64- Novos Rumos

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Marie e Andrew estavam atentos quando Kristopher, Aurora e James conversavam sem parar a respeito do relacionamento peculiar de Lucas e Diana, quando Mia adentrou o salão sorridente e se aproximou da família Akira sem ressentimentos, quando Álix revirara os olhos e saíra de perto toda vez que assuntos que tinham relação com o príncipe dos cabelos loiros e a princesa dos cabelos escuros eram abordados e estavam antenados quando Lucas e Diana desceram as escadas juntos enquanto a mão do príncipe a guiava pela lombar e sorriam um para o outro sem conseguir desviar os olhares.

Marie e Andrew estavam atentos quando Mia cumprimentara Lucas e Diana e repararam como todos tinham sorrisos nos rostos, quando a princesa dos cachos loiros conversara e abraçara a princesa dos cabelos anoitecidos, quando Mia, Aurora e Diana afastaram-se dos outros para conversar como sempre o faziam meses atrás e quando a princesa de Aisha fora falar com Lucas como se o divórcio não tivesse passado de um patamar avançado por eles que apenas melhorou sua vivência um com o outro.

Marie e Andrew estavam atentos quando Lucas e Diana sumiram durante um certo período da festa, quando reapareceram na companhia um do outro com o rímel da princesa um pouco borrado e os olhos avermelhados, quando o rosto de Diana estava caído para o chão e ela estava pensativa e ele erguia seu queixo e lhe abraçava e quando passavam um pelo outro se encarando descaradamente disfarçadamente.

Marie e Andrew estavam atentos quando Lucas inventara a pior das desculpas para que a família Astrid passasse a noite no reino de Aruna, quando Helena e Jade se entreolharam com sorrisos de satisfação nos rostos por seus filhos estarem se dando bem – e pelo dinheiro –, quando Gabriel assentiu com a cabeça dando-lhes permissão para passar a noite em seu reino e quando Thomas afagara os cabelos de sua filha em concordância.

Marie e Andrew já não estavam mais atentos quando as famílias reais de todos os reinos se retiravam do salão para voltarem aos próprios reinos, quando os Astrid e os Akira adentraram a mesma carruagem e nem quando Aurora escapara de seus pais e invadira o veículo de seus tios para se juntar a eles no reino do sol. Não estavam atentos por estarem ocupados demais indo até o porão do palácio.

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Ao apagar da última vela, ao soprar fraco da brisa e ao fechar da carruagem que mais tardara, Lucas e Diana estão aconchegados na cama do príncipe dos cabelos loiros. A princesa está de costas para o rapaz numa tentativa de esconder as lágrimas que escorrem por suas bochechas ao ter a cena de Amanda deitada no chão, atravessada por uma flecha ensanguentada estampada e rascunhada em cada fragmento de seus pensamentos.

Lucas percebera já no baile que Diana não quer conversar sobre o que vira ou acontecera durante a festança para que agisse de forma tão distinta. Portanto, com os braços a rodeando e com o queixo apoiado sobre seu ombro, ele a segura mais firme a cada arfar e soluço por ela soltados.

A noite se arrasta tão lentamente quanto como se estivesse se desfazendo e prendendo-se em areia movediça a cada movimento de avanço para um novo dia, um novo amanhecer.

Ainda que tente, Diana não consegue deixar de pensar na ruiva que estivera ao seu lado desde seu primeiro momento na terra, desde seu primeiro passo, sua primeira palavra, sua primeira mágoa. Não consegue deixar de pensar na ruiva que estivera ao seu lado em suas vitórias e derrotas, que estivera ao seu lado para aconselhá-la e guiá-la, escondê-la de Jade quando a rainha estava brava, irritada. A ruiva que estivera ao seu lado nos bailes quando pequena, que roubava doces das mesas de sobremesa e se escondia embaixo das mesas e dentro de cômodos para assistir aos príncipes e princesas se deliciando com as guloseimas.

Diana se levanta da cama suada e zonza, saindo do conforto dos braços de Lucas. Cambaleia pelo quarto até alcançar a maçaneta do banheiro, abre a porta totalmente sem jeito e cai de joelhos em frente à privada. Vomita. Apoia-se no objeto à sua frente e deixa a cabeça baixa, respirando fundo com um gosto péssimo na boca.

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