66- Lágrimas dos Céus

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Um segundo passageiro, uma migalha de um inteiro. Extenso quando ansioso, miúdo quando amoroso.

Em cinco minutos, seres nascem, sentimentos adoecem e pétalas se despedaçam.

Uma semana passa com o vento, de forma astuta, com descontentamentos. A saudade cresce e seus frutos bota. Azar daqueles distantes da costa.

Duas semanas são o dobro de uma. Plicese não é Plicese senão uma junção de Mahina e Aruna. A junção não fora feita, se desenrosca e se enrosca. Lute a sua luta antes da fraca luz tornar-se rodiosa.

——︎Duas Semanas Depois——

Lucas passara as duas últimas semanas inquieto. Saira para cavalgar a maioria dos dias, treinara arco e flecha, sentara-se em sua varanda desde o anteceder das auroras até ter de se despedir do sol e recusara-se a dizer sequer uma palavra sobre tudo o que fora descoberto com quem quer que fosse. Passara os últimos dias sozinho, tendo como sua única companhia o astro luminoso.

O príncipe nem ao menos deixara que seus olhos caíssem na correntinha de lua, apesar de ela estar presa em seu pescoço até então. Recusa-se a pensar nela, ainda que a sinta pendurada sobre seu peitoral, queimando sua pele como uma ferida aberta.

Aurora e James agem como se nada tivesse acontecido, apesar de falarem sobre os acontecimentos a todo o momento – a princesa por meio de piadas, o príncipe por sarcasmo – e de estarem ligeiramente mais quietos que o normal. À medida que os dias foram se passando, deixaram de mencionar o tópico perto de Lucas por perceber que ele sempre abaixava a cabeça, que a tristeza voltava a invadir seus olhos e o sorriso forçado em seus lábios murchasse ainda mais.

Diana utiliza essas duas semanas para se convencer de que seguiu em frente. Se convencer de que tudo está bem e de que Lucas é de fato uma pessoa ruim, mentirosa – assim como ela mesma, sua mente não falha em lembrar. Utilizara essas duas semanas para superar a morte de Amanda, mesmo sem ter tido progresso algum. Utilizara essas duas semanas para brigar consigo mesma, xingando-se por ter falhado com a empregada, com Lucas, com toda a família Akira e com Aurora e Anne. Utilizara essas duas semanas procurando um meio de se comunicar com as gêmeas de Cila e culpara-se mil vezes mais ao falhar.

Por sorte – ou azar –, a princesa tivera companhia de Álix em cada hora dos dias. O rapaz certificava-se de que ela estava bem e de que não precisava de alguma coisa.

Álix chegara a beijá-la uma vez nesse meio tempo, e, ainda que Diana sentisse falta desse conforto, o afastara no mesmo momento, agradecera por sua ajuda e tudo o que anda fazendo por ela e dissera que não se sente pronta para começar dessa forma, dissera que quer fazer as coisas da maneira certa dessa vez.

Ainda que Jade e Thomas estejam contentes por conta de toda a fortuna e riquezas acumuladas, alguns aspectos andam os preocupando. Não pensaram antes sobre isso, mas Helena e Gabriel podem denunciá-los por traição a qualquer momento, e, além de terem de pagar uma imensa multa, também terão os laços cortados com todo e qualquer reinos com os quais tenham relações. Por sorte, não receberam carta alguma. Por enquanto.

——☽——

Diana está debruçada sobre a mureta da varanda de seu quarto observando os reflexos dos raios solares dançarem por entre as metades da pérola quebrada de sua pulseira que a conectava com Anne e a correntinha de sol. Ambos os acessórios estão em suas mãos e não passam de lembretes de que cada esforço dela apenas destrói ainda mais tudo o que toca.

- O que está fazendo? - pergunta Álix, aproximando-se dela.

- O de sempre - mal se vira para respondê-lo.

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