05_ Eu tenho uma amiga rica!

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ㅡ Trixie... ㅡ Sussurrei seu nome enquanto olhava atentamente suas expressões. Eu espera uma daquelas expressões, tipo; " Uau! Você é rica? O que tá fazendo em uma escola pública? Faliu? " e algumas coisas tristes.

Mas a única coisa que ela disse foi;

ㅡ Espera, você é rica? ㅡ Ela deu um passo a frente ainda com uma cara confusa. ㅡ Por que não me contou quando nos esbarramos?

ㅡ Eu não queria que você se interessasse na minha amizade pelo meu dinheiro. Queria que fosse uma amizade de verdade, sem interesse pelos milhões e milhões que eu vou herdar um dia. ㅡ Dou de ombros. ㅡ Desculpa.

ㅡ Tudo bem, bobinha! ㅡ Ela riu vindo até a mim. Reparei que o Tyler já tinha saído dali, pude ver o mesmo indo em direção atrás da escola e a sua postura continuava a mesma. Como ele tinha uma coluna tão reta? ㅡ Acha que eu me importo com isso? Fala sério, eu posso até pensar que um dia eu possa ter dinheiro, mas não sou ambiciosa ao ponto de preferir dinheiro do que uma amizade. ㅡ Ela pegou em meu braço, acabei sorrindo com suas palavras. ㅡ Aliás, você pode comprar mais coxinhas para mim? Meu dinheiro acabou.

ㅡ Eu tenho sanduíches de presunto. A Flávia fez uns extras, mas eu gosto mais de pasta de amendoim. ㅡ Balancei a vasilha em minhas mãos fazendo ela sorri.

ㅡ Aceito. Mas, sem discussão, você vai pagar a minha coxinha. ㅡ Ela riu enquanto íamos em direção a árvore.

ㅡ Ok, eu pago a sua coxinha. ㅡ Ri dela enquanto sentavamos no chão a baixo da árvore. ㅡ Olha, eu queria ter te contado antes, mas eu fiquei com medo.

ㅡ Normal. Sei que existe pessoas que ligam pro bem material, mas eu não acho que o dinheiro é mais importante que os sentimentos. ㅡ Trixie falava. ㅡ Dinheiro pode até trazer felicidade, mas não é tudo.

ㅡ Diz isso para a minha mãe. ㅡ Murmurei abrindo a vasilha e pegando apenas o meu sanduíche de pasta de amendoim.

ㅡ Como é ter uma vida de rica? Deve ser tão incrível! ㅡ Trixie sorria. ㅡ Queria.

ㅡ As vezes tem suas vantagens. ㅡ Dou de ombros dando uma mordida no meu sanduíche. ㅡ O ruim disso tudo é que as pessoas me pintam como uma riquinha mimada que só pensa no próprio umbigo.

ㅡ E você não é?

ㅡ Claro que não! ㅡ Neguei rindo. ㅡ A minha mãe quer que eu seja. Só que eu não me encaixo no mundo dela, e nunca vou.

ㅡ Ela é daquelas mães ricas que te obrigam a participar do mundo delas de todas as formas possíveis? ㅡ Trixie me encarou. Ela descreveu a minha mãe, com certeza.

ㅡ Exato. ㅡ Assenti. ㅡ Ela quer mesmo que eu vá naqueles eventos malucos e chiques dela, só que até hoje não fui em nenhum. E nunca vou.

[...]

ㅡ Flávia? ㅡ Chamei pela mesma enquanto entrava em casa. Depois do intervalo, o resto das aulas passou normalmente. Recebi alguns olhares, Mas logo passou e eu voltei a prestar atenção na aula.

ㅡ Oi Joe! ㅡ Flávia saiu da cozinha arrumada e com uma bolsa de lado. ㅡ Que bom que chegou! Achei que demoraria mais.

ㅡ Ai, Flávia, desculpa. Eu sei que hoje é a sua folga, mas eu tive um imprevisto no caminho de casa. ㅡ Fiz uma careta me sentindo mal. Qual foi o imprevisto? Se pensou no Tyler, acertou. Acabei me desconcentrado ao vê-lo tão misterioso subindo na bicicleta com aquele olhar fechado.

Me lembrou muito de uma das minhas histórias.

ㅡ Ok, tudo bem. ㅡ Ela assentiu. ㅡ Olha só, deixei o seu almoço pronto, ok? Só esquentar no micro, e a noite eu volto.

ㅡ Por que? Hoje é a sua folga!

ㅡ Tenho que preparar o jantar.

ㅡ Flávia... ㅡ Segurei seus ombros. ㅡ Amanhã você volta, tá bom? A noite meus pais raramente jantam, e eu sei muito bem me virar sozinho. Posso pedir comida.

ㅡ Joe, sabe que a sua mãe não gosta de comida industrializada. ㅡ Flávia me encarou.

ㅡ Ninguém vai contar pra ela. ㅡ Pisquei o olho para a mesma. ㅡ Bom, já passou do seu horário. Até amanhã, Flavinha!

ㅡ Até amanhã, meu amor. ㅡ Ela deu um beijo na minha testa antes de sair de casa. Fechei a porta num suspiro.

Coitada, as vezes a minha mãe tratava ela como uma escrava.

Suspirei subindo as escadas com um semblante cansado. O primeiro dia foi melhor do eu esperava, tinha que admitir. Achei que ninguém iria fazer amizade comigo, mas logo no primeiro dia eu já fiz uma amiga que parecia ser uma boa pessoa.

Tirei meu celular do bolso ao sentir ele vibrando. Sentei-me na cama jogando a minha mochila na mesma, olho para o celular em minhas mãos vendo que quem me mandava mensagem era a minha mãe.

Mãe fabulosa- Oi Joe! Chegou em casa?

Não repare, quando eu ganhei meu primeiro celular a minha mãe me fez prometer que eu salvaria o nome dela desse jeito.

Até hoje tá com esse nome.

Joe- Cheguei sim.

Mãe fabulosa- Que bom!
Olha só, hoje não vou para casa na hora do almoço ok? Até tentei, mas tá uma correria aqui.

Eu já imaginava.

Joe- Tudo bem, mãe.

Mãe fabulosa- Ah, quando der 18hrs em ponto, se arrume bem maravilhosa que eu mandarei o motorista te buscar.

Joe- Me arrumar para que?

Mãe fabulosa- Hoje você vai representar a minha revista no evento maravilhoso que eu estou organizado faz semanas.
Até a noite!

•••

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