Cap 19

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Cerrei os punhos fechando os olhos por meros segundos que pareciam eternos. Paula estava em pé, de frente para mim, e eu precisava fazer um esforço sobrenatural para não fazer um escândalo. Sarah sumiu completamente do meu campo de visão, e eu soltei o ar dos meus pulmões tentando não perder os resquícios de controle que ainda me restaram.

— O que você pensa que está fazendo, Paula? — Antes que ela pudesse responder, arrastei minha mala em direção a saída do aeroporto sem nem olhar para trás.

— Uma surpresa para minha namorada. — Respondeu com ironia. — Ou também não posso?

— Porra, Paula. Deixe de ser infantil! Caralho! — As pessoas à minha volta me encaravam, e provavelmente estavam pensando o quanto eu era mal educada soltando essa sequência de palavrões, mas foda-se. Tô muito puta!

— Qual é o teu problema? Você está colocando ela a frente da nossa relação? — Eu a ignorei e continuei andando. — Marília, estou falando com você!

Entrei no primeiro táxi que apareceu, e longe da Paula, peguei o celular discando o número da Sarah. Após quatro chamadas, a ligação foi direto para a caixa postal, deixando claro para mim que ela tinha desligado o aparelho.

Júlia abriu um sorriso ao me ver, que morreu instantes depois de encarar os meus olhos aflitos. Ela cruzou os braços como se estivesse avaliando minha reação, antes de se pronunciar.

— Mari, o que houve? — Eu suspirei pesadamente e me joguei no sofá, levando as mãos ao rosto me sentindo exausta.

— Preciso de um banho, e volto para te explicar com calma. — Ela assentiu e me levantei indo para o meu quarto.

Assim que saí do banheiro, Paula estava no meu quarto à minha espera. Eu me virei de costas colocando um vestido leve, ignorando sua presença, sem conseguir raciocinar sobre o que fazer, ou como agir. Ela me observava e eu sabia sem a necessidade de me virar para encará-la.

— O que faz aqui? — Perguntei, encostando na parede vendo-a me encarar. — Eu estou nervosa e não quero conversar com você agora. — Avisei.

— O que pensa que está fazendo, Marília? Eu fui feito uma idiota correr para te esperar no aeroporto tentando ficar bem com você depois do nosso desentendimento, eu adiei compromissos de trabalho, eu levei flores, e você simplesmente me ignorou? O que é? As flores que te dei não são sofisticadas como as dela? — Fechei os olhos buscando o controle que já não existia mais, lutando internamente para não mandá-la embora.

— Tinha hora certa para isso. Eu não gostei da forma que agiu! — Ela se levantou e se aproximou de mim.

— Ah não gostou? Por quê? Está com medo de perder a Sarah? Anda, vai correndo atrás dela agora! Você está irreconhecível! Não me admira que esteja vislumbrada com o dinheiro dela, com as viagens que ela banca, com as roupas de grife que ela te dá. No final você é fútil igual a qualquer uma. — Meu sangue ferveu nas veias e quando tentei me aproximar para descontar nela toda minha fúria, vi Júlia entrar no quarto se posicionado a minha frente e bloqueando minha passagem.

— Vai embora, Paula! — Pediu Júlia segurando meu pulso e acariciando meu ombro. — Vocês estão nervosas. Por favor, Paula. Vai embora, vocês conversam depois.

Paula me encarou com os olhos vermelhos de raiva saindo em seguida. Assim que Júlia percebeu que estávamos complementarmente a sós, ela me soltou e sem que eu dissesse nada, me abraçou forte. Eu chorei nervosa, parecia que o teto havia desabado sobre minha cabeça, eu me sentia inútil, me sentia errada pelo que a Sarah presenciou, me sentia errada pela forma que tratei a Paula, definitivamente eu sou uma droga de pessoa.

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