A Sarah não demorou a chegar, ela me abraçou por um longo tempo, me levou até seu carro e entregou as chaves do meu para o seu motorista. Ela não me fez perguntas, apenas dirigiu concentrada em direção a sua casa enquanto acariciava minha perna. Vi seu telefone tocar, e ela atendeu deixando o som adentrar o ambiente pelos auto falantes.
— Tive um imprevisto. — Ela começou antes mesmo que dissessem qualquer coisa. — Peça desculpas e remarque a reunião para amanhã se possível. — Disse desligando em seguida sem esperar por uma resposta.
Desci do carro acompanhada dela. Ela me entregou um copo de água e se sentou ao meu lado, me puxando contra o seu corpo em um abraço desajeitado enquanto acariciava os meus cabelos. Eu já estava um pouco mais calma, estar ao lado dela me trazia paz e tranquilidade, e era apenas isso que eu precisava nesse momento.
— Quer me contar o que houve? — Pediu se afastando para me olhar.
Mesmo eu não me sentindo à vontade para falar sobre, decidi que ela merecia saber. Ela me ouvia com atenção, e em alguns momentos parecia se controlar para não me interromper. Eu não pude deixar de chorar novamente, eu me sentia tão usada, que era impossível não ficar triste com tudo o que estava acontecendo, mesmo sabendo que Paula não merecia que eu derramasse lágrima alguma por isso.
— O recibo que ela te mostrou, você consegue lembrar o nome da empresa? Um símbolo, alguma coisa? — Eu olhei para ela pensativa.
— Eu lembro que eram três letras, sendo uma delas um K. Eu não consigo lembrar se tinha algum símbolo, mas lembro que tinha algum detalhe verde. — Ela se levantou e fez uma ligação enquanto trazia mais água pra mim.
— Eu vou conseguir essas provas pra você até o fim do dia. — Disse me observando. — A Paula é dissimulada e antes que tente manipular a sua decisão com justificativas superficiais, é bom que você esteja com todas as provas em mãos.
— Como sabia onde eu estava? Como sabia o que aconteceu? — Questionei vendo que ela parecia desconfortável com os meus questionamentos.
— Eu só sei, e é o que você precisa saber... — Disse, como se eu fosse me contentar com sua resposta superficial.
— Você está me seguindo desde quando, Sarah? — Ela olhou nos meus olhos como se não estivesse disposta a falar sobre, se levantou ficando de costas para mim e acendeu um cigarro. Eu não podia deixar esse assunto pra lá. — Não pense que vou sair daqui sem a minha resposta. Se quer que algo funcione entre nós, é bom começar a ser sincera.
— Desde que a Lorena invadiu a minha casa. — Ela se virou ficando de frente para mim como se quisesse observar minha reação. — E isso não vai mudar, é bom que se acostume.
— Sarah, eu não vou aceitar...
— Você não tem que aceitar nada. Isso não está em negociação. — Disse me interrompendo. — Eu sei do que a Lorena é capaz, e não vou permitir que ela se aproxime de você mais uma vez. Eu não vou arriscar sua segurança por suas birras.
— Não é você quem decide por mim, você não tem esse direito. — Ela fez uma pausa em silêncio e passou a mão na nuca em sinal de nervosismo.
— Independentemente do que temos, você assinando ou não, nada vai mudar o fato de que vou cuidar da sua segurança até que eu tenha total certeza que a Lorena não é mais uma ameaça. — Ela parecia desconfortável com o assunto, da mesma forma que era difícil para mim aceitar perder a minha privacidade.
Me levantei irritada e pronta para ir embora. Eu odiava o seu lado autoritário, e embora eu tenha consciência de que ela pode ter um pouco de razão, ainda assim não acho que ela tem o direito de decidir por mim. Ela tocou meu braço e olhou nos meus olhos enquanto tocava o meu rosto com delicadeza.
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Entre nós
Lãng mạnMarília é uma mulher que vive em um relacionamento aberto com a vocalista de uma banda de rock que só consegue olhar para a fama. Sarah, uma importante CEO da empresa em que Marília já trabalhava há algum tempo, uma mulher difícil porém encantadora...