A cabeça ainda doía, quando Alice entrou em casa e se jogou no sofá. A noite passada era um borrão, e o que a intrigava mais, era o fato da fase amarela ter tomado controle sobre si. Fazia esforço tentando lembrar se Ichiro havia dito algo a respeito, mas com certeza, isso era novidade. Não pensou duas vezes. Sacou o celular, e mandou uma mensagem para o japonês.
Ichiro, oi
Aconteceu algo muito estranho ontem. A fase amarela saiu do controle, e acabou criando "vida", tipo tomando controle sobre mim. Não lembro de nada, mas sei que fiz, ou ela fez, coisas. Sei lá, não sei como isto aconteceu, mas aconteceu. E como não lembrava de você ter me dito algo parecido, decidi mandar a mensagem. Por favor, responda logo. Estou com medo de acontecer de novo. Beijos, Popper.
Como era domingo e estava de ressaca, passou o dia todo dormindo. A tarde, verificou sua caixa de mensagem, mas nem sinal de resposta. Droga! A ansiedade começou a dar as caras, e a garota já não aguentava mais, foi para sala assistir tv. É o que me resta... Até que, a luzinha verde pisca, indicando nova mensagem: Ichiro.
Bom dia, ou boa noite
Alice, estou impressionado. Nunca vi nada parecido, e pelo o que eu pesquisei, nunca houve nada parecido. Por isso, por hora não posso ajudá-la. Estou procurando em outras fontes, mas está difícil. Eu realmente não o que pode ser, mas estou fazendo tudo o possível para obter alguma informação. Me mantenha informado, caso ocorra novamente. Espero que esteja bem. 太田一朗
A garota jogou o celular pro lado e suspirou. E agora? O que será isso? Queria tanto que ele estivesse aqui... A imagem de Ichiro vem em sua mente, e Alice espanta, pensando em outra coisa. É melhor ir pra cama...
****
Segunda, dia de trabalho. Alice, totalmente recuperada, chegou mais cedo aquele dia, para ajudar na organização dos livros novos.
— Gênero, autor, coleção..., ai não, menina, lá. —gritava sua chefe, Luiza. — O que deu em você hoje, Alice? Parece tão no mundo da lua...
—Ah, sim. Não prestei atenção. — disse, corando. — Não pareço estar não - disse, rindo.
— Então concentra, daqui quinze minutos vamos abrir.
Não dá pra se concentrar, sabendo que corro o risco de a qualquer momento alguma fase se manifestar.
Apesar da correria, o dia passa normalmente. Pouco movimento, já que é segunda-feira. Uma moça entra na livraria e chamou a atenção de Alice, não pelo fato de estar vestindo um suéter laranja com bolinhas azuis, ou esbarrar numa pilha de livro, quase derrubando-os, mas sim porque Alice sentia conhecer a garota, por mais que não se lembrasse como e de onde.
— Posso ajudar? — disse Alice, aproximando-se da garota. — Procura algo especifico?
— Não, não...não procuro nada específico, vou dar umas voltas por ai, e qualquer coisa te chamo.
—Claro, só chamar se precisar — disse Alice. Mas a curiosidade não a atormentava. Eu conheço ela.
— Ah, moça... — disse Alice, correndo atrás da garota, que já tinha se afastado. — Eu te...te conheço? Parece estranho, mas eu tenho certeza que sim. — corou.
— Bom, pelo menos eu nunca te vi antes — respondeu, rindo.
— Que estranho, deve ser coisa da minha cabeça mesmo. — as duas riram. — Meu nome é Alice e o seu?
— É, eu já sei. — disse, apontando para o crachá da garota. —Beth.
— Prazer, então...qualquer coisa, só chamar. — Beth respondeu em um sorriso, virou-se e continuou olhando os livros. Alice ficou lá observando a garota se afastar, mas ainda não satisfeita, tinha certeza que já a conhecia.
—Vai ficar parada ai, ou vai ajudar o cliente que acabou de entrar? — perguntou sua chefe, irritada e parada ao lado de Alice.
Alice desculpou-se e continuou trabalhando. Enquanto organizava os livros que os clientes bagunçaram, pensava em como seria bom trabalhar em outra coisa. Não é que não gostava da livraria, o problema era Luiza e às vezes alguns clientes chatos. Não posso trabalhar pra sempre nisso, tipo preciso de uma profissão. Um emprego que possa ser conciliado com a atividade que faço nas horas vagas.
Livro, livro, livro. Saga, saga, cliente e cliente. Pausa para o almoço. Livro, livro e livro. Pausa para o banheiro. Pausa para o café. Cliente, cliente e cliente. Bora pra casa!
O bom de ir para casa à noite, é que está fresquinho e não tem muitas pessoas na rua, pois as lojas estão fechando. Alice sente um cheirinho de café, e logo localiza o local de onde emana. Cafeteria Matte, divo! A garota entra e senta-se ao lado da grande janela de vidro. Em um segundo, uma garçonete vem anotar seu pedido. Latte macchiato e croissant de chocolate. Ainda bem que não tenho problema de peso...
Alice não tinha problema de peso, mas tinha um sexto sentido de atração de pessoas indesejáveis. Era incrível como essas pessoas apareciam em horas como aquela, em que Alice estava em relaxamento profundo curtindo um café.
—Ah, eu não acredito. Olha quem tá aqui. — disse uma voz bem conhecida atrás de Alice. Ela não queria virar e olhar para ele novamente, depois de tudo...
— Los Angeles é enorme, como você me achou aqui? Tá me seguindo?
— Pois é, isso que eu acho mais legal, ela enorme, mas eu te encontrei de novo. E respondendo a segunda pergunta, claro que não estou te seguindo, Popper. — disse Peter, puxando uma cadeira e sentando ao lado de Alice. Ela revira os olhos.
— Ei, para. Quem disse que você pode sentar, sai.
—Calma, Popper. Tô apenas sendo gentil.
— Seja gentil pra lá, cai fora. — disse a garota, empurrando a cadeira de Peter para longe. — Você fez amizade com outra de mim, tá? Eu não vou com a sua cara e não quero companhia.
— Tudo isso porque não lembra da nossa noite, se lembrasse estaria sentadinha no meu colo me chamando dos nomes mais safados — sussurrou Peter, se aproximando de Alice.
— AH, INFERNO. SOME, MERDA! —gritou Alice. A cafeteria toda parou.
— Algum problema, senhorita? — perguntou um garçom.
—Ah, é...é...Não, não. Tá tudo bem. — disse Alice, corando. — Só quero pedir mais um Latte macchiato. — O homem a olhou de um jeito desconfiado e anotou o pedido.
—Deveria ter falado que eu estava te enchendo. Se não disse, quer dizer que...
—Que não quero pagar mais mico.
— Que tava gostando.
—Chega, sério. Você é irritante. Como eu pude...
— Na hora, ninguém pensa.
— Tchau, Peter. Falou, até mais, se cuida... — dizia, quando algo chamou atenção na tv. — Isso só pode ser brincadeira, puta merda.
—O quê? — o garoto olha em direção a tv, e logo entende o porquê da revolta de Alice. Lia-se na manchete: Malfeitor é libertado por falta de provas.
—Falta de provas? Quer mais provas do que tentar matar pessoas a céu aberto? Ah, isso não vai ficar assim.
— Onde você vai? — perguntou Peter, quando Alice se levantou, andando em direção a porta.
— Visitar um velho amigo.
— E a conta? — grita, mas Alice já tinha saído e o garçom já se aproximava com o Latte macchiato. — Droga...
//Nota da Autora\\
Mais um capítulo novinho em folha para vocês <33 Não se esqueçam de comentar e votar, para nossa felicidade kkk Bjs
VOCÊ ESTÁ LENDO
Miss Popper
AdventureDividido em três partes, a narrativa conta a história de Alice, uma adolescente normal com seus sonhos e medos que descobre, após perder a memória em um acidente de carro, que faz parte de uma linhagem de heróis, criados com o propósito de combater...