19- O Preto ao Luto

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Os olhos de Lucas abrem-se brevemente ao notar a presença de ruídos no quarto. Olha ao seu redor e percebe que Kristopher acaba de entrar no banheiro e fechar a porta e que seu irmão, James, desdobra algumas vestimentas que se encontram em uma pilha na beira do sofá do príncipe de Mahina.

Lucas se mantém focado nos movimentos de seu gêmeo com o intuito de saber o que ele faz ali. Coloca as mãos para trás da cabeça, acomodando-se ainda mais sobre o colchão e por entre as cobertas onde está deitado e arrasta-as um pouco para baixo com seus pés, voltando a dobrar a perna e observar o loiro escuro.

- Vai continuar me olhando ou vai levantar esse traseiro folgado da cama? - questiona James, sem ao menos se virar para ele.

- Não há motivo para tanta pressa - murmura, socando a cabeça ainda mais contra os travesseiros.

- O baile será daqui a duas horas e demoramos uma hora e pouco para chegar em Aisha. Para quê se preocupar, não?

- Uma hora e meia? - pergunta, erguendo o corpo involuntariamente, ficando sentado. De um instante para o outro, sente que todo o sono que antes o dominava desaparece - ainda assim. Não é como se eu demorasse mais que cinco minutos para me arrumar.

- Não entendo como ainda não me perguntaram por que levamos um desabrigado conosco em todos os eventos - murmura, colocando alguns ternos de lado e estendendo o escolhido no sofá.

- Porque sempre aparento estar mais bem arrumado que você.

- Como se fosse possível - vira a cabeça em direção a ele.

- Como se fosse impossível.

- Não sabe ao menos fazer o nó da sua gravata. Eu sempre o faço para você - debocha.

- E?

- E não sabe fazer o mínimo do mínimo. Agradeço aos céus todos os dias por você pelo menos saber colocar as calças sozinho - abre um sorriso estreito, caçoando de seu gêmeo.

- Apesar que não... - entra na pequena gozação para tentar dar a volta por cima - ainda peço ajuda da mamãe para abotoar os botões - faz um pequeno biquinho e ergue as sobrancelhas.

James deixa que uma forte onda de ar invada seus pulmões, com o intuito de deixar todo o velho se extravasar de seu corpo e ir embora junto das palavras de Lucas.

- Não sei por que insisto em tentar falar com você.

- Soube do novo namorado da Aurora? - Lucas muda de assunto. Ainda que saiba a resposta para sua pergunta – não –, ele faz o questionamento, por saber exatamente como será a reação de James.

- Namorado? - as roupas que outrora estavam em suas mãos são largadas sobre a cama e seus olhos cinzas correm rapidamente o cômodo até encontrar as íris verdes de seu irmão.

- Pois é - mantém um ar inocente, fingindo não saber sobre o desconhecimento de seu gêmeo - ela não te contou?

- Não - murmura.

- Receio que ela já não queira mais conversar sobre essas coisas com você.

- Sinceramente - bufa, saindo do quarto e empurrando a porta fortemente atrás de si. Sua intenção era fazer com que sua enraivecida saída fosse notada por conta do barulho, mas, pela porta ser arrastada suavemente com a leve brisa que invade o local, ela foi sutilmente fechada.

James direciona-se ao quarto de Diana rapidamente mantendo os olhos focados na porta agora à sua frente. Dá três batidas rápidas e espera alguns segundos.

- Pode entrar - escuta a voz abafada de Aurora do lado de dentro e abre a entrada, entrando e fechando-a novamente - bom dia - fala ela, sem perceber o humor do rapaz por estar arrumando alguns vestidos que se encontram em cima da cama da princesa dos cabelos escuros - se quer falar com Diana, é melhor esperar um pouco. Ela está se arrumando no banheiro.

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