Russel ainda tentava assimilar o ocorrido, dois velhos dizendo ser ele e Martin do futuro e que uma menina se transformará em uma heroína, arruinando tudo o que construíram. Só pode ser brincadeira isso.
— Quem eram os velhos? — perguntou Martin, intrigado.
— Eu sei lá, só sei que tá na hora do almoço e se tratando de comida, não tem tempo pra discutir loucuras...
— Mas se for verdade?
— Ah, pelo amor de Deus...Você acredita nesses velhotes pirados? — perguntou Russel, rindo.
— Não, mas tudo é possível. Se forem do futuro mesmo, acho que até lá poderemos viajar no tempo.
— Ah, Sr. Bellary. Tenho pena, muita pena de você. Continue tomando seus remédios, senão acabará igual aqueles pobres velhinhos. — debochou Russel e saiu para o almoço.
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Alice estava preocupada. Tinha certeza que não possuía nenhuma habilidade física, apesar de não se lembrar. Quando chegaram do almoço, Ichiro pediu a Alice que se vestisse com as roupas apropriadas, que estavam em seu armário. A garota colocou-as e foi ao encontro de Ichiro, este estava no local que seria muito usado por eles, um campo de treinamento ao lado da casa. Ele estava em pé, no meio do campo, parecia muito concentrado.
— Bom, como seu treinador, ensinarei a arte da defesa, do ataque e do combate. Você aprenderá as artes marciais japonesas. Treinará sua mente, acima de tudo, aprendendo a ter controle da mesma, assim desenvolvendo os seus poderes. Também estudará japonês e seus três alfabetos. Vai ser uma maneira diferente de nos comunicarmos. — disse Ichiro com clareza. — Agora. — disse jogando um bõ (arma japonesa. Um tipo de bastão de madeira) para Alice. Esta pegou sem entender. — Lute! — gritou.
Ichiro deu um giro e começou o ataque. Alice, tentava de todas as formas se defender, chacoalhando o bõ de qualquer maneira, enquanto Ichiro o girava e atacava sem dó.
— Calma, calma aí... — gritou ela. — ai, ai, você tá me machucando — disse quando Ichiro a atacou nas pernas. Este, não dá ouvidos e continua golpeando até que atacou novamente nas pernas fazendo Alice perder o equilíbrio e cair.
— Para uma primeira vez, até que não foi tão horrível — disse Ichiro dando a mão para Alice. Esta segurou e levantou.
— Seu idiota, pensei que fosse me matar com esse bambu. — responde Alice, emburrada.
— Te matar? Acho que não vai ser possível — disse Ichiro, rindo. Alice na hora se lembra que é imortal. — E, como seu treinador, exijo respeito. — completou.
— Qual é, temos quantos anos de diferença?
— Três eu acho...
— Então, foi só uma maneira de dizer.
— Mesmo assim, enquanto estivermos treinando, a maior parte do tempo na realidade, você terá que me respeitar evitando tais comentários. — disse com firmeza. — Fora daqui, pode falar o que quiser.
— Aqui: professor, fora: amigo?
— É. Pense assim e tudo dará certo — respondeu sorrindo. — Agora, vamos lutar de novo, porém antes te ensinarei os fundamentos e as técnicas.
O resto da tarde, assim como o mês, resumiram-se em treino e mais treino. Ichiro não dava descanso. Treinavam quase o dia todo, pausando apenas para as refeições. Nos fins de semana, Alice era liberada, mas como não tinha para onde ir, preferia treinar também. Ichiro ficava na casa de seus pais nesse tempo, porém quando percebeu que Alice ficava sempre sozinha, decidiu mudar-se de uma vez para lá. Apesar de tudo, Alice sentia-se bem. Adorava comer nos Oota, treinar, aprender japonês e principalmente ficar com Ichiro. Eles se divertiam, apesar da situação ser séria. Ele era totalmente diferente como professor: concentrado, firme, rigoroso e sério. Agora, quando não estavam treinando, era um idiota completo, falava só besteira, era engraçado, simpático e carismático. Parecia até outra pessoa. A cada sorriso de Ichiro, Alice se entregava mais. Ele era a única pessoa em que podia confiar.
Às vezes, Alice se esquecia de quem era. Que tinha nascido para combater o mal. Esquecia que teve uma vida antes dessa, de que veria Ichiro e todas as outras pessoas que conhece e conhecerá, morrer. Para sempre. Este era um destino muito cruel e ela evitava ao máximo lembrar.
O professor, cada vez mais se irritava. Dizia que Alice não estava mostrando todo o seu potencial, que queria ver mais e mais. Até que um dia, quando lutavam com bõ, como da primeira vez, Alice derrubou Ichiro no chão, colocando a ponta do bastão embaixo de seu queixo. Ichiro sorriu. Era a primeira vez que o derrubara e também, que vira um sorriso seu enquanto treinador.
— Bom. — disse ele, levantando. — Por hoje é só.
— Obrigada. — agradeceu, corando. De repente, sentiu uma vontade incontrolável. Enquanto via Ichiro afastar-se lentamente, correu e subiu em suas costas.
— O que você tá fazendo, sua doida? — pergunto rindo e ao mesmo tempo, ajustando as pernas de Alice em suas costas, continuando a andar
— Só to feliz! — respondeu alegremente — Você sorriu pra mim, quer dizer que fiz algo certo.
— É, você sempre faz, mas dessa vez fez melhor. Como eu esperava.
— Eu sempre faço? Ah, seu danadinho, pensei que estivesse errando tudo... — disse dando um beijo em cima de sua cabeça.
— Não, claro que não. Tá tudo certo. — disse feliz. — Agora, se segura. — Ichiro saiu correndo carregando Alice. Quando chegaram no jardim, Alice desequilibrou caindo no chão e levando Ichiro junto. Ele caiu em cima dela.
— Pensei que você fosse danadinho apenas por não falar que eu estava indo bem. — disse Alice, mordendo os lábios.
— Ah, cala a boca. — respondeu ele, rindo. Seus olhares se encontraram como nunca. E antes que Alice pudesse responder, seus lábios também. Ichiro a beijou, porém logo a soltou, levantando sem dizer nada.
— Ichiro! — grita Alice, sem entender. Ela pega no seu braço antes que ele fosse embora — O que foi?
— Desculpe, não devia ter feito isso. — diz soltando-se de Alice. — Já vou me deitar, boa noite.
Alice continuou parada, deitada sobre a grama sem entender. Num minuto, ele parecia feliz como nunca, do nada ficou sério e foi se deitar...Ela observava as estrelas, aquela noite nunca sairia de sua mente e em pouco tempo, entenderia aquela atitude.
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Miss Popper
AventuraDividido em três partes, a narrativa conta a história de Alice, uma adolescente normal com seus sonhos e medos que descobre, após perder a memória em um acidente de carro, que faz parte de uma linhagem de heróis, criados com o propósito de combater...