3• Odeio velório.

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Pov'Andrew.

Hoje foi um dos piores dia da minha vida, o primeiro foi o dia da morte da minha mãe, quando tinha 16 anos e minha irmã Carina apenas 12 anos, sete anos depois foi a vez do meu pai. Esse foi o segundo pior dia da minha vida, até o presente momento, estava tudo bem, feliz, até ligarem usando o celular de Carina minha irmãzinha, contando que ela e Alerrandro Miller seu marido havia sido mortos em frente ao teatro por dois bandidos que tentaram roubar o carro deles.

Ainda estava tentando assimilar a notícia, minha sobrinha Giulia havia acabado de completar dois anos, e agora era órfã, sai de casa em direção a delegacia, estavam com uma das testemunhas.

Mesmo sendo um advogado, nesse momento eu me sentia só um merda, que não conseguia raciocinar, meu corpo estava em um automático, todos que amo morreram, QUASE!

Desci do carro e entrei na delegacia onde um velho amigo era delegado, na verdade uma velha amiga!

- Andrew - Taryn Helm chamou ao me ver entrar.

- Helm - sorri sem graça - onde está a pessoa?

- na minha sala, mas ela disse que não viu muita, coisa... Na verdade ela parece bem abalada.

- posso tentar?

- vai - minha amiga concordou.

Entrei na sala e vi a garota loira sentada na cadeira, ela parecia estar tremendo, mesmo toda empacotada, quando me viu entrar levantou o rosto e me olhou amedrontada.

- mais polícia - ela parecia falar consigo mesma.

- não sou polícia, sou advogado - murmurei.

- eu não preciso de um advogado, não matei ninguém, só tava no lugar errado, na hora errada - sua voz tremia mais que seu corpo.

- eu sei que não, mas o casal que foi assassinado, eram meu cunhado e minha irmã - sentei na outra cadeira.

- eu não vou falar isso! - a garota soltou.

- falar o que?

- nada! Tô pensando alto... Eu não vi direito, tava saindo do teatro, toco violino na orquestra... Dois cara passaram por mim e me fizeram cair no chão... Abordaram o casal que ia entrar no carro, o cara tava abrindo a porta pra ela... Eu parei pra olhar, foi quando eles anunciaram o assalto, levantei tentando me afastar de costas, não sei o que seu cunhado falou mais um deles ficou com muita raiva... - ela estava chorando sem parar - olha hoje não é um bom dia pra mim tá!!! Eu...

- nem pra mim... Eu só quero saber se viu o rosto de um deles?

- não, por favor me deixa ir... - a garota assutada levantou e via que o corpo dela tremia.

- só mais uma pergunta

- não vou falar mais nada, eu já dei meu depoimento... Me deixa ir pra casa e chorar pela morte.

- vai chorar por alguém que não conhecia? - perguntei intrigado.

- quero chorar por que hoje faz um ano que meu namorado morreu, eu tô nessa merda de cidade... Só queria tocar em paz, fingir que é só a merda de um dia comum... Mas ao invés disso tenho que ver outra pessoa morrendo... É como se... Por favor só quero ir pra casa, eu moro do outro lado da cidade, vou ter pegar um ônibus.

- tudo bem.... Qual seu nome?

- Meredith! A delegada sabe... Eu já contei tudo - Meredith pegou a maleta que deveria estar seu violino o saiu da sala.

Quando assimilei a informação dela, sai também indo atrás da garota, observei ela andar encolhida em direção ao ponto de ônibus, corri pra tentar alcançar ela.

Dor e mi fa amorOnde histórias criam vida. Descubra agora