Cap 32

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Eu queria ter passado a noite em claro planejando uma vingança digna de filme, mas tudo o que fiz foi apagar completamente devido ao cansaço extremo pós sessão. Me sentei na cama e soltei um palavrão baixinho ao sentir dor, ela estava na porta do meu quarto batendo e me chamando para levantar, em poucos minutos, estaremos em seu jatinho viajando para Alemanha, e eu não faço ideia de como vai ser isso.

— Já acordei. — Gritei de dentro do quarto.

— Não demora, te espero para tomar café. — Encarei a porta e fiz caretas imitando-a como se eu ainda fosse uma criança de seis ou sete anos, rindo em seguida de mim mesma.

Me olhei no espelho e fiquei momentaneamente refletindo sobre minhas marcas, eu sei que eu devo admitir que o meu medo todo da sessão de ontem foi exagerado, o que eu pensava afinal? Que ela ia me matar de tanto bater? Às vezes eu me esqueço que posso e devo pará-la a qualquer momento dizendo as palavrinhas de desespero, ou segurança como ela prefere que eu as chame. Mas o fato é que a minha mente me sabotou lindamente na noite passada, e não me deixou relaxar em momento algum, esperando sempre pelo pior.

Tomei um banho, e coloquei um vestido leve. Provavelmente a Sarah deve ter se esquecido dos eventos que estaremos, e das roupas que Shirley costuma escolher, nem todas as marcas ficarão escondidas, e esse é um problema para ela, porque eu não vou me esforçar para escondê-las, confesso até gostar de algumas, não nego. Por algum momento eu realmente acreditei que fosse impossível alguém em sã consciência realmente gostar de todas essas coisas, mas sou prova viva de que é mais do que possível, é uma realidade para mim.  

Sarah estava tomando o seu café, e parou imediatamente o que fazia deixando o seu iPad na mesa, olhando fixamente nos meus olhos. Eu, dramática como sou, fingi por algum tempo não querer falar com ela, ignorando completamente sua presença e despejando café fresco na minha xícara. Ela parecia incomodada com a minha atitude, e eu lutava para esconder um sorriso vendo o seu desespero.

— Mari, como você está? — Eu olhei nos seus olhos e a ignorei mais um pouco. A desgraçada estava tão gostosinha essa manhã, que eu juro que a beijaria se ela merecesse. — Fale alguma coisa, eu preciso entender o que está acontecendo.

— Consciência pesada, senhora Miller? — Seu olhar era impagável. Ela tinha um misto de alívio e raiva, tenho certeza que se possível, ela estaria me castigando novamente.

— Você precisa entender como as coisas acontecem, e porquê. Nem sempre as sessões acabam em orgasmos, você não os merecia ontem, e sabe muito bem disto. — Tentou justificar, e eu continuei em silêncio comendo. — Eu prefiro que você converse comigo após sessão, do que se feche naquele quarto. As coisas não vão funcionar se você não falar.

— Nem tudo tem que ser como você quer, Sarah. — Eu levei um morango a boca sendo monitorada pelo seu olhar curioso. — Se eu não estiver afim de conversar depois das sessões, eu vou para o meu quarto você gostando ou não, é para isso que eu tenho um quarto aqui, não? — Ela odiava quando via que eu tinha razão, era tão divertido.

— Precisamos ir. — Disse ficando em pé e encarando o relógio.

Sarah caminhou ao meu lado até seu carro, abrindo a porta para mim e entrando em seguida. Ela era sexy dirigindo, e eu adorava admirá-la, mesmo essa sádica não merecendo. Me sentei no meu lugar de sempre, oposto a ela, e fiquei em silêncio observando os comissários e pilotos iniciarem os procedimentos para decolagem. A minha sádica favorita fazia ligações enquanto anotava algumas coisas completamente concentrada, e eu começava a ter boas ideias para deixar a nossa viagem um pouco mais emocionante.

Assim que o jatinho tomou altura suficiente, eu tirei os cintos, vendo que ela ainda trabalhava em algo com total dedicação. Eu arrumei o meu vestido, tirei a calcinha que usava, e caminhei devagar até sua poltrona sendo observada por ela.

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