The Kingdoms

21- Encantamento Mortífero

- Krystal, preciso que venha comigo - fala Arthur, virando-se e se dirigindo para um caminho não conhecido pela bruxa, esperando que a menor o acompanhe, e ela assim o faz, sem ousar abrir a boca para fazer questionamentos e justificar assuntos que nem ao menos foram discutidos ainda.

Com o passo rápido, a bruxa se dirige atrás dele apenas dando pequenos relances para trás, vendo a expressão de sua irmã: incrivelmente irritada e estressada. Krystal não deixa de pensar nas possíveis consequências que sofrerá por desobedecer Nerissa dessa maneira e a reação do rei ao começar a questioná-la e notar que há algo errado, algo que nem mesmo ela sabe do que se trata.

Atravessam alguns troncos e árvores e passam ao lado de alguns pequenos lagos. Escutam pássaros cantando, esquilos escalando os corpos de plantações e coelhos indo às suas tocas, mas não escutam uma única sílaba pronunciada um pelo outro.

O rei de Evanora depara-se com uma casa imensa e elegante, e é apenas então que Krystal entende: eles estão no reino de Evanora, a casa do rei, da rainha e da princesa.

Arthur adentra o primeiro dos cômodos e fala em alto e bom tom:

- Anne, querida, faça um chá de camomila para Krystal e para mim - atravessa alguns corredores e continua - por favor - a bruxa dos cabelos escuros vê a princesa passar velozmente ao seu lado e se dirigir para o local que acredita ser a cozinha da casa – dado que nunca ao menos entrara ali.

- Com licença - murmura Krystal, ao adentrar um cômodo não muito grande com pouca luminosidade, esta sendo apenas a que entra por uma das frestas das janelas do local. As paredes são todas feitas de madeira sem pintura por cima, diferente de todas as outras paredes da casa, as quais mantêm-se com o mesmo estilo e de coloração bege. Ainda que não tenha cor alguma exceto pela natural deste tipo de madeira – marrom escuro –, aparenta ser bem cuidada, apesar de velha: não tendo ao menos um arranhão.

Arthur senta-se numa cadeira que está posicionada em frente a uma mesa pouco maior que miúda onde encontram-se diversos papéis, canetas e pastas das mais variadas cores.

- Sente-se - diz ele, apontando para a cadeira à sua frente - a menina assim o faz, mantendo-se em silêncio.

Krystal sente-se tensa. Nunca ouviu dizer sobre uma única pessoa que esteve nesta espécie de escritório antes e, ainda que a família real zele pelos cidadãos e sejam um tanto chegados neles, não é comum que as pessoas do reino adentrem a casa do rei desta forma.

De repente, sem batidas ou avisos, a porta atrás de si é aberta, fazendo com que a pequena bruxa leve um susto e tanto. Anne entra no cômodo com uma bandeja em mãos e nela três copos cheios de um líquido amarelo, que é o chá de camomila que fora pedido. Apoia o que tem em mãos sobre a mesa e posiciona um dos copos para seu pai, o outro para Krystal e o outro ela agarra com uma das mãos, apoiando a outra na mesa, e leva-o até a própria boca.

- Então - começa a loira - sobre o que conversaremos hoje?

- Não, Anne - fala o rei - hoje conversaremos apenas Krystal e eu - as palavras de Arthur deixam a bruxa ainda mais tensa. Preferiria muito mais que a princesa ficasse junto a ela, pois acreditava que amenizaria o clima. Ao saber que a presença de Anne estará fora de cogitação, põe-se ainda mais nervosa do que antes.

- Tudo bem - a fada assente e coloca uma das mãos no ombro da mais nova - boa sorte - dirige-se à porta, saindo e fechando-a.

- Pois bem - começa Arthur e limpa a garganta.

- Olhe, antes que diga alguma coisa, eu também não sei o que está acontecendo e não acredito que haja maneira alguma que o senhor possa me ajudar. Nunca vi algo assim acontecer nos meus livros, isso porque pesquisei bastante depois da primeira vez que aconteceu comigo. Resumindo, não sei por que estou aqui e não acho que qualquer ajuda que possa me oferecer realmente fará alguma diferença - tampa a boca rapidamente e aparenta estar assustada com o que acaba de dizer - sinto muito... não foi proposital.