20- Limão Siciliano e Kiwi

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Jade a arrasta até o fundo do salão, em uma parte menos iluminada onde há uma imensa fileira de pilares grossos e ásperos de tonalidade bege, mas que parecem um pouco amarelados por conta dos reflexos das luzes.

- Você realmente não se cansa, não? - Jade vocifera, ainda apertando o braço de Diana.

- Solte o meu braço, por favor - fala, mantendo o tom de voz controlando para não demonstrar fraqueza. Lágrimas começam a invadir seus olhos ao ver a marca que a mão de sua mãe deixa em seu braço. Os nós dos dedos da mais velha estão brancos por conta da força feita por ela e o arredor do local onde ela toca passa a ficar vermelho.

- Deve chamar atenção em todo o lugar que vai e em cada pedaço de chão que pisa, não? Que espécie de necessidade é essa?

- Solte o meu braço, fazendo favor - recusa-se a se submeter à situação na qual sua mãe a coloca sempre. Cansou de obedecer ordens e se manter da mesma maneira, com a mesma relação desde pequena. Já chegou várias vezes a pensar que pode agir da forma que quiser com sua mãe, pois quando age bem, é maltratada, e quando age de maneira que não agrada Jade, recebe o tratamento péssimo também. Se as coisas tomam esse rumo, para quê se esforçar para agradá-la? – esse pensamento vai e volta da cabeça de Diana várias vezes, em grande maioria quando a rainha é injusta com ela, e este é um dos momentos em que estas palavras não cansam de martelar suas ideias.

- Não conseguia ficar quieta? Simplesmente invadiu o castelo de Aisha e entrou no quarto da princesa para arrancá-la de lá e esperava que todos nós aplaudíssemos?

- Está machucando meu braço - sua voz agora sai trêmula, mas ainda demonstrando estar segura do que diz - solte-o, por favor.

- Há um tempo que estou suspeitando que você deve ter um sério problema, mas não sabia que ele poderia chegar a tais proporções. Você é uma menina irresponsável, não amadureceu e parece que nunca o fará - um sorriso debochado escapa dos lábios da mais velha - até hoje gargalho com as palavras de seu irmão questionando minha opinião sobre você se tornar rainha de Mahina... por favor, não sabe ao menos respeitar o baile de um funeral.

- Está machucando meu braço.

- Não que eu me importe com isso, pouco me importo com este funeral e muito menos com Rolland. Estamos aqui para nos aproximarmos de mais famílias reais para ganharmos mais dinheiro porque, não sei como, mas, de alguma forma, fez com que seu irmão desistisse de assumir o trono e, ainda por cima, atraiu todas as atenções naquela noite para você, puxando Lucas para dançar. Entretanto, adivinhe só: não vou deixar que roube as atenções esta noite, Diana. Eu não vou. E, se você se atrever a cometer o menor dos deslizes, terá que se virar comigo depois. O recado está dado, faça o que quiser com as informações que tem - solta o braço de Diana, empurrando-a brutalmente para trás. A princesa, sem delongas, bate as costas contra o grosso pilar atrás de si enquanto Jade se afasta sem ao menos olhar para trás, colocando novamente um sorriso no rosto e agindo como se nada tivesse acontecido, como sempre o faz.

Sem demora, a princesa de Mahina limpa algumas das lágrimas em seus olhos que estavam prestes a cair, mas que segurara a todo o momento, utilizando as costas das mãos. Avança em direção ao seu rumo inicial: o balcão onde seu irmão e os Akira se encontram. Tudo o que precisa agora é conversar com Kristopher. Precisa de seu abraço. Precisa ser acolhida.

Com largos passos, aproxima-se cada milésimo mais do local tão desejado, porém, ao chegar nele, percebe que nenhum dos quatro se encontra ali. Desanimada, senta-se sobre um dos pequenos banquinhos, apoia os cotovelos no balcão e a cabeça sobre as mãos.

- O que vai querer? - pergunta o atendente, esfregando um copo com um pano.

- Eu não quero... - pensa bem no que dizer e logo prossegue - o mais forte que tiver.

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