Miss Popper

Capítulo 10: Dom Dominus

Especialista em genética e falcatruas, Dra. Yvonne Adams era a pessoa ideal para ajudar Martin e Russel. Era uma mulher da alta sociedade, sempre muito elegante e às vezes esnobe. Tinha um consultório em Los Angeles que atendia apenas a classe A, pois seus exames e consultas eram caríssimos. Russel marcara uma consulta, com a desculpa de um exame de DNA. Ele queria conhecer os métodos antes de fazê-lo. Por outro lado, Martin tinha a certeza que não daria certo.

Pessimista...pode confiar no papai aqui, disse. E além do mais, é uma consulta teste, para avaliar os métodos. Não se paga, imbecil.

Assim que chegou no consultório foi atendido. Yvonne era uma mulher jovem, não tinha mais que trinta anos, alta, olhos claros e esbelta. Russel parecia ter visto um anjo. Sentaram-se. Yvonne começou explicar o método, quando Russel a interrompe com uma pergunta peculiar.

— A senhora acredita, que no futuro será possível criar uma nova raça a partir da mistura de vários DNA's distintos? — O Russel do futuro contou isso também. Yvonne parecia nervosa.

— Não entendo o porquê da pergunta nessa hora, mas vamos lá. Bem, pelos meus estudos é impossível. Mas como a medicina vem crescendo a cada dia, talvez em um futuro não tão próximo, conseguiremos sim.

— E se eu disser que daqui a dezessete anos, a senhora irá concretizar essa ideia?

— Eu direi que está louco.

— Se eu disser que criará uma nova raça originada da junção de vários DNA's e que Miss Popper interferirá, causando uma caçada a você e a todos que a financiaram, ai sim você me chamaria de louco.

— Desculpe-me, mas não estou entendendo a natureza dessas perguntas. — Russel contou-lhe toda história, desde a chegada de seu "eu" do futuro até o motivo real de sua visita. Yvonne ouvia tudo sem expressar qualquer emoção.

— E por que eu acreditaria em você?

— Por que eu sei com quem esteve em suas férias em Milão.

— Nunca fui à Milão.

— Droga, Martin — disse a si mesmo. — Ok, se não me ajudar e-eu...entenda, senhora, não tenho mais ninguém. O que você perderia em me ajudar?

— Perderia tempo.

— Sim, sim, mas veja... você disse a uma entrevista que daria tudo para analisar a estrutura corporal de Miss Popper, essa é uma oportunidade e tanto. Pense — disse, levantando-se —, com sua ajuda, capturo ela evitando que nos de trabalho no futuro, se é que me entende, e você analisa.

— Não vejo pra quê... Senhor, por favor, chega dessa conversa. Como estou boa hoje, não cobrarei pelo serviço, já que revelou que não irá fazer o exame. Então, antes que eu mude de ideia, saia de minha sala.

Pensa, pensa... O que a convencerá?

— Só um minuto. Como eu disse, nós trabalharemos nessa ideia. Viramos a amigos, por isso me contou alguns de seus segredos. O mais importante deles é o que você não revelou pra ninguém — Yvonne engoliu a seco. — Que já trabalha, mesmo que em estudo ainda, no projeto da nova raça, pois considera a geração atual a pior já existente. Quer testar os limites do ser humano e conquistar o mundo todo, a partir dessa raça que será mais poderosa e inteligente de todas que já existiram.

— Isso só pode ser brincadeira, vou chamar os seguranças agora.

— Calma ai, não terminei. Você teve a ideia depois de ler um livro de ficção científica, chamado: A nova raça: Mais perto do que se imagina.

— Como você... eu não entendo...

— Fique tranquila. Estou aqui pra salvá-la. Não vê que Miss Popper fará mais mal a você do que a mim? Eu só vou financiar, você é idealizadora. Temos que agir agora, ou então seremos perseguidos e com certeza, sentenciados.

Yvonne não acreditava naquela história ainda, mas Russel ameaçou contatar as autoridades, se ela não o ajudasse A doutora desmarcou todos os compromissos de sua agenda e passou a tarde em seu escritório conversando com Russel. Na semana seguinte, tivera uma ideia para derrotar Alice, que por enquanto, apenas ajudava os policiais em pequenos roubos. Yvonne a estudou. Analisou seus poderes, procurou em livros relatos de seres humanos como Alice, mas não achou nada que pudesse ajudar. Decidiu recriar seus poderes em seu laboratório particular, que mantinha em sua casa. O que Russel do futuro não contara é que Yvonne além de ser médica era também cientista. Equipamentos que criassem os poderes de Alice artificialmente, era o que não faltava em seu arsenal.

— E vai dar certo mesmo?

— Claro que sim, é só você fazer tudo corretamente e esperar... — Yvonne consultou suas anotações -, dez horas de total repouso. Quando acordar venha até mim. Não fale com ninguém, não olhe para ninguém. Venha direto pra cá.— Russel parecia preocupado.

— Tenho m-medo de agulhas. — disse, sem jeito

— Ai meu Deus, deixa que eu aplico então. Mas daqui vá direto pra casa dormir, entendido? — Russel assentiu. Yvonne aplicou-lhe o soro azul que o fez chiar baixinho. Sentiu uma queimação primeiro, depois sentiu-se lento, como se as coisas tivessem em câmera lenta. Yvonne teve que levá-lo até sua casa, colocando-o na cama.

— É isso. Amanhã quando acordar, será um novo homem. Eu espero é claro...Boa noite, Dom Dominus.