Sarah
Atordoada, era o melhor adjetivo para os últimos segundos que vivi. Eu ainda permanecia sentada encarando a nota fiscal do restaurante ao lado de duas notas de cem reais, sentindo ainda o cheiro daquela maldita brat, como se ela ainda estivesse colada em mim! Meu celular começou a tocar me despertando do transe momentâneo, me levantei e desliguei a chamada pegando minhas coisas e voltando para a Miller. Dentro do carro assim que estacionei, mais uma vez meu celular tocava, o Adam realmente não tem limites.
— O que é, Adam? — Eu encarei o carro da Sabrina estacionado, me fazendo lembrar do caos das últimas horas entre ela e Angela e continuei. — Se eu desliguei, é porque não posso te atender.
— Mas agora me atendeu, sinal de que já está disponível para mim. — Respondeu com ironia.
Eu já esperava pela ligação dele, embora por um instante eu tenha me esquecido completamente que tinha pedido algumas informações importantes da Simon & Martin. Continuei com ele em ligação enquanto seguia para a minha sala. Tranquei minha porta e deixei minhas coisas em cima da mesa, acendendo um cigarro e tentando me acalmar. Liguei meu computador e me concentrei no trabalho, mesmo com a minha mente diversas vezes me sabotando.
— Agora que já terminamos, tenho uma dúvida... Você já foi atrás da sua submissa? — Ele perguntou me fazendo soltar um suspiro frustrado. — Nossa, senti a tensão daqui, o que aconteceu?
— Ela estava na reunião representando a Mazza junto com a advogada... — Comecei e ele me cortou.
— E dominadora dela. — Disse me provocando e me fazendo lembrar de suas costas marcadas, que dessa vez não foram por mim.
— Agradeço se não me interromper. — Pedi ouvindo sua risada do outro lado. Maldito! — Nós acabamos indo almoçar, quase todos os empresários na verdade, no restaurante mais próximo do evento. Na última parte da reunião, ela retornou sozinha. Acontece que no final aquela brat desorientada veio até a minha mesa, e me entregou a nota fiscal do restaurante e duas notas de cem, cheia de razão, e com acusações absurdas sobre eu ter pago a conta dela! Qual a lógica? Por que eu faria isso?
— Se você realmente não fez, alguém fez. Por qual motivo a Mari inventaria algo assim? — Ele me questionou com tanta certeza, que até eu fiquei pensativa. — Ninguém tentou nada do tipo antes?
— A Sabrina. — Eu respondi sem precisar pensar muito. — Ela estava no restaurante...
— Já te falei sobre ela, quando ela ainda era sua submissa. Abra os olhos, ela é completamente dissimulada! — Ele fez uma pausa e continuou. — Você está perdendo a Mari para a advogada por orgulho, no final seu ego não vai te levar a lugar algum.
— Tenho uma reunião agora, nos falamos em outro momento. — Disse desligando em seguida.
Eu mal voltei de uma viagem, e já estava embarcando novamente em mais uma semana exaustiva para outro país. A Sabrina que estava escalada para me acompanhar depois de tanta insistência, e também para permitir que a Angela pudesse descansar um pouco, foi proibida após a confusão que ela criou no restaurante e local da reunião, e a Angela como sempre compreensiva, topou viajar comigo mais uma vez. Era óbvio que só duas não davam conta das viagens e do ritmo de trabalho na Miller, eu sempre mantive três assistentes, porém desde que a Marília foi embora resolvi não contratar mais ninguém.
Eu devo confessar que não pensei em contratar ninguém, porque esperava que a Mari mudasse de ideia e voltasse para a Miller, mas quanto mais eu me dedicava a acreditar nessa possibilidade, mais ela provava que era uma brat imprevisível e sem limites, e que isso não ia mais acontecer. Eu vi quando ela foi contratada pela Mazza, e pedi uma análise detalhada aos meus funcionários sobre a situação financeira deles, era mais do que certo que a empresa iria à falência, era questão de tempo até ela voltar para a Miller. Mas o que eu não poderia prever, era que Adam sairia de Paris para investir e fazer dela, a dona de tudo aquilo acabando de vez com essa possibilidade.
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Entre nós
RomanceMarília é uma mulher que vive em um relacionamento aberto com a vocalista de uma banda de rock que só consegue olhar para a fama. Sarah, uma importante CEO da empresa em que Marília já trabalhava há algum tempo, uma mulher difícil porém encantadora...