado. Ela tinha, além de muita experiência, paciência de sobra para responder os meus questionamentos bobos quantas vezes forem necessárias.

— Mari, a Sarah pediu para você ir até a sala dela. — Disse assim que estava voltando do setor de faturamento. Olhei para  Ângela surpresa, mas nada disse, deixei os relatórios na minha mesa e fui ver o que minha chefe queria.

Ansiedade dos infernos, preciso admitir que estou nervosa. Em fração de segundos, eu conseguia criar teorias absurdas na minha mente, desde que não fechei sua gaveta, que esqueci a porta de sua sala aberta, ou até mesmo que algo valioso de sua decoração desapareceu, e obviamente a culpa é minha já que eu fui a única que entrei em sua sala durante a viagem.

— Senhora Miller, pediu para me chamar? — Meus joelhos tremiam tanto, que eu tinha a impressão que ela ia perceber em algum momento.

— Acho que isso te pertence. — Com o semblante sério, ela me esticou a minha gargantilha com seus dedos longos e pude reparar em suas unhas bem cuidadas e pintadas de uma cor clara. Seus olhos acinzentados percorreram o meu corpo de uma forma tão intensa, que me perguntei mentalmente se tinha alguma coisa errada com minha roupa, ou se o meu decote estava um pouco maior do que deveria.

— Nossa. — Respirei nervosa e peguei de sua mão, tentando inútilmente não tocá-la mais do que o necessário. — Obrigada, procurei muito, não fazia ideia de que tinha caído aqui. Obrigada mais uma vez.

— Por nada. — Respondeu encarando o celular que tocava, e atendendo em seguida, no mesmo instante em que saí dali quase sem fôlego.

Sarah Miller é realmente uma mulher marcante. Ela tem um ar de arrogância, mas é algo tão envolvente, que por segundos perco até a noção de quem sou. Será que é normal ficar tão nervosa diante de uma mulher imponente como ela? É óbvio, uma mulher assim, milionária, linda, poderosa, pelo amor de Deus, não é comum para nós, apenas reles mortais.

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