Cap 46

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Chegamos em um dos restaurantes mais belos de Paris. Ele fica localizado em frente ao Champs-Elysées e tem vista também para a Torre Eiffel. O seu interior minimalista e moderno, era graciosamente decorado em tons de branco e preto, o que lhe dava um ar de aconchego. Sarah pediu a carta de vinhos, e fez o seu pedido rapidamente sem pensar muito. A música ambiente me ajudou a destravar um pouco, embora o nervosismo ainda estivesse presente em cada célula do meu corpo.

— Mari, você foi incrível, estou orgulhosa de você. — Iniciou ela se referindo sobre a minha apresentação.

Nós conversamos por um longo tempo sobre o evento, trabalho, e sobre as oportunidades de mercado. Ela tinha muito mais experiência do que eu, e suas opiniões eram valiosíssimas para mim. Ela me orientou como negociar de forma satisfatória com cada investidor que propôs uma reunião comigo essa noite, por já conhecê-los muito bem. Pedimos algumas entradinhas e ficamos provando alguns tipos de vinhos

— E sobre nós? — Um silêncio se instalou em nossa mesa, enquanto eu pensava em sua resposta.

— Eu confesso ter medo. — Admiti e tomei um gole da minha bebida. — Nem sempre o que sentimos é suficiente.

— Eu estou disposta a fazer dar certo...

— Está disposta a abrir mão da sua autoridade quando necessário? — Ela me olhou surpresa pelo meu tom de voz, e continuei. — Está disposta a passar por cima do seu ego e começar a olhar para mim de igual pra igual? O seu desejo em me ter de volta, está acima da sua vaidade?

— Mari, você tem razão em estar magoada pela forma que agi, e sim, eu estou disposta a te ouvir e te priorizar. — Eu assenti pensativa, ela parecia sincera, ou eu queria muito que ela estivesse sendo.

— Sobre a sua nova assistente, está acontecendo algo entre vocês? — Sim, talvez eu estivesse disposta a testá-la antes mesmo de embarcar novamente nessa relação turbulenta.

— Da minha parte, não. — Ela respondeu sem hesitar. — Mas eu já percebi comportamentos inapropriados vindo dela. E já tomei as devidas providências.

— Trazendo ela para Paris com você? — A Sarah deixou um sorriso escapar, talvez o meu ciúmes escancarado seja divertido.

— Eu só percebi durante a viagem. O dia a dia é corrido, você conhece bem a minha rotina. — Tentou se defender e me mantive calada aguardando uma explicação. — Ela é uma excelente funcionária, e tem um currículo muito interessante...

— Eu já ouvi essa história... — Tentei falar, mas ela me cortou.

— Você trabalhou por muitos anos na Miller; e não tinha o menor contato comigo. Você sabe que em alguns setores eu tenho apenas acesso aos gerentes e responsáveis, acredito que acontece da mesma forma na Mazza, estou enganada? — Eu neguei e ela sorriu. — Surgiu uma vaga no setor administrativo, e assim que voltarmos para o Brasil, ela vai ser transferida.

— Ela já sabe? — Sarah acenou afirmativamente.

— Sim, ela já está ciente. — Ela tocou o dorso da minha mão com carinho e senti o meu corpo todo arrepiar. — Vamos tentar de novo, podemos reestruturar nosso contrato, negociar novamente os termos, flexibilizar o que for necessário.

— Tudo bem, senhora Miller. — Um sorriso sádico surgiu em seus lábios, e podia jurar que ela contava os segundos para me castigar por todas as coisas que fiz nesse período em que estávamos separadas, e isso abrange seu carro vandalizado e a sessão com a Lara no clube. — Vamos ver se você está preparada para ter sua brat de volta.

— Ah, é um jogo então? — Perguntou sem acreditar.

— Talvez seja... está disposta a perder para mim? — Devolvi a pergunta e ela fez sinal para o garçom trazer a conta.

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