Cap 31

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Paula tentou me ligar pela manhã, e eu sequer consigo imaginar o que ela tem a dizer depois de ter sido desmascarada. Seria um pedido de desculpas? Espero que sim, por mais escrota que tenham sido suas atitudes, eu ficaria satisfeita se ela tivesse o mínimo de caráter para assumir seus erros, e me pedir perdão pelo que fez. Esse é o mínimo que eu poderia esperar dela, embora o meu sexto sentido seja explícito em saber que é muito mais fácil ela criar uma história mirabolante para justificar o que é injustificável.

O dia foi bastante movimentado. Trabalhei durante toda manhã, e à tarde passei no ateliê para pegar as roupas e organizar minhas malas para a viagem. Julia me contou com detalhes como sua noite finalizou enquanto me ajudava. E confesso que eu estava ansiosa para a sessão de logo mais, e me distrair com outras coisas me parecia a melhor opção.

Coloquei as malas no carro, encarei o relógio, e vi que eu ainda tinha algum tempo. Me sentei, liguei o som e fiquei por alguns minutos tentando me acalmar. Tudo bem, preciso confessar que tenho medo sempre que sei que teremos uma sessão. Não tem como evitar, é uma linha tênue entre o prazer e a dor, e algumas vezes tenho receio de me machucar de verdade. Eu sei que minha obrigação é sinalizar os meus limites, e também sei que ela não teria coragem de ultrapassá-los, mas em um jogo como esse, nem sempre as regras são suficientes.

Encarei meu vestido pink soltinho e confortável, talvez ela esperasse algo mais sexy para essa noite, mas definitivamente meu nervosismo não me deixou pensar em nada melhor. Eu ainda estava me adaptando ao carro, eu preferia certamente que fosse algo mais simples, um Jeep Renegade por exemplo? Sou tão satisfeita com o meu palio antigo, não vejo necessidade alguma de ficar esbanjando um carro desse tipo por aí, sendo que meu salário não paga nem as rodas.

Um pouco antes das 19h eu estacionei na garagem, tirei as malas e entrei. Sarah me viu e encarou o relógio. Será que ela já não tem motivos suficientes para me bater? Sinto muito, mas dessa vez ela perdeu a oportunidade, eu geralmente sou bem pontual, e não estava muito afim de aumentar a minha lista de débitos que convenhamos, já está bem extensa.

— Não foi dessa vez. — Me aproximei beijando-a e recebendo dela um sorriso bonito. — Eu sou bem pontual.

— Isso é ótimo. — Respondeu, me observando.

Eu subi deixando minhas coisas no meu quarto, e arrumei os cabelos de frente para o espelho. Sarah entrou e abraçou minha cintura por trás. Eu amava o seu cheiro de banho recém tomado, e a forma que seus olhos brilhavam quando ela olhava para mim, eu adorava sentir seu toque possessivo, e o jeito que ela me mostrava que eu era dela, sem precisar dizer nenhuma palavra.

O jantar estava delicioso, Sarah cozinha divinamente bem. Ficamos um tempo na sala conversando enquanto ela resolvia algumas pendências antes da nossa viagem. Eu me deitei no sofá com a cabeça no seu colo, e ela fazia um carinho gostoso no meu cabelo. Às vezes, suas personalidades divergiam entre si, em momentos como esse, era improvável imaginar que ela possa ser uma sádica e usar todos aqueles apetrechos de tortura que ela costuma usar, seu lado controlador parece nem existir, dando espaço para uma mulher extremamente carinhosa e maravilhosa.

— Me espere no quarto. — Disse apontando em direção a biblioteca. — Não demoro. — Disse me beijando e indo guardar seu Ipad.

Eu caminhei lentamente até lá, o ar condicionado ligado fez minha pele inteira se arrepiar, ou era apenas fruto do meu nervosismo, não faço ideia. Tirei as roupas colocando-as no gancho ao lado da porta, e me aproximei do quadrado branco sinalizado no chão. Respirei fundo tentando me acalmar, percebendo o quanto eu estava nervosa dessa vez, e com as mãos molhadas de suor. Sequei-as na minha própria coxa, e tentei me concentrar, ouvindo os seus saltos se aproximando cada vez mais de mim.

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