Cap 24

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Eu estava no meu restaurante favorito enquanto encarava Paula sorridente. Ela parecia não se importar com as notícias que espalharam-se a cada segundo mais rápido tomando uma proporção gigantesca, e eu espero que ela tenha um ótimo motivo para isso.

— Da noite para o dia nos tornamos noivas, não é meu amor? — Eu arquei a sobrancelha esperando que ela concluísse. — As coisas aconteceram muito rápido, Evandro quase surtou com as fotos vazadas pensando que daria muito errado, e quando fomos ver, a repercussão foi muito positiva para a banda, e decidimos manter as especulações.

— Ah, vocês decidiram? Então funciona assim: uma foto comigo vaza na internet, as pessoas começam a especular, e você juntamente com o seu empresário decide se mantém ou nega as notícias de acordo com o tanto de dinheiro que vão receber com isso? — Seu semblante tencionou-se um pouco. Ela parecia não esperar a minha reação. — Eu sou o que, afinal? A peça chave para alavancar ou destruir a sua carreira?

— Mari, aqui não. — Ela tocou minha mão ao perceber que nos observavam, e me afastei.

— Eu não vou participar disso, Paula, sinto muito. — Eu me levantei rapidamente sendo seguida por ela. Senti suas mãos alcançarem meu braço e parei irritada. — Me solta.

— Me desculpa por não falar com você sobre isso antes, mas simplesmente não deu tempo. — Tentou se justificar, mas me virei irritada saindo dali.

Eu estava do lado de fora do restaurante quando Paula me puxou bruscamente pelo braço segurando os meus cabelos e me beijando. Eu estava irritada e tentei afastá-la de mim sem sucesso. Eu me sentia idiota em estar correspondendo seu beijo depois de tudo o que ela fez, e por fração de segundos consegui me afastar.

— Eu não vou aceitar ser usada por você dessa forma, Paula. Desde o início você deixou claro que não podia namorar por causa da banda, e agora que é conveniente você decide que é uma boa ideia fingir que somos noivas? — Ela se aproximou tocando a lateral do meu rosto com suas mãos e encarando os meus olhos.

— Não quero fingir nada, Mari. Eu quero de verdade que você seja minha noiva, eu amo você. — Eu a encarei surpresa sem acreditar no que eu ouvia vendo-a se ajoelhar abrindo uma caixinha com uma aliança. — Eu quero você na minha vida para sempre. — Algumas pessoas ao nosso redor nos observavam e fotografavam, e diante da pressão dos olhares e sussurros, eu assenti concordando, mesmo sabendo que eu estava agindo por impulso.

Fingi estar perfeitamente bem durante o nosso jantar, esperando o momento certo para colocar os pingos nos is. Entramos no carro e eu soltei o ar dos meus pulmões relaxando os ombros tensionados. Paula entrou e ligou o som, e eu desliguei tendo sua atenção. O clima estava tenso, pelo menos para mim. Eu precisava resolver de uma vez antes que as coisas ficassem ainda piores.

— Paula, não é isso o que eu quero. — Disse tirando a aliança e a deixando no carro, próximo ao seu celular. — Eu aceitei pela pressão das pessoas ao nosso redor, mas não é o que eu quero.

— Nada vai mudar entre nós se você aceitar, Mari. — Eu olhei pela janela e refleti por um momento.

— Um noivado é algo muito sério, pelo menos para mim é. E esse não é o momento para nenhuma de nós. — Ela assentiu em silêncio. — Espero que não decida mais nada ao meu respeito sem me comunicar antes. — Disse antes de abrir a porta do carro e sair, sem ao menos me despedir dela.

Tudo parecia potencializar o caos, e eu acreditava nunca mais ter uma vida comum novamente ao estar com a Paula. Assim que cheguei em casa me deparei com várias notícias, fotos, e vídeos da nossa discussão, do nosso beijo, e obviamente da troca de alianças. Júlia estava ironicamente em silêncio, como se entendesse que eu estava exausta demais para ouvir suas críticas ou conselhos de quem nunca apoiou minha relação com a Paula.

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