Cap 37

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As coisas aconteceram muito, muito rápido nos últimos dias. A Lara já tinha finalizado os trâmites legais com a Miller, e eu já tinha assinado o meu contrato com a Mazza, assumindo o cargo de gerente executiva, o mesmo cargo que Angela ocupa na Miller. Eu estava completamente perdida, notas fiscais desorganizadas, contratos cancelados por negligência, e o dono? Esse estava bem longe, mais precisamente passeando na Disney com a esposa e a filha de um pouco mais de sete anos de idade, preocupadíssimo com os problemas.

Uma das funcionárias mais antigas do setor administrativo se disponibilizou a me ajudar, ela era aparentemente a única que sobreviveu ao caos, segundo ela em respeito ao senhor Antônio Mazza que sempre foi um homem bom, honesto e trabalhador. Tiramos o dia inteiro para tentar entender o que estava acontecendo administrativamente, e financeiramente com aquela empresa, e confesso que quanto mais organizamos as coisas, mais bagunçado parecia. 

Foram dias intensos de muito trabalho, eu chegava na empresa muito cedo, e saia muito depois do meu horário. As contas não batiam mais, e os poucos contratos que ainda estavam em vigência, logo encerrarão os prazos e muito provavelmente não serão renovados.

— Amanhã a gente vai ligar para todas as empresas para tentar entender o porquê de não renovarem os contratos. Temos que entender o que houve, e tentar corrigir. — Disse cansada vendo que já passava das 18h. — Paulo Mazza também vai precisar reduzir as retiradas, ele acha que isso é um banco particular?

— Não quero te desmotivar. — Começou Lucia. — Mas ele só aparece aqui para retirar dinheiro, e nada mais. A empresa vai quebrar, e você sabe que não vai demorar. — Eu assenti pensativa e me despedi dela, indo para casa em seguida.

Minha cabeça martelava sem parar tentando buscar uma solução. Não era possível que uma empresa consolidada como a Mazza ia simplesmente falir do dia para a noite porque o mimado do filho não quer trabalhar. Não é possível, algo precisa ser feito antes que seja tarde demais. Eu, além de trabalhar muito nos últimos dias, ainda trazia trabalho para casa, Júlia entendendo minha rotina maçante, sempre fazia o jantar e levava para mim, eu amava o seu cuidado comigo.

Eu finalmente consegui marcar uma reunião alguns dias depois e com muita insistência, com todos os responsáveis, ou seriam os irresponsáveis? Paulo parecia entediado ao lado de sua esposa e sem paciência alguma para tratar de assuntos sérios, ele usava uma camiseta de time, shorts e chinelos. Lara que era responsável jurídica, também estava presente, afinal ela me ajudou muito para concluir e entender esse caos generalizado na empresa.

Passamos horas conversando, mostrando relatórios, e argumentando sobre a provável falência que aconteceria muito em breve se nenhuma atitude fosse tomada. Ele parecia submerso a todas as informações, como se estivéssemos falando sobre o último capítulo da novela das nove, e não fazia o menor esforço para tentar resolver alguma coisa ou autorizar que alguém o fizesse.

— Eu já falei sobre isso, benzinho. — Se pronunciou a esposa aparentemente cansada daquele clima organizacional. — Já te mandei vender isso, não precisamos ficar quebrando a cabeça pra fazer retirada de trezentos ou quinhentos mil por mês. — Eu encarei a Lara que pareceu pensar exatamente o mesmo que eu, escondendo um sorriso de canto.

— Não posso simplesmente vender para qualquer pessoa, pela maldita cláusula que meu pai colocou no inventário dele. — Eu encarei a Lara querendo que ela explicasse sobre o que dizia a cláusula.

— A cláusula diz respeito à funcionária Lucia Campos, que trabalha na Mazza há mais de trinta anos. — Ela começou e tirou um documento da pasta lendo para todos nós. — A cláusula diz que em caso de venda, a Lucia Campos deve concordar e assinar como uma das principais testemunhas, e que só deve fazê-lo se tiver total certeza de que a empresa estará em boas mãos. — Ela soltou o documento e encarou Paulo por alguns minutos. — Seu pai confiava muito na Lucia, e por esse motivo fez essa exigência.

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