Marie anda pelos corredores de flores e plantas do jardim de seu palácio acompanhada por seu marido enquanto discutem os acontecimentos recentes.
- Lucas e Diana se resolveram - ela diz.
- Quando?
- Há três dias.
- Como sabe disso?
- Lucas teve uma briga com os pais e com o irmão. Assim que se resolveram, adentraram o palácio de Aruna para conversar com Gabriel e Helena, mas a notícia não foi bem recebida. Lucas se recusou a se afastar da menina.
- Isso nos beneficia de alguma forma? Essa reconciliação?
- Ah, meu bem - fala com um sorriso, parando em frente a uma orquídea lilás e segurando suas pétalas por entre os dedos - há um tempo que mudamos os planos. Desde que as coisas saíram do controle e houve toda aquela história do divórcio - arranca a flor e a encara com delicadeza - vamos esperar um tempinho e eles traçarão nosso caminho de uma forma muito mais benéfica do que o faríamos antes. Tudo está entrando nos eixos - suspira - posso finalmente dizer que tenho um sobrinho preferido - sorri - a salvação deles também será sua perdição - amassa a flor com brutalidade e joga seus resquícios desfeitos no chão com um sorriso no rosto.
Andrew sorri com a empolgação de sua esposa e questiona:
- Os papéis de nosso criado mudo foram pegos por aquela empregada. O que faremos sobre isso?
- Por que acha que enviei aquele guarda atrás dela? Notei que os documentos e o quadro haviam sido remexidos assim que a poção derramada em torno deles enviara um sinal a mim e ao guarda, que fora posicionado ali naquela manhã já sabendo que deveria matar quem quer que se tocasse nos papéis. O problema é que aquele inútil não foi eficiente o bastante para assassinar as duas quando teve a chance.
- Não acha que a princesa fará algo com as informações que tem?
- O que ela poderia fazer? - dá de ombros - você deve manter em mente duas coisas: a primeira delas é que Aurora não acreditará em Diana tão fácil assim, se sente traída por ela, até porque de fato fora traída por ela. E Diana não tem meios para se comunicar com Anne, não deve nem mesmo saber quem ela é.
- E a segunda? Sobre Plicese?
- A segunda, meu bem, é que você deve entender de uma vez por todas que tudo o que fazemos é calculado. Se deixei aquela escritura ali naquele dia em específico e mandei aquela empregada em específico arrumar o andar de nosso quarto, é porque eu sabia que a informação chegaria até Diana. E agora ela nos dará até mais do que almejávamos.
- Se sabia sobre tudo isso, por que não arranjou outra forma de entregar a informação para Diana? Por que nos incriminar desse jeito? Para que matar a empregada?
- Nos incriminei para que Diana saiba o tipo de gente com a qual está mexendo e assassinamos a empregada para reforçar o recado. Agora ela sabe que não deve repassar as informações que tem para qualquer um, porque quem souber delas terá consequências.
- Sabe que não podemos ficar atrás da garota a todo o momento nos certificando de que ela não contará a ninguém, certo?
- Está tudo sob controle, não se preocupe.
——☽——
Há três dias, após perdoarem um ao outro no gazebo de mármore e permanecer ali por horas beijando-se e conversando, Lucas e Diana adentraram o castelo para conversar com Gabriel e Helena e lhes explicar toda a situação, desde a noite em que houve o jantar de anúncio de que Kristopher se tornaria o rei até aquele dia.
Ao contrário de como acharam que seria, o rei e a rainha não aparentaram simpatizar com a história. A ideia de interferirem, infringirem e passarem a impressão de que não há sentido para haver leis apenas fez com que a preocupação dos mais velhos aumentasse velozmente.
Quando Gabriel e Helena conversaram com ambos a respeito de não acharem que essa relação seja algo benéfico tanto em quesitos econômicos quanto em questões sentimentais para os envolvidos, não deixaram de mencionar que acreditam que a presença de Diana no palácio pode não passar de uma tentativa a mais de enganá-los apenas para colocar as mãos em suas riquezas novamente, sem ao menos se importar com o fato de que ela estava à sua frente ouvindo tudo o que diziam o tempo inteiro.
Ao escutar Lucas defendê-la e ir contra seu ponto de vista com mais fúria que nunca, os reis acreditaram não haver solução melhor para afastar os dois, senão proibindo a entrada da princesa no reino de forma definitiva. Fazer isso apenas causou ainda mais conflitos, pois Lucas anunciara que não voltaria a pisar em sequer um centímetro do território de Aruna se Diana não o fizesse com ele.
A discussão se encerrou quando, decepcionados e entristecidos, Helena e Gabriel se retiraram do salão dando adeus ao seu filho e dizendo que os portões estarão sempre abertos para ele, e apenas ele, quando tomar ciência de suas ações.
Mesmo que a princesa tenha insistido mais de uma vez para que ele volte para Aruna e se resolva com seus pais, ele sempre se volta para o mesmo argumento: está feliz com ela e a alegria que ela lhe trás compensa as consequências com as quais tem de arcar.
Agora, Diana e Lucas estão sentados no balanço da princesa enquanto conversam. Por sorte – e interesse –, Jade aceitara que o príncipe passe quantos dias forem necessários no palácio de Mahina até que tudo esteja resolvido. Ainda que um de seus motivos para lhe dar tal permissão seja debochar de Helena por ter roubado certa quantia de dinheiro e agora também seu filho.
Apesar disso, Lucas não consegue sentir a mínima gratidão por Jade, justamente por haver uma linha branca quase imperceptível, mas perceptível aos seus olhos, marcando o lado direito do rosto de Diana, desde a maçã do rosto até sua têmpora.
Desfrutaram dos últimos dias como gostariam de tê-lo feito há muito tempo: acordaram e adormeceram um ao lado do outro, comeram todas as refeições juntos e a conversa fluiu como se não parassem de surgir assuntos sobre os quais querem falar um com o outro.
Diana dissera a Lucas que Álix já não está mais em Mahina por não haver mais motivos para tê-lo ali por conta de o programa de caridade ter sido apenas um grande mal-entendido de seu pai e por ter descoberto sobre as mentiras dele. Deixara de fora da narrativa tudo o que acontecera em seu quarto no dia em que o rapaz se foi.
A princesa também lhe falou sobre a morte de Amanda e contornou a história de como acontecera. Inventara uma desculpa qualquer para não mencionar que o último suspiro da ruiva fora nos aposentos reais dos tios do rapaz.
Contara a ele também a respeito de Plicese e do poema. Lhe contara todas as informações que conseguira retirar dele, tanto em relação aos seus laços com a floresta quanto sobre o fato de Mahina e Aruna terem sido um único reino algum dia.
Entretanto, quando fora mostrar a ele as escrituras, abrira a gaveta na qual trancara os papéis e o quadro e se deparou com nada mais que cinzas e o poema. De alguma forma, o quadro e as certidões de nascimento das gêmeas transformaram-se em nada além de pó.
Com isso, Diana lhe apresentara as escrituras e deixara de mencionar sobre a relação de Aurora com Anne, dado que pretende achar um meio de provar que é verdade o que tem a dizer sobre as loiras para que ele nem ao menos sonhe em desconfiar dela a respeito de nada.
Desde que ele descobrira sobre a farsa e a perdoara, Diana tem medo de fazer com que ele perca a confiança que tem nela novamente.
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The Kingdoms
RomanceO Sol e a Lua. Mesmo que um apareça apenas na ausência do outro, eles continuam tendo uma conexão inabalável e inexplicável. Esta história é sobre um outro Sol e uma outra Lua. Astros os quais, ainda que tenham uma imensa conexão, acabam sendo separ...