Cap 43

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Sarah se sentou no meu sofá, e olhou profundamente nos meus olhos, me fazendo desviar o olhar. Ela era intimidadora mesmo quando não estava no poder. A verdade é que ela exala autoridade o tempo inteiro, e seu magnetismo natural a deixa ainda mais imponente.

— Eu estou aqui porque errei com você. — Disse ela me fazendo encara-la assustada como se eu já estivesse enlouquecendo e ouvindo coisas. A senhora Miller sentada no meu sofá e assumindo o seu erro? A cachaça de ontem foi muito forte dessa vez. — Eu errei quando não entendi que suas exigências para que eu demitisse a Sabrina, não eram apenas motivadas por ciúmes, eu errei em não procurar entender suas necessidades, em não te ouvir, em não conversar com você.

— O que mudou? — Perguntei. Eu passei tanto tempo esperando que ela me ouvisse, que não conseguia entender depois de tanto tempo, o que mudou para que ela me procurasse.

— Eu estive observando o comportamento da Sabrina, e vi o quanto você tinha razão o tempo inteiro. Ela não só trancou a Ângela no banheiro, como também fez uma série de coisas das quais eu reprovo. Devo pontuar também, que quem pagou a sua conta no restaurante, foi ela, não eu como você pensou. — Ela fez uma pausa analisando a minha reação, e continuou. — Mari, muitas coisas aconteceram...

— E você esperou todas essas coisas para conseguir demiti-la... — Respondi com ironia. — Quando eu fiz o possível e impossível para você prestar atenção em mim, e tudo o que consegui de você foi ser ignorada.

— Sim, e eu admito o meu erro. — Eu a encarei profundamente revoltada e sorri.

— Tarde demais, Sarah! — Ela me olhou confusa, com toda certeza ela não esperava que eu agisse assim, talvez esperava que eu estivesse de braços, ou pernas abertas para recebê-la assim que ela assumisse seus erros.

— Mari, eu não soube lidar com o seu temperamento. Eu nunca...

— Você estava acostumada a lidar com submissas que não faziam nada mais do que se curvar aos seus pés. — Ela permaneceu em silêncio me ouvindo. — Mas eu não sou assim.

— Sim, você tem razão. Eu sempre fui acostumada a ter submissas, e aceitar que me apaixonei por uma mulher completamente diferente disso, foi um processo difícil e gradativo. — O meu coração disparou e eu perdi a fala, nós nunca falamos tão abertamente sobre sentimentos como ela está falando dessa vez. — Eu me apaixonei pelo desafio que você é para mim, pela sua personalidade única, e até por todas as vezes em que você me tirou do sério. Eu amo você e lamento ter percebido isso somente quando eu te perdi.

— Somos completamente opostas. — Ela parecia perdida em seus próprios devaneios. — Insistir, é dar murro em ponta de faca.

— Talvez eu esteja disposta. — Eu a observei em silêncio, com o coração pulsando freneticamente e as mãos suadas. Ela mexia comigo de uma forma surreal. Eu sabia que eu precisava ter os pés no chão e não me deixar levar pelo que sinto, porque no final, eu não sou quem ela espera que eu seja.

— Mas eu não, Sarah. — Ela assentiu e sorriu fraco de uma forma que me despedaçou em milhões de pedaços. — Me desculpa.

— Tudo bem. — Ela se levantou e me olhou pela última vez. — Obrigada por me receber.

Dentro do meu quarto, o meu coração ainda estava acelerado. Lágrimas escorriam por minha face sem que eu pudesse contê-las. Mas o que eu esperava? Eu não podia imaginar que ela apareceria assim na minha frente, admitindo seus erros e se declarando para mim. Isso sem dúvidas mexeu comigo, e me fez momentaneamente quase esquecer que quando ela pode ficar ao meu lado, ela preferiu a Sabrina.

Um lado meu, com certeza o lado mais idiota e sentimental, tentava me convencer de que errar faz parte do processo do ser humano, e que ela pode realmente estar arrependida e sendo sincera. Quando o lado mais frio e racional, tenta me provar que isso nada mais é do que consciência pesada, e arrependimento por ter me visto no clube com a Lara, e que ela só esteve aqui mais uma vez motivada pelo ego de não aceitar perder.

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