28- Desencantamentos Encantados

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Ao se aproximar do palácio, notam que os portões estão escancarados, apenas esperando que algum deles o toque para deslizar para trás e lhes dar passagem para dentro do palácio.

Diana, a princesa deste reino, é a primeira a tomar uma iniciativa. Empurra a porta e adentra a enorme construção com Lucas logo atrás de si.

- Sabe onde eles estão? - questiona ela.

- Saí desacordado daqui, é claro que não sei.

Seguem pelos corredores e escadarias até, por fim, chegarem à ala dos empregados, no andar mais baixo do castelo, o qual se encontra no subsolo, onde preparam as refeições e lavam as roupas da família real.

Com um pé atrás, olham ao redor amedrontados, ainda que não queiram admitir. O castelo de Mahina nunca esteve tão silencioso: não há um rastro de falatório, um assoviar dos esbravejares de Jade, um acorde dos instrumentos de Kristopher.

- Aurora está aqui - Diana fala, sua voz claramente assustada - desacordada - completa.

Lucas dá a volta na bancada, posicionando-se em frente à princesa dos cabelos escuros, a alguns metros dela, e abaixa o olhar, deparando-se com sua prima deitada no chão com os olhos fechados.

- Qual dessas poções acha que devemos usar nela? - questiona, erguendo os frascos dados a eles por Anne.

- Estão etiquetadas, não estão?

- Não sei - murmura, tentando revirar alguns dos vidros, mas falhando ao quase deixar alguns deles cair.

- Se os derrubar, nem ao menos conseguiremos ver o que fazem, gênio! - fala, mal humorada, aproximando-se ligeiramente para segurar alguns frascos.

- Gosto quando me chama assim - olha para ela, ignorando que ela apenas se aproxima para pegar os vidrinhos de seus braços e apoia-los sobre a mesa.

- E eu gosto quando você fica quieto. Venha, ajude-me a ver qual desses devemos usar nela.

Lucas e Diana pegam alguns dos potes e leem os nomes ali escritos. Se ao menos houvesse um bilhete informando-lhes qual o poder de cada um deles, a situação estaria muito mais fácil, mas tudo o que veem são nomes dos quais nunca ouviram dizer.

- Este aqui se chama Despina, será que vai despi-la? - indaga o príncipe, perguntando mais para si mesmo do que para sua companhia, mas logo se direciona a Diana - quer testar em você? - ergue as sobrancelhas, entusiasmado com a ideia.

- Sinceramente - bufa, irritada - este aqui se chama Eos... espere. Já ouvi esses nomes antes, estão todos nos meus livros sobre Evanora! Volto em um instante - anuncia ela, sem esperar por uma resposta de Lucas, e pula alguns degraus das escadarias, correndo pelos corredores e atravessando portas. Ao chegar em seu quarto, vai até as enormes prateleiras decoradas por flores e luzes – imitações daquelas postas por ela ao redor de todo o jardim – e pega a escada de madeira que desliza de um lado para o outro, tendo o alcance de toda a fileira, presa na parede. Sobe alguns degraus para que consiga pegar os livros de Evanora e procura por um específico, um que tem informações a respeito de poções da floresta que eram utilizadas pelos antigos reis do reino há séculos.

Todo e qualquer pedaço de folha que contenha informações a respeito da Floresta Evanora que pertença à princesa é colocado no canto superior esquerdo das prateleiras de livro de Diana, justamente para que, caso qualquer pessoa – especialmente seus pais e seu irmão – tenha vontade de ir ao seu quarto para procurar por algum livro ou apenas olhar a prateleira de relance, não tenha a mínima ideia de que a princesa tem informações sobre a floresta. Não por conta de ter informações extremamente importantes, mas porque tudo que faça ao menos a menor referência sobre a floresta fora queimado no dia em que Diana fora sequestrada.

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