63- Para Sempre

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Folhas mortas, pétalas caídas

Mal se despede e não se prepara para partidas

Povo reunido, floresta encantada

De poções e mágicas surgido, em chamas, apagada

Sorte dos à sete palmos sobre a terra, espécies pegas, enjauladas

Não é o mesmo viver sem vida e morto, enclausurado?

Com poderes as árvores ressurgem, se regeneram, renascem

As cinzas tornam-se puras, aos poucos limpas, não são miragens

O reino outrora de criaturas místicas torna-se um local em construção

Após anos em harmonia, todos caídos, sem ar no pulmão

Os céus enviam seus poderes para se refazerem aos poucos

A Floresta Evanora se reergue sozinha, os que tentaram derrubá-la não passam de loucos

——ꕥ——

- Certo, qual é o plano? - questiona Mateo, olhando todos nos olhos.

- Os atrairemos novamente e deixaremos que levem um de nós. Estaremos com rastreadores mágicos, assim, conseguiremos localizar facilmente o local para onde levam os cidadãos. Com sorte, encontraremos não apenas os que foram sequestrados recentemente, mas também aqueles levados nas outras invasões - Arthur diz.

- Acho muito arriscado fazermos isso. Já perdemos muitos de nós, não podemos simplesmente nos entregar a eles como iscas - Krystal diz.

- E você sabe o quê, garota? Mal saiu das fraldas - Nerissa a repreende.

- Não apenas sei mais do que você, como também tenho as habilidades que deveriam ser suas.

- Sem brigas, meninas - Pearl faz com que se calem.

- Krystal está certa, pai - fala Anne - deve haver outro jeito.

- Estamos sem tempo para isso - fala Monique.

- Não estamos sem tempo. A floresta está se regenerando pouco a pouco, seu brilho está retornando - Kira diz.

- É verdade, as cores frias já estão mais fixas e as quentes estão ressurgindo aos poucos.

- Já se passaram três meses e a floresta não chega nem perto da metade do que era antes - Diego contradiz.

- Não é por isso que devemos descartar todo o progresso feito por ela - Tiago fala.

- Defenda sua namorada em outro momento, de preferência, alguma hora em que ela esteja certa - reclama o fauno.

- Não somos namorados - diz Anne, lançando um olhar doce ao sátiro quando ele olha para ela.

- Teremos de achar outro jeito para discutir sobre estratégias - Pearl fala, colocando as mãos sobre os ombros de seu marido - não faremos progresso algum se continuarmos apenas brigando uns com os outros.

- Eu sei, você está certa - responde o rei, respirando fundo.

——ꕥ——

Horas mais tarde, Anne e Tiago estão deitados lado a lado na cama da princesa. Um dos braços dele a rodeia enquanto o outro faz cafuné em seus cabelos loiros. A discussão mais cedo a deixara nervosa, principalmente por saber pelo que seu pai e sua mãe estão passando: por incrível que pareça, liderar doze seres mágicos parece ser muito mais complexo do que liderar um reino inteiro. Além disso, a Floresta Evanora sempre fora como uma casa para a princesa, e presenciar todo o dano por ela sofrido e não ter sido capaz de fazer absolutamente nada para salvá-la a destrói completamente por dentro.

- Obrigada por estar comigo - ela cochicha, aninhando-se mais a ele.

- Sabe que sempre estarei aqui para você.

- Eu sei.

- Anne, há algo que quero lhe dizer há um tempo.

- Sou todo ouvidos.

- Posso soar emocionado ou adiantado demais, mas estou guardando isso há muito, muito tempo dentro de mim e realmente queria ter a certeza de que você sabe - quando ele recebe o silêncio como resposta, prossegue - eu te amo, e acho que vou te amar para sempre.

A respiração dela falha, parece nem ao menos estar presente.

Ar? O que é isso? Nada que esteja em seus pulmões.

Anne já sabia sobre isso. Todos sabiam. Só não esperava que ele fosse dizer algo assim tão repentinamente.

- Tiago, eu... - gagueja.

- Não preciso que diga que o sentimento é recíproco, eu só queria me certificar de que você sabe sobre isso e que pode contar comigo. Sempre.

- Eu sei disso, sei de tudo isso, Tiago. Você sabe o que sinto por você. Sabe que o sentimento é recíproco, mas não sei se consigo o dizer em voz alta.

- Por quê?

- Porque não houve um único "para sempre" que eu tenha dito que não se acabou - diz por entre um sussurro, pensando em sua família, que dizem ser conectados por laços, mas a abandonaram quando estava indefesa.

Tiago deposita um beijo no topo de sua cabeça e cochicha, puxando-a mais para perto:

- Não preciso que diga nada. As minhas palavras suprirão tudo o que sentimos um pelo outro. 

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