44- Sem Escolhas

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Toda a família real de Mahina tirou o dia para descansar, estavam todos exaustos por conta do baile da noite anterior, o qual – anormalmente – se estendeu até horas da madrugada.

Jade e Thomas foram os que acordaram mais cedo: ambos se levantaram da cama no horário do almoço, chamaram Kristopher para comer com eles e gastaram certo período da tarde alertando-o sobre o casamento com Mia, como ele deve agir e o que deve falar para conquistar tanto a princesa quanto Laura.

Diana fora a salvação de Kristopher da pior maneira possível: assim que se juntou com os familiares, toda a atenção de sua mãe fora direcionada à princesa, que ficou pelo menos meia hora ouvindo a rainha reclamar a respeito de ela ser uma dama e ter de acordar cedo e de almoçar em família e manter a postura.

Contudo, as frases de Jade – estranhamente – não perturbaram a princesa como de costume, e Diana sabe dizer o motivo: enquanto sua mãe tagarelava, Diana apenas assentia e ficava quieta – algo também fora do comum na relação delas – pois pensava o tempo todo na noite anterior, em tudo o que presenciara, em tudo o que vira e, mais tarde, na presença de Álix.

(...)

No período entre a manhã e a noite, a família real e Álix estão todos sentados à mesa, tomando café da tarde. Tudo o que todos desejavam era apenas uma tarde de paz, aproveitando que estão por fim a sós e podem comer calados. Mas Jade tem outros planos.

- A competição está claramente injusta.

- Competição? - questiona Álix.

- Minha mãe diz que o esquema de Laura para Mia escolher um dos pretendentes é uma competição - Kristopher diz, entediado.

Diana revira os olhos e coloca a língua para fora, fingindo vomitar. Não suporta mais ouvir sobre o jogo psicótico.

- Diana, postura! Você é uma dama - Jade vocifera, fazendo gestos com as mãos.

- Esse pão com presunto está muito bom, não? - indaga Thomas, lambendo o molho que escorre de sua boca.

- Não mude de assunto, Thomas! - a rainha bate na mão do esposo, que faz uma careta de dor - Helena é mais próxima de Laura e sua família também, ela sabe que as chances de ela ganhar são muito maiores. Além de que ela tem o dobro de chance que nós, porque os filhos dela são em dois.

- As famílias não são amigas agora? - questiona Álix, pensativo.

Diana se inclina para o lado, em direção ao rapaz, e cochicha:

- Longa história.

- Mãe, isso não importa - Kristopher volta ao assunto anterior - é bom tomarmos um tempo longe das famílias de Aruna e de Aisha, as pessoas precisam de espaço.

- Parece até que está com dependência emocional neles - murmura Diana, revirando os olhos e mexendo na comida com o garfo.

- Como é que é, mocinha? - pergunta Jade, se levantando da mesa.

O peito da princesa se enche de ar, à medida que seus olhos se arregalam e sua cabeça sobe em direção à de sua mãe, que está inclinada ara frente para coagi-la. O garfo de Diana cai de sua mão e ela percebe a grande mancada que fizera: sua mãe já está estressada, deixar que comentários como esse escapem de sua boca apenas a deixará mais nervosa ainda.

Quando Jade faz menção de que contornará a mesa para ir até sua filha, a mão de Álix voa até uma das coxas de Diana, apertando-a e demonstrando-lhe apoio. Ele começa a falar, olhando diretamente para a rainha enquanto a princesa desvia o olhar entre a mão dele e seus olhos:

- Acredito que Vossa Majestade esteja cansada por conta dos eventos de ontem à noite, a festança acabou muito tarde. Sei disso porque minha carruagem chegou poucos momentos depois da de vocês. Acho que todos nós poderíamos continuar comendo para irmos logo para nossos cômodos. Não há nada que uma noite de sono não possa resolver.

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