71• quase férias.

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Pov'Meredith.


Eu sabia que deveria estar feliz, em duas semanas meu filho nasceria, mas involuntariamente acabava ficando desanimada, não havia um motivo racional, só acontecia, aquela vontade de chorar que chegava a doer no peito, Andrew notava, por isso fez Cristina ir passar o dia comigo, eu não achava necessário, mas gostei, meus pais tinham viajado para ver como estavam as coisas em casa, e só voltariam no final da semana.

- o que vamos fazer?

- dormir - sugeri.

- nada de dormir, vamos fazer algo melhor.

- tipo? - perguntei.

- tipo tocar, ou tocar... Podemos sair.

- podemos ir até o teatro? Não fui lá recentemente - olhei ela de canto de olho.

- claro, mais eu dirigindo seu carro bacana.

- eu deixo, só por que minha barriga já ocupa muito espaço.

- ótimo! Vamos comer alguma coisa, passamos em casa para pegar meu violoncelo, por que tenho ensaio, e você fica lá olhando a melhor musicista tocar.

- melhor só por que eu não estou lá - brinquei

- melhor violoncelista - Cristina fez uma careta.

- justo - comecei a rir.


💻🎻




As vezes eu achava bobagem me sentir tão apreensiva por estar no teatro, mesmo de dia, mas eu vi duas pessoas morrer ali, quase morri, e quase perdi meu filho, agora estava tudo bem, os dois homens foram condenados, mas ainda sim, existia um certo medo, Cristina parou o carro em frente ao teatro e deu a volta me ajudando a sair, segurou firme meu braço e andamos juntas subindo as escadas.

- você fica aqui quietinha olhando o ensaio.

- claro, vou adora, sinto tanta saudades de tocar.

- vai voltar com tudo quando Nicolas nascer - Cristina me deixou entrar primeiro.

- falta tão pouco, da até um frio na barriga, um medinho de não ser boa mãe.

- você vai se sair bem.

- Meredith - uma das garotas da orquestra falou ao me ver.

- Emily - a abracei - tudo bem?

- sim! E você? Nossa sua barriga tá tão grande.

- eu sei, nem enxergo mais meus pés - falei rindo.

- posso? - ela aproximou a mão da minha barriga.

- claro... - não gostava muito de pessoas tocando minha barriga, mas quando pediam eu não me importava, era chato quando faziam sem pedir.

- que saudade disso, mas ao mesmo tempo que bom que já passou.

- não vejo a hora dele nascer.

- já tem nome?

- Nicolas - contei.

- que nome lindo, e tem um significado tão especial.

- sim!

Todos da orquestra falaram comigo, me arrastaram para a primeira fileira das poltronas e me deixaram "analisando" a performance, meu coração parecia bater no mesmo compasso da melodia, a sensação era tão boa, só queria estar entre eles no meu lugar de sempre tocando, não imaginei que precisava tanto estar ali.

O momento me trouxe paz, aquele medo que sentia passou, eu sabia que "o mal" ainda estava lá fora, mas sabia que poderia deixar de viver por isso.



💻🎻


Foi tão bom, tão bom passar a tarde ali, mesmo que não tenha tocado, ouvir aquela sinfonia, a união de cada instrumento, nossa como eu amava estar conectada daquele modo com a música, eu sabia que não dava pra ficar rica tocando, mas eu sobreviveria, sobrevivi antes de Andrew, tudo bem que não era lá essas coisas a vida, mas também não era a pior.

Peguei meu celular quando começou a tocar, era meu marido ligando, pela hora ele já havia buscado Giulia na escola e descobriu que eu não estava em casa.

Ligação on.

- oi marido mais lindo do mundo todinho - falei ao atender.

- me senti o homem mais feliz do mundo agora - Andrew respondeu rindo - onde você está esposa mais linda do mundo todinho?

- uma chance de adivinhar - deixei ele ouvir a melodia.

- no teatro? - sua voz saiu surpresa.

- sim! Com a sua amiga asiática, estou vendo o ensaio.

- que bom amor, ela vem te deixar?

- sim! Estamos de carro... Depois do ensaio vou levar ela em casa e vou para a nossa.

- quer que eu te encontre lá?

- não precisa Andy, tá tudo bem! Estamos bem, Nicolas também adora a orquestra... Mas aposto ele vai preferir direito a música.

- por que acha isso?

- porque é seu filho - brinquei.

- e seu! - era possível ouvir a risadinha baixa dele.

- ele pode gostar das duas coisas então - sugeri.

- ótimo, Giulia está com seus pais, estou voltando para o escritório.

- cuidado - falei.

- vocês também, se precisar me liga - tinha um pouco de preocupação na voz dele.

- eu ligo.

Ligação off.


💻🎻


Pov'Andrew.


Fiquei olhando o celular quase sem acreditar que Meredith estava no teatro, era tão bom ouvir isso, saber que no tempo dela tudo estava ficando bem, voltei para o escritório para conversar com Parker sobre os próximo dias, queria reduzir meu tempo no escritório pelo menos nos primeiros meses após o nascimento de Nicolas, como disse Saulo quando falei sobre isso "você pode se dar ao luxo", e ele estava certo, eu não ia me afastar totalmente, e não seria permanente, só iria por meio período, e tentaria resolver o máximo possível de casa, Parker daria conta junto com os dois associados novos, e se fosse de extrema importância estaria lá.

- o senhor vai tirar férias?

- não é nem férias, vou vir na parte da tarde, e se precisar pode ligar... Mas Meredith vai precisar de ajuda nos primeiros dias, e eu também quero estar com ela e nosso filho nos primeiros dias...

- eu não sei se estou realmente pronto.

- pois eu sei - falei com sinceridade - não faria isso se não tivesse certeza que vai se sair bem, e não vai estar sozinho, só vai fazer a maior parte do trabalho - brinquei.

- obrigado por confiar em mim senhor...

- você fez por merecer... Nas próximas dias semanas vamos estudar os casos que ainda não está por dentro... Saulo pode deixar comigo, se ele precisar de algo eu resolvo.

- tudo bem! O senhor Bello me causa medo - o garoto falou rindo.

- ele tende a fazer isso com as pessoas - comentei rindo.


💻🎻


Capítulo tá bem meia boca, mas o próximo vai ser o nascido nosso baby, vai tá melhor, cheio de emoções.

Dor e mi fa amorOnde histórias criam vida. Descubra agora