34- A Intensidade da Dor

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Ao escutar três leves toques na porta, Aurora abre os olhos e direciona o corpo para a entrada, se espreguiçando. Olha ao redor e nota que, apesar de o quarto estar completamente escuro, há frestas de luz o adentrando pelas vidraças fechadas.

- Aurora? - escuta a voz de sua tia a chamar - Aurora, meu bem, posso entrar?

Notando que Diana e Mia já não estão no quarto, a princesa recapitula o que acontecera até então para chegar nessa situação: lembra-se da noite anterior, quando descobrira sobre a traição de Erick, lembra-se da mulher dos cabelos ruivos e de sua expressão ao perceber que também estava sendo traída, lembra-se do tapa que dera em Erick e em como ele tentou coagi-la e então se lembra de voltar para o palácio de Mahina aos prantos. Mais a fundo, lembra-se de subir as escadarias quase sem conseguir respirar de tanto chorar e ainda assim tentando não fazer barulho e do momento em que abrira a porta do quarto da princesa dos cabelos anoitecidos e fora recebida por abraços de Diana e Mia quando elas notaram que Aurora não lhes conseguiria dizer o que havia acontecido. Lembra-se também de não ter conseguido dormir por um tempo por ter o pensamento de que poderia morrer afogada a qualquer momento de tanto chorar e pelo pensamento que teve em seguida de que aquilo não seria tão ruim assim.

- Aurora?

- Pode entrar, tia - é tudo o que diz antes que a porta seja aberta com tanta ansiedade que parece ser lançada para longe. Helena fecha a entrada novamente, vai até as janelas e abre as cortinas e os vidros, dando espaço à claridade.

- Bom dia, meu amor.

- Bom dia. Que horas são?

- Já passa do meio dia - a rainha se senta sobre a ponta da cama de Diana, ficando de frente para sua sobrinha - Mia e Diana acharam que seria melhor se você dormisse um pouco mais, nos disseram que estava passando mal ontem à noite e que não conseguiu dormir por isso.

- Ah, sim, eu estava.

- Posso ver, não está aparentando estar muito bem - tira uma das mechas dos cabelos loiros dela da frente de seu rosto - está com fome?

- Um pouco - se senta.

- O almoço será servido em breve. Os rapazes sairão para treinar daqui a duas horas, depois de comer, e iremos acompanhá-los novamente durante o treinamento. Prefere ficar aqui e descansar ou ir conosco?

- Prefiro ficar aqui para relaxar um pouco a cabeça. Acho que não passa de uma febrezinha e tenho certeza que passará assim que eu puder fechar os olhos e dormir.

- Vou te deixar dormir, mas quero antes vá comer para não passar mais mal ainda, pode ser?

- Pode, sim.

- Tenho boas notícias - fala a rainha - seus pais estão aqui, chegaram hoje cedo.

- Incrível - diz a princesa e estreita os lábios em uma espécie de sorriso.

- Vou avisá-los que vai se arrumar e descerá em alguns instantes para comer conosco, tudo bem?

- Sim, obrigada.

Helena se afasta de sua sobrinha, direcionando-se até a porta do quarto e, ao abri-la, inclina a cabeça para trás, dizendo, cautelosa:

- Se quiser conversar comigo sobre o que de fato aconteceu para estar mal, vou estar à disposição - abre um pequeno sorriso sincero e fecha a porta atrás de si.

Essas palavras foram o suficiente para que Aurora desatasse novamente a chorar.

(...)

Ao descer as escadas do salão de jantar, a princesa de Cila nota que todos estão olhando para ela, menos Thomas, que está concentrado em comer o que há em seu prato.

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