Capítulo 31: Sem Controle

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Os passos longos e agitados, ecoavam pelo corredor, iluminado apenas pela lanterna de brilho intenso. O primeiro a encontrar Popper fora apanhador. A garota estava com sua aparência natural, porém sem nenhum ferimento. Caída, apoiada sobre a parede, suspirava repetidas vezes: a culpa é minha. Estava delirando. Atrás dela, jazia o corpo de Martin, sem vida. Tyron examinou o corpo, e constatando a morte, pegou Alice no colo, dirigindo-se para fora do labirinto de corredores.

A garota estava atônita. Mantinha seus olhos fixos em um ponto e quase não piscava. Foi sentada numa cadeira. Chamavam seu nome e ela apenas continuava a sussurrar: a culpa é minha...

— O que aconteceu com ela? — perguntou um dos policiais que viera na operação.

— Não sei, acho que entrou em estado de choque. Ela não responde nada, só fica falando isso. Preciso de um médico. — o homem concordou e foi chamar. Rapidamente uma médica apareceu e foi pedido que a levassem para a ambulância. Lá, Popper foi medicada com calmantes na veia e dormiu.

Alice acordou em meio a pesadelos. Estava em um quarto de hospital, com meia luz. Não havia ninguém no quarto. Retirou os acessos e, com os pés descalços, caminhou até a porta. No momento em que ia virar a maçaneta, alguém foi mais rápido.

— O que a senhorita faz aqui? Você tirou os acessos? — perguntou a enfermeira, num tom alto.

— Eu... — começou, ainda zonza pelo efeito do remédio — eu só quero sair daqui.

— Quando o doutor der alta, poderá. Agora — disse, segurando Popper pelo a ombros e conduzindo-a —, volte para a cama. — A garota obedeceu, se me entender quase nada, deitou-se na cama novamente. A enfermeira recolocou o acesso e saiu sem dizer mais nada.

As imagens de horas antes, entravam na mente de Alice, sem aviso, porém embaralhadas e borradas, no qual Alice não conseguia compreender. Apenas lembrava de ter ido em um galpão e que os pais de Ichiro estavam lá. O Sr. e a Sra. Oota. Alice arregalou os olhos, sua respiração aumentou o ritmo. As lembranças foram organizadas e faziam sentido agora. Desesperada e em meio as lágrimas, a garota pula da cama e tenta ir em direção a porta. Alguma coisa enrosca, e ela lembra do maldito acesso. Tira de novo e, desta vez, consegue sair do quarto.

Não sabia para onde estava indo. Só não podia ficar parada lá. Não preciso de medicação, preciso de uma injeção letal. Caminhava cambaleando, as lágrimas não paravam de escorrer e ela já estava chamando muito a atenção. — alguém chorando, andando sem destinos pelos corredores verde e branco, com roupas do hospital...qualquer um acharia estranho. Sem saber se teria forças o suficiente, ela decidi entrar em um quarto vazio. Acende as luzes e caminha até a imensa janela, que vai do chão até o teto. Coberta por cortinas. Popper afasta-as e tenta abrir. Sem chances, a janela não tinha tranca. Merda! Eles não me deixarão sair daqui tão cedo, preciso ir por aqui. O vidro era bem resistente.

Miss Popper acionou a fase amarela e materializou um revólver. Teria que ser rápido, assim que ouvissem os tiros, iriam para lá. Ela disparou cinco vezes, formando um círculo no vidro. Enquanto observava uma rachadura se formar e se ramificar, uma gritaria já era possível ouvir. O som, cada vez mais estridente, era o alarme de que a qualquer segundo o vidro iria estilhaçar. Quando isso aconteceu, Alice tomou impulso para voar, no mesmo instante que a porta se abriu. Seu corpo foi engolido pela noite e pela tempestade que os assolava.

A chuva açoitava ferozmente a janela da sala de Tyron, já era noite e este estava se preparando para ir ao hospital visitar Alice. Mesmo com o barulho alto da chuva castigando, foi possível ouvir batidas ainda mais fortes vindas da porta principal. Tyron correu ao encontro da porta, abriu, dando de cara com a última pessoa que esperava ver naquele momento.

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora