19• Dor e mi fa amor.

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Pov'Meredith.

Aquele homem não tinha noção do que fazia? Me perdi com ele me alimentando, o seu olhar cheio de afeto, sua explicação, eu não entendia o porque dele ser sempre assim, não era pra chamar atenção, e sim, uma característica dele, era da sua personalidade ser gentil e protetor, desde o início, naquela noite trágica, sua preocupação em não me deixar voltar de ônibus, quando era só uma desconhecida, acho que isso era uma das coisas que mais gostava nele, além da parte que não dava pra levar que é sua beleza.

Depois do jantar o ajudei a limpar a cozinha, ele parou e me olhou, eu perdia as estruturas com aquele seu olhar que parecia ver minha alma.

- toca? - seu pedido foi realmente um pedido.

- claro! - peguei a mão dele - onde está o piano?

- no escritório - Andrew caminhou na frente - essa casa era da minha irmã, não sei se contei isso.

- não! - murmurei.

- na época do acidente eu morava em um apartamento pequeno, era solteiro e para mim estava de bom tamanho...

- o que aconteceu com o apartamento?

- está alugado, havia um outro quarto nele, dava para levar Giulia! Mas aqui é grande, e sempre foi seu lar... Então foi mais fácil só trazer minha mudança, do que fazer ela passar por outra mudança - ele contou, entramos juntos no escritório.

Parei para admirar de longe o lindo piano todo preto, na igreja tinha um, mas não era de calda, aquele era incrível.

- ele é lindo - falei passando meus dedos por cima - você ama muito ela - murmurei sentando e o trazendo para meu lado.

- Giulia? Sim! Desde que Carina contou da gravidez... - Andrew suspirou - depois da morte dos nossos pais era só eu pra cuidar dela, então tive que ouvir sobre tudo até menstruação e primeira vez, e dúvidas sobre amor, quando ela começou a namorar Alerrandro, que era meu amigo - ele riu sem graça - logo depois casaram e um ano depois veio Giulia.

- é perceptível, você tem o dom de cuidar da pessoas... - comentei.

Abri a tampa do piano e passei meu dedos pelas teclas para ouvir o som.

- gosto de cuidar de quem gosto - ele riu um pouco.

- então obrigado por gostar de mim...

- quem disse que gosto? - Andrew perguntou e logo em seguida começou a rir.

- achei que sim, já que me alimenta, me leva para sair... E!!! Me beija - olhei para o cara mostrando uma sorriso de lado.

- não deveria ter te contado a história - senti ele se aproximar e beijar meu ombro, onde o vestido permitia - você.... - ele inalou profundamente - almíscar e frésia! - quando ouvi suas palavras fechei meus olhos e sorri.

- você tem um ótimo olfato! - falei nervosa por que ele continuava a beijar meu pescoço.

- Carina era perfumista! Passei muitas horas sentido os aromas... O que vai tocar?

- não sei, você me beijando assim me desconcentra - confessei.

- desculpa - Andrew começou a rir e se alinhou - não vou tirar sua concentração por hora.

- que gentil... Eu toco muito bem, mas não canto tanto assim... Não pra viver disso.

- você vive da música - Andrew murmurou.

- mas não sou tão boa cantando! Só sou afinada - expliquei.

- ainda bem, assim vou ser o único a te ouvir.

Dor e mi fa amorOnde histórias criam vida. Descubra agora