The Kingdoms

42- O Babaca e a Impostora

Quando a aurora estampada no céu se distancia e dá abertura para um quadro completamente banhado de sol, Diana está adormecida nos braços de Álix, que se mantém acordado até então, tomando conta da princesa e se certificando de que ela dorme bem.

Os olhos da princesa se abrem confusos quando o rapaz acaricia um de seus braços com a intenção de acordá-la para aconselhá-la a ir para a cama ter ao menos algumas horas de sono adequadas.

- Álix? - indaga ela, olhando a redor enquanto ergue vagarosamente o corpo, ainda com os braços nele.

- Bom dia, princesa - murmura ele, abrindo um sorriso cauteloso - é melhor ir para sua própria cama agora, não acha?

- Claro, claro - franze as sobrancelhas e muda o assunto, ainda sentada - antes, posso te fazer uma pergunta?

- Quantas quiser.

- Por que estava aqui de madrugada?

- Eu tinha acabado de voltar de viagem. Estava visitando meus pais e acabei perdendo a hora quando tinha que voltar para cá. Vim para o jardim porque estava um pouco enjoado, a carruagem estava sacudindo demais. Você chegou quando eu estava prestes a me levantar para ir para o quarto.

- Entendi.

- É uma pena que eu não tenha voltado antes para ir ao baile, adoraria tê-la visto bela como está, dançando com este vestido. Talvez eu pudesse até ter dançado com você.

- Teremos muitas oportunidades para dançar em bailes ainda. Não sei quanto tempo você se hospedará aqui, mas quando o projeto acabar, você permanecerá com o título de nobre que ganhou ao ficar em Mahina e sua família ganhará os mesmos benefícios. Quando você for embora, ainda nos veremos por muito mais tempo - dá uma leve cotovelada no braço dele - e você pode visitar sempre que quiser também.

- Sei disso, e estou ansioso para quando acontecer.

- Está ansioso para ir embora? - abre um pequeno sorriso, levantando-se do balanço.

- Jamais. Ficar longe de você deve ser considerada uma das coisas mais difíceis de se fazer.

- Então aproveite enquanto está por aqui.

Assim que chega ao quarto, a princesa se joga na cama e solta um longo suspiro na esperança de que todas as suas mágoas escapem com ele. Ao contrário disso, as emoções a invadem ainda mais fortemente. Volta a chorar, cobrindo a boca com uma das mãos para que não a escutem, e logo respira fundo, brigando com a própria mente para ser mais forte. Lembrando-se de que não a nada com o que se magoar. Que nada pode ser feito por ela.

Senta-se na cama e leva a mão até o pescoço, tocando a correntinha de sol. Sem pensar, mas tendo o pressentimento de que pensara nisso a noite inteira, abre o fecho e o solta um do outro, apoiando o colar sobre a escrivaninha. Não há motivo algum para usar o colar. Não mais.

Deita a cabeça no travesseiro novamente e, ao contrário de como pensou que seria, um imenso peso cai sobre si. Aquilo de fato aconteceu. Ela de fato o viu com outra mulher. Não foi ele quem disse que eram como o Sol e a Lua? Desde quando as estrelas também estão envolvidas nessa história?

Com os pensamentos a mil, pega a correntinha nas mãos, se levanta da cama e vai até a mesa de seu quarto que tem papeis, penas e tinta e se senta na cadeira. Solta um breve suspiro e se põe a escrever, não deixando de riscar algumas partes da carta, por estas serem frases mal pensadas ou fatos dos quais ela tenta mentir para si mesma sobre, dos quais ninguém, nem mesmo Lucas, pode sonhar que Diana já chegou a escrever sobre.

"Olá,

Não vou escrever um vocativo por vários motivos. O primeiro deles é que não sei como devo chamá-lo, o segundo é que não enviarei essa carta a você nem morta. Já passei por muitas humilhações hoje por culpa sua e não passarei por mais uma apenas pelo fino fio de esperança de que estou apenas alucinando e de que toda essa noite não passou de uma ilusão que minha cabeça criou para pregar-me peças. O terceiro motivo é que você não merece nem um pingo de minha atenção. Não depois dessa madrugada. E sinto que se eu de fato escrever seu nome aqui, lhe darei os holofotes que você tanto deseja.