Cap 42

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— Eu sinto muito por tudo o que aconteceu. — Disse ela me fazendo sorrir. Eu me levantei e peguei um pouco de água, voltando a me sentar.

— E você demorou esse tempo todo para se arrepender do que fez? — Respondi com ironia.

— Muitas coisas aconteceram... — Eu sorri e a cortei.

— Sua moeda de troca acabou frustrando a sua turnê, não é? Ai você pensou: que tal tentar reconquistar aquela idiota pra conseguir de volta meu patrocínio. — Ela parecia chateada com a minha postura. — Porque assim que eu resolvi colocar um fim nessa palhaçada toda, me parece que quem estava patrocinando essa fanfic pública, resolveu cortar os custos...

— Você não sabe o que está dizendo. Eu cancelei a turnê porque precisei me ausentar da banda. — Ela acha mesmo que eu sou capaz de acreditar em alguma coisa vindo dela? — A minha mãe estava muito doente, e eu precisei me afastar para cuidar dela. Não me orgulho de não ter insistido em nós, ou tentar explicar o que talvez nem tenha explicação, mas eu não pude fazer muita coisa, eu precisei sair da cidade, e eu não podia deixar a minha mãe, ela é tudo para mim.

— O que houve? — Já era um pouco difícil conseguir acreditar na palavra dela, é péssimo quando perdemos a confiança em alguém.

— Minha mãe teve um AVC. Eu precisei largar tudo e cuidar dela, adiei muitas coisas por isso, inclusive a nossa conversa, principalmente porque eu sabia que você precisava de um tempo. — Ela fez uma pausa e continuou. — Olha, foi muito difícil para mim precisar ir e deixar tudo mal resolvido aqui, sei que você está com uma péssima visão sobre mim, mas eu também fui vítima. Eu fiz coisas das quais me arrependo, e faria tudo diferente se tivesse a oportunidade...

— O que você quer afinal? — Eu a cortei sem muita paciência em escutar suas justificativas sem fundamento. Eu não queria mais mentiras.

— Que me perdoe, que me dê uma nova chance de estar perto de você... — Eu sorri e a observei.

— Sabe, Paula, eu esperei muito por esse pedido formal de desculpas, não que alguma coisa fosse mudar, mas era o mínimo que eu esperava de você. — Ela me olhou atenta. — Entendo os seus problemas pessoais, mas jamais vou conseguir compreender como você pode dividir a cama comigo, e me apunhalar pelas costas diversas vezes. Eu não sou uma pessoa que guarda rancor, por isso não se preocupe, eu te perdoo, mas é apenas isso. O que quer que tenha acontecido entre nós, ficou no passado, eu já não posso mais confiar em você.

Paula ainda tentou justificar os seus erros, e colocar a culpa em outras pessoas, quando na verdade foi apenas ela quem decidiu agir com covardia, e quando ela percebeu que eu estava inflexível, ela resolveu ir embora, e eu agradeci por isso, reviver toda essa história não me fazia bem, vê-la agir como se tivesse feito algo banal, era surreal.

Quando cheguei do trabalho, Adam me esperava deitado no meu sofá e vendo TV. Eu procurei minha amiga e não a vi em lugar algum, deixei minhas coisas no quarto e voltei para a sala. Ele me viu e se sentou, apontando para que eu me sentasse ao lado dele, e assim fiz.

— Onde está a minha amiga? — Ele mudou de canal e encheu a mão com pipoca levando a boca.

— Ela quis ir para o salão, vamos sair para jantar. — Respondeu me esticando o balde de pipocas, e eu recusei. — Eu já nasci lindo, não preciso dessas coisas.

— Nossa, que autoestima! — Ele sorriu me ignorando.

— Minha querida, como você me explica estar cogitando não ir para o evento para economizar? — Eu olhei para ele e fiquei em silêncio. — Você sabe que não pode deixar de participar desse tipo de evento? É aquela velha frase, quem não é visto, não é lembrado, e a Mazza não está em condições de não ser lembrada nesse momento.

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