Dor e mi fa amor

58• Ainda não estou pronta para desistir.

Pov'Meredith.

Mesmo com o tratamento de Ellis tendo se tornado um momento difícil, pelo simples fato de ver ela tão mal, ainda sim estavamos bem, pude estar com ela em cada uma das sessões de quimioterapia, segurar sua mãe e apoiar ao máximo, eu sabia que isso só foi realmente possível por estar ali, por Andrew ter convencido ela a fazer o tratamento.

Eu pude conhecer um outro lado de Ellis, eu já sabia que minha mãe era uma boa pessoa, mesmo com sua atitudes extremamente religiosas, e foi nesse ponto que vi sua fé se fortalecer e aquela religiosidade cega mudar, minha mãe aprendeu também, eu ouvia sua pequena oração antes de cada sessão, aquele pedido "senhor que através desse remédio eu possa ser curada".

No final da primeira fase de aplicação o médico sugeriu fazer a cirurgia para retirada do tumor, ele havia diminuído, mas não sumido, Ellis ficou com medo, mas faria, era parte do tratamento, após a cirurgia seria feito uma segunda rodada de quimioterapia, aí sim o médico diria se ela estava bem ou não.

- tô com medo - minha mãe confessou - de não sobreviver.

- eu tô com medo, mas eu tenho fé... Você chegou até aqui mãe, eu sei que vai ficar bem.

- pronta para ir? - o médico perguntou.

- sim!

- te vejo daqui a pouco querida - Thacther deu um beijo na testa de Ellis.

Olhei para meu pai e meu marido, tentei ser forte na frente de Ellis, eu precisa ser por ela, mas na verdade estava apavorada, as chances dela não sair viva da cirurgia eram grandes, eu ainda não estava pronta para perder ela.

- vai ficar tudo bem - Andrew falou pegando minha mão.

- vai! - eu precisava acreditar nisso.

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- sabe o que eu lembrei? - Thacther murmurou um tempo depois, estávamos nos três na sala de espera.

- o que pai? - levantei o olhar.

- de quando você fez quinze anos e se recusou a sair de casa por causa das espinhas - ele riu.

- pai! - ele não ia contar isso para Andrew.

- por que? - meu marido se interessou na história - todo adolescente tem espinha.

- não daquele jeito - meu pai riu - e ela não queria sair para o Nick não ver.

- isso faz sentido - Andrew também estava rindo, gostava do fato dele não se importa em ouvir essas histórias, por que o que mais teve desde que meus pais vieram para são Francisco foi elas.

- eram horríveis - falei fazendo careta - tipo grandes e vermelhas.

- e como fugiu disso?

- não fugi, Nick falou que nem elas diminuíram minha beleza - dei de ombros - vocês só podem ser muito cegos mesmo.

- ou muito espertos - Andrew sugeriu.

- para - mandei sem jeito, o modo que ele me olhava me fazia ficar assim.

- parei, eu adoro essas histórias de quando você era adolescente.

Foi tudo o que Thacther precisou para seguir contando histórias constrangedoras, eu nem reclamei, só por que isso o distraiu, até o final da cirurgia.

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Da pra falar que deu tudo certo? Pelo menos até a página dois sim, Ellis sobreviveu a cirugia, agora era só se recuperar e começar a quimioterapia, então dado as circunstâncias deu tudo certo, minha mãe ainda estava viva, passou alguns dias no hospital então recebeu alta, Giulia fez uma pequena festa quando viu a "vovó" entrar, ninguém se atreveu a dizer que Ellis e Thacther não eram avós dela, até por que ela saia disso, Giulia era esperta.

Meu país se tornaram avós.

Saber que Ellis estava em casa no quarto ao lado ainda viva me dava paz, eu não queria ficar pensando naquela palavra tão pequena "ainda" porém não conseguia evitar, os últimos três meses fora assim, todo dia era uma vitória, até médico dizer que Ellis estava bem, eu não teria paz.

- você precisa relaxar amor, sua mãe está em casa - Andrew falou me vendo andar de um lado para o outro no quarto.

- eu sei, mas isso não me deixa tranquila... Ellis está muito debilitada, eu sei que ela tá tentando ser forte, mas eu tenho medo de ser demais... Da minha mãe só está tentando por nós, e se ela tiver pronta para partir e nós estivermos forçando?

- acha que ela quer desistir?

- não sei, só sei que ela sente muita dor, e imaginar minha mãe sofrendo me deixa sem chão - confessei - ela nem queria o tratamento agora está sofrendo.

- amor - Andrew parou na minha frente e segurou meu ombro me fazendo parar de andar - eu acho que deveria conversar com sua mãe.. perguntar como ela se sente em relação ao tratamento, se ela quer continuar, se quer parar... Você só vai saber se perguntar.

- não sei se tô pronta para ouvir ela falar que não quer mais - murmurei deixando minhas lágrimas sair - eu não quero perder minha mãe Andrew.

- eu sinto muito por isso... Mas deve perguntar - ele beijou minha testa - e não importa a decisão, eu vou cuidar de vocês... E se Ellis quiser parar o tratamento vamos garantir que ela fique bem.

- eu te amo tanto - abracei a cintura dele.

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Mesmo com medo da resposta, quando Andrew chamou Thacther para assistir jogo no estádio fui conversar com minha mãe, ela estava deitada na cama, era notável o tanto que ela emagreceu, seu cabelo era só lembrança, sentei na ponta da cama e peguei sua mão.

- oi!

- eles já foram?

- já, o papai saiu todo arrumado com a camisa do time que Andrew comprou... E muito animado - contei, meu marido era uma pessoa boa, e se importava realmente com meus pais, notava isso nos pequenos detalhes como aquele, levar meu pai para ver jogo de beisebol do time favorito do sogro, mesmo não sendo o seu.

- Andrew é um homem bom... Que bom ele levou seu pai para sair, só eu estou doente - ellis falou a meia voz - pode falar filha, eu sei que que falar algo.

- eu quero - dei uma risadinha nervosa - quando você soube que estava doente - fiz uma pause e limpei a garganta - não queria fazer o tratamento, mas está aqui... Eu sei que agora sente muita dor e se sente mal quase o tempo todo... Eu não quero te perder, mas eu quero que saiba que pode escolher parar... Se for demais pra você mãe - as lágrimas transbordaram por meus olhos - todos temos um limite... Quando sentir que o seu chegou, eu quero que me fale, não deve continuar por achar que eu ou o papai vamos sofrer... Só pode fazer se for por que quer.

- minha menina - ellis sentou devagar na cama e enxugou minhas lágrimas - obrigado por isso... Por me dar a chance de falar.

- mãe eu te amo, não quero ficar sem você, mas eu não quero que sofra mais do que o necessário só por nós.

- isso é motivo suficiente para continuar lutando - ela falou com firmeza - e eu ainda não estou pronta para desistir, ainda quero ser avó outra vez... Ainda não é o fim.

- mãe - abracei ela.

💻🎻

Capítulo bem família, bem cheio de amor e esperança!!!