Cap 11

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Nos meus mais profundos sonhos, eu vi olhos cinzentos, sorrisos brancos reluzentes, e uma silhueta feminina imponente, cada vez mais próxima a mim...

Me sentei na cama e encarei o meu celular, a noite tinha sido movimentada, e eu ainda estava tentando absorver tudo o que aconteceu nas últimas horas. Sarah por pouco não me beijou, e minutos após eu ter tomado o meu banho e me deitado, acreditando fielmente que ia descansar, uma sequência de imprevistos surgiram. Eventos foram remanejados, compromissos desmarcados, e a volta para o Brasil, seria antecipada. E eu que acreditava que ia ter o dia livre para fazer compras em Paris, precisei voltar a realidade e desistir da ideia.

O que duraria cerca de seis dias, foi resumido em dois. Não viajamos para Versalhes, nem tampouco cumprimos metade da agenda prevista. Uma emergência fez Sarah desmarcar todos os principais compromissos e voltar para o país, ela parecia preocupada, ainda mais introspectiva e ansiosa.

No aeroporto, Sarah se despediu de mim seguindo com pressa em direção ao seu motorista, Júlia me abraçou assim que me viu, ela me aguardava com um copo de milkshake de morango, usava óculos escuros e um vestido leve de verão.

— Como foi a viagem? — Questionou segurando minha bolsa enquanto eu prendia o cabelo.

— Foi ótima, mas depois te conto com detalhes. — Disse pegando minhas coisas e caminhando ao seu lado. — Tudo bem por aqui? — Coloquei minha mala no carro, dando a volta e me sentando e afivelando o cinto.

— Sim, tudo normal.

Paula chegou em casa no fim da tarde, nós conversamos bastante sobre todas as questões tentando mais uma vez corrigir os pontos em que divergimos em nossa confusa relação, coloquei o meu ponto de vista, e ela fez o mesmo, até chegarmos ao acordo de continuar tentando mais uma vez. Falei um pouco sobre minha viagem, e ela me contou sobre os shows agendados para o próximo mês. Eu estava agora um pouco mais convencida de que poderia dar certo manter uma relação da forma que ela queria, talvez porque justamente agora, eu também entenda que apesar dela, eu também desejo outras pessoas.

Eu estava exausta no fim do dia, Paula já dormia, porém eu não conseguia fechar os olhos. Estava lendo e relendo o último e-mail que Sarah enviou, separando por tópicos e sinalizando por ordem de prioridade as tarefas para o dia seguinte. Pelo que vejo, a emergência de última hora foi com um dos clientes, o volume de trabalho praticamente dobrou nas últimas horas.

Abri os olhos batendo a mão desajeitada no meu despertador, eu me sentia exausta pela noite mal dormida, sei que eu não precisava priorizar o trabalho, porém não consegui dormir enquanto não terminei de resolver as pendências, que não eram poucas. Tomei um banho demorado, vesti um terninho de alfaiataria e calcei meus saltos, liguei a cafeteira e me sentei enquanto tomava um pouco de café lutando para acordar de uma vez.

Paula se sentou ao meu lado enquanto tomávamos café, meu carro estava novamente na oficina e ela me levaria até o trabalho. Escovei os dentes, retoquei o batom, e sem muita paciência, juntei as coisas colocando-as de qualquer jeito na bolsa. Enquanto ouvíamos uma música boa que tocava no rádio do carro, conversávamos levemente sobre a banda, uma banda famosa dos anos 90, que decidiu encerrar os trabalhos no auge da fama por não conseguir lidar bem com os holofotes, coisa que nunca aconteceria com Paula, ela parecia lidar muito bem com a fama, não se importando com o que isso significasse.

Ela estacionou em frente a empresa e soltei os cintos, encarei o relógio e vi que estava um pouco atrasada, peguei minha bolsa e abri a porta saindo em seguida.

— Espera! — Disse Paula abrindo a porta e correndo em minha direção, eu parei vendo-a se aproximar. Ela puxou minha cintura colando seu corpo no meu, e beijando meus lábios vagarosamente. — Pronto, agora sim, bom trabalho. — Ela sorriu me soltando.

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