43- Fora dos Eixos

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Após o chocante anúncio de Nerissa, Arthur, Pearl e a bruxa foram para o escritório do rei e conversaram por horas e mais horas. Contudo, essa interação apenas emburra Nerissa, dado que durante todo o tempo que estivera ali recebera apenas as mesmas perguntas, de forma excessivamente repetitiva.

"Pode repetir o que aconteceu, por favor?"

"Você sentiu os poderes te invadindo ou não sentiu diferença alguma?"

"Havia brilho em torno de você?"

"Seguiu os regulamentos como foram ensinados quando você era pequena?"

"Diga novamente, como aconteceu?"

"Sentiu tontura?"

"E os poderes não foram até você?"

- Se tivessem vindo, eu não estaria aqui, não acha?

"O brilho foi até você ou passou adiante?"

"Tem certeza de que eles não demonstraram o mínimo dos indícios de que aparecerão em breve?"

- Está de brincadeira com a minha cara?

Enquanto faz as perguntas, o rei vasculha livros e mais livros, lendo linhas e linhas e linhas e linhas durante segundos enquanto Nerissa revira os olhos e Pearl entra e sai da sala, descobrindo novos meios para que a bruxa ganhe seus poderes. Todas as vezes que Arthur tira o nariz dos parágrafos, ele ergue o olhar estreito até Nerissa e faz mais um de seus questionamentos repetitivos com a falsa esperança de que de um segundo para o outro a resposta dela mudará ou que ela se lembrará de algum outro detalhe ou que ela começará a rir e dizer que tudo não se passou de uma brincadeira de mau gosto e que ela tem todos os poderes que deveria ter ganhado.

Arthur suspira, ajeita os óculos e fecha o livro à sua frente.

- Vou pesquisar à fundo e ver o que podemos fazer sobre isso. Como fará para conquistar seus poderes, o porquê de não ter os adquirido e como fazer para que isso não aconteça novamente.

- Não ligo se acontecer algo com as outras bruxas, quero apenas meus poderes.

- A senhorita deve saber que a Floresta Evanora anda passando por muitos ataques recentemente. Estamos perdendo cidadãos todos os dias. Se as bruxas ainda presentes aqui não adquirirem seus poderes quando isso deve acontecer, perderemos cada vez mais forças e não teremos tanta magia quanto costumávamos ter para defender a floresta. Entendo que deve estar estressada por conta da ausência de seus poderes, mas não deve deixar que pensamentos egoístas tomem conta da sua cabeça.

- Posso ir embora agora ou pretende me dar outro sermão?

- Pode se retirar. Faremos alguns testes daqui a alguns dias.

- Todos dizem que o senhor é inteligente e que tem respostas para toda e qualquer pergunta - Nerissa abre a porta e se vira para ele - vejo que todos tem uma visão embaçada do senhor.

- Sou o rei de Evanora, aja com mais respeito, senhorita.

- Te chamei de senhor, não chamei? - indaga ela e se retira, fechando a porta atrás de si.

Arthur se joga na cadeira novamente respirando fundo, colocando uma das mãos sobre a cabeça, sentindo-a latejar com a enxaqueca que devorara seu cérebro durante toda a tarde.

A porta do escritório é aberta e Pearl adentra o cômodo. Percebendo a situação em que seu marido se encontra, ela vai para trás dele, apoiando o corpo sobre a cadeira, e faz massagem em seus ombros, questionando cautelosa:

- Descobriu algo mais?

- Terei de fazer algo que não está em minha autoridade.

- O quê? - as mãos dela deixam de massageá-lo e ela presta atenção em cada palavra dele.

- Terei de ler "Para Um Dia Evanora". 

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