A semana toda foi de muito trabalho, e eu mal consegui falar com a Sarah nos últimos dias. As nossas ligações eram rápidas, elas aconteciam geralmente quando eu parava para almoçar, ou quando ela estava indo dormir, nada mais do que dez minutos. Eu recebi uma caixa no meio da semana vindo do ateliê da Shirley, com um belíssimo vestido para a nossa noite, a Sarah sempre soube como impressionar.
— Como assim a Paula tentou invadir a empresa? — Júlia estava desfazendo as malas enquanto ouvia com atenção os últimos acontecimentos.
— Ela estava me esperando na porta da Mazza, e quando eu voltei do almoço com a Lara, ela tentou se aproximar de mim, mas os seguranças da empresa a impediram. — Eu tomei um pouco de água e continuei. — Ela começou a gritar que era importante, e que precisava falar comigo, mas depois do que a Sarah descobriu, não existe nada que ela possa falar que me faça olhar para a cara dela por mais de um minuto novamente.
— Eu ainda estou surpresa com as coisas que vocês descobriram. — Ela se sentou e me olhou. — Que ela não valia nada, a gente sempre soube, ou pelo menos eu sabia, mas a ponto de se vender em busca de fama? Que coisa mais bizarra!
Eu não posso negar que por um mísero instante eu parei e a observei. Paula estava magra, com o semblante abatido e parecia outra pessoa. Seu olhar estava desesperado, e pensei em ouvi-la nem que fosse por alguns minutos, mas a Lara segurou meu braço e me puxou para dentro da Mazza, e eu sabia que no fundo, era melhor assim.
Eu estava ansiosa para o nosso jantar. Quando recebi o endereço, procurei no Google e vi que pela localização, eram chalés aconchegantes, e com uma vibe romântica, o que aumentou muito a minha empolgação para vê-la. Eu saí do banho enrolada na toalha e encarei o meu celular tocando ao lado do vestido que estava estendido na cama.
— Mari, por favor, não desligue! — Era Paula, e ela parecia nervosa.
— Eu não tenho nada para falar com você, para de me ligar. — Disse, desligando em seguida e bloqueando seu novo número.
Sua insistência não só estava me irritando, como também começava a me dar medo. Ela parecia fora de si, e eu já não sabia mais do que ela poderia ser capaz de fazer para chamar a minha atenção. Eu me vesti e terminei de me arrumar rapidamente, coloquei o celular na bolsa, e ouvi um trovão rasgar o céu me assustando.
— Malditas tempestades de verão. — Resmunguei fechando a porta e entrando no elevador.
Eu entrei no estacionamento e destravei as portas do carro, vendo que o pneu traseiro estava furado. Eu soltei um palavrão, e irritada encarei o relógio que indicava que eu estava adiantada, e que se eu for rápida o suficiente, vou chegar a tempo. Eu consegui ajuda para trocar o pneu, e foi bem mais rápido do que eu imaginava, preciso lembrar de deixar o estepe na borracharia.
Minha avó materna era supersticiosa, e eu sorri me lembrando dela. Ela sempre dizia que era melhor evitar sair de casa quando as coisas começavam a dar errado, porque tudo, segundo ela, era um sinal divino.
O GPS estava configurado para me levar até o endereço, e confesso que as coordenadas não estavam me agradando muito. Eu já estava um pouco afastada da cidade, e o local era de certa forma, deserto. As poucas casas que existiam, ficavam longe da estrada, a Sarah nunca erra, mas dessa vez estou odiando a localização, espero que seja apenas uma má impressão. O meu celular não parava de tocar dentro da bolsa, e me estiquei para alcançá-la, espero que não seja a Paula, porque estou sem a menor paciência para ela. Vi que era a Sarah, e prontamente atendi.
— Oi, meu amor. Estou chegando. — Disse assim que atendi.
— Aonde você está, por que não atende essa droga de telefone? — Perguntou, e sua voz estava estranha. — Mari... me responde!

VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre nós
RomanceMarília é uma mulher que vive em um relacionamento aberto com a vocalista de uma banda de rock que só consegue olhar para a fama. Sarah, uma importante CEO da empresa em que Marília já trabalhava há algum tempo, uma mulher difícil porém encantadora...