Parte II - Capítulo 18: 14 de março

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Sem rumo, a garota dirigia rápido. Começara a chover e o rádio só tocava músicas melosas. Sabia que, naquelas condições, não podia dirigir tão depressa, mas era quase impossível...descarregava toda a raiva no acelerador, ultrapassando os carros, impensadamente. As lágrimas escorriam pelo rosto frio, e por um momento, sentiu que não deveria agir daquela forma. Não fora traída realmente, nem tinha qualquer relação com ele. Ele tinha todo o direito de ficar com quem ele quisesse, assim como ela... Falar é fácil, a carência nos deixa vulneráveis, qualquer faísca de interesse já é o bastante para a entrega total. Alice sabia disso, mas não queria acreditar, não queria aceitar tal idiotice. Só queria ir para algum lugar, não casa, não Beth. Apenas um local que a deixasse livre para inventar mais alguma desculpa para si mesma, acreditar que gostava dele realmente e que estava passada, mesmo sabendo que no fundo era apenas mais uma faísca.

Já estava a 100 por hora, nunca correra tanto, ainda mais chovendo. Do lado direito, encontrava-se o mar, negro pela noite e agitado. Olhou, por uns segundos, para ele e desejou ir para lá, mesmo na chuva, ela tinha que ir para lá. Voltou a olhar a pista, mas num piscar de olhos, tão rápido quanto desejou ir para o mar, o carro derrapa e garota perde o controle do volante, batendo em um poste. O air bag não abre, Alice bate a cabeça no vidro da frente, mesmo com o cinto. O impacto é tão grande, que a frente do carro é totalmente destruída. Silêncio.

Não era tão tarde da noite, então rapidamente uma aglomeração de pessoas começou a se formar em volta do acidente. A ambulância chegou num instante, juntamente com a polícia. A garota ficou presa nas ferragens e estava desmaiada. Os paramédicos tiveram trabalho para retirá-la do que sobrou do carro. Logo que retiraram, colocaram-na na maca e na ambulância, levando-a rapidamente para o hospital.

****

—Como ela está, Doutor? Por favor, diga que não... — disse a mãe, desesperada. A dor, de apenas pensar em perder a filha, era angustiante. Era injusto, dolorido, uma menina tão meiga, feliz, quase indo para a faculdade, ansiosa pela nova etapa, sempre tão estudiosa, dedicada, responsável... Era impensável, uma jovem com a vida inteira pela frente, com tantas chances, acabar assim. Foi preciso realizar uma cirurgia, pois a garota teve traumatismo craniano, por isso o médico responsável veio até os pais dar a notícia. O doutor respirou bem e tomou o folego, era sempre difícil dar essas notícias.

—A paciente, após a cirurgia, entrou em coma. — A mulher não disse nada, ficou paralisada e caiu sobre os braços do marido, que a segurou firme. Colocou-a, sentada no banco, estava atônica, só escorriam lágrimas.

—Mas, ela está fora de perigo? Meu Deus, isso não pode estar acontecendo. — disse o pai, sem fôlego.

— Sim, coma é um estado provisório, porém não sabemos quanto tempo ela ficará assim, e nem como reagirá depois que acordar.

— Como assim?

— Ela pode ter alguma sequela. — o pai não respirava—, mas não é certeza, depende de cada indivíduo, cada um reage de uma forma, pode ser que ela desenvolva ou não. O importante é que vocês fiquem despreocupados, o quadro dela estável. Precisaremos apenas aguardar.

— Quanto tempo, doutor? Pelo amor de Deus, só me diz quanto tempo... — disse a mãe, por fim, enxugando as lágrimas no lenço.

—Como eu disse, não tem como saber quanto tempo, pois cada indivíduo reage de uma forma. Podem ser dias, meses, até anos...

—Não, não, eu não posso suportar — a mulher desata a chorar e se desesperar novamente.

—Calma, amor. Doutor, podemos vê-la?

— Sim, ela já está no quarto. A enfermeira os levará até lá.

Os pais entram no quarto. A garota estava deitada na cama, serena.

—Até parece que está dormindo — disse a mãe, acariciando o braço da filha.

—Tecnicamente...

—Minha menininha, minha filha...— as lágrimas voltam, —você vai sair dessa, viu?

// Nota da Autora\\

Olá, leitores *-*

Finalmente a segunda parte u.u As coisas vão começar a esquentar agora - se vocês lembram do capítulo anterior, já sabem - Com certeza vocês acharam meio confuso, esse capítulo, mas com o desenrolar da história, vocês entenderão (espero :P)

Estou muito animada com essa continuidade, pois pessoalmente, a parte I - que funciona mais como uma introdução - está muito inferior às outras (II e III). Já diziam alguns cinéfilos: a apresentação do herói, o primeiro filme, sempre é o pior da trilogia. Mas enfim, comentem aí o que vocês esperam dessa nova etapa, compartilhem com o pessoal e votem (vocês sabem que ajuda pacas kkk) Ah, e não se esqueçam: postagens quinzenalmente na quarta-feira. Até mais!


Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora