Cap 12

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Júlia estava comendo uma porção exagerada de amendoins enquanto a gente aproveitava para colocar o papo em dia tomando cervejas geladas e ouvindo músicas. Eu contei a ela sobre Sarah, sobre o que aconteceu entre nós na viagem agora com mais calma, e sobre como Paula reagiu a tudo isso. Ela sorria e fazia caras e bocas bem características de quando ela tinha algo importante a acrescentar.

— Isso tudo me faz pensar duas coisas, a primeira é que sua chefe está louquinha por você, e eu bem me lembro dela no aeroporto olhando para você quase babando, e a segunda é que a Paula está se mordendo de ciúmes.  — Pontuou como se estivesse completamente certa do que dizia. — Agora só uma observação, se foi a Paula que surgiu com a ideia de relacionamento aberto, ela não deveria estar surtando nesse momento, né? Ou o relacionamento aberto só deve beneficiar ela?

— Você acha que é um surto? Porque talvez a Paula possa mesmo ter razão... — Tentei falar, mas fui automaticamente interrompida.

— Ela não tem razão. — Disse apontando o indicador em minha direção. — Só porque você não é rica como a Sarah, ela não pode se sentir atraída por você? Você é gostosa pra caramba e não vou aceitar que a Paula tente te diminuir por um ciúme idiota que ela mesmo procurou. Na hora de te assumir e querer um relacionamento sério ela não quis, não é? 

— Não sei, além do mais Paula me disse que não ficou com outras pessoas. — Júlia tomou um gole de sua cerveja lentamente como se estivesse sem paciência.

— E você acreditou? Por favor! Ela mesmo te disse que não era monogâmica. Abre o olho com isso, sei que você é um pouco burra quando está apaixonada. — Eu a encarei e arremessei a tampa metálica da cerveja em sua direção, e ela se esquivou sorrindo. — Tente negar cretina! Eu tenho provas, e prints.

— EU TE ODEIO! — Gritei fazendo-a rir.

A Paula não me atendeu naquela noite, e decidi sair com a Júlia para um bar agradável que costumávamos frequentar desde o início da nossa amizade que já dura longos dez anos. Coloquei um vestido curtinho e leve na cor preta, com saltos vermelhos e prendi meus cabelos no alto. Júlia usava uma roupa minha, já que decidimos de última hora sair para curtir a noite.

— Vamos no meu carro, o seu precisa ser trocado ou aposentado. — Pontuou pegando as chaves em sua pequena bolsa e me vendo encará-la de braços cruzados. — O que é? Estou falando a verdade. É um perigo você ficar saindo com teu carro que dá mais problema do que pulmão de fumante.

— Ótima comparação. — Disse revirando os olhos.

— Eu sei, sou ótima em tudo o que eu faço. — Respondeu com um sorriso.

Júlia estacionou e me puxou para o interior do bar. Ainda estava cedo, e por esse motivo não tinham muitas pessoas ali. Pedimos nossos drinks preferidos, e nos sentamos em uma mesa próximo a uma janela grande que dava a visão perfeita para a rua.

— É a Paula? — Segui o olhar da Júlia e analisei com cuidado. Paula entregou as chaves para o manobrista, e abraçou a cintura da Polly Pocket.

— Eu vou tirar essa história a limpo agora. — Júlia segurou meu braço com força cravando suas unhas na minha pele, e me fez encara-la.

— Você não vai a lugar algum. — Ela estava séria e parecia ter uma boa razão para isso. — Vocês estão em um relacionamento aberto, e você vai fazer o mesmo que ela.

— O quê? — Eu a encarei sem paciência e revirei os olhos frustrada. — Não tenho mais idade para joguinhos.

— Não se trata de joguinhos. — Ela soltou meu braço e vi que minha pele agora estava avermelhada pelo aperto de segundos atrás. — A sua direita, encostada no balcão ao lado de um rapaz de camisa branca, tem uma mulher que está o tempo inteiro olhando para você. Aproveite a noite... — Um sorriso travesso surgiu em seus lábios e eu relaxei os ombros olhando na direção em que Júlia tinha me dito.

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