Capítulo 30: Missão Suicida

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O sol invadia a sala. A claridade e o calor despertaram Miss Popper, que dormia sobre Peter, em cima do sofá. Suas mãos repousavam em cima do peito do rapaz, que estava sem a camisa extravagante da noite passada. Ela abriu os olhos com dificuldade, esfregando-os. Quando percebeu que estava no sofá, já era tarde. A garota rola e cai de barriga para baixo. Com o barulho, Peter também acorda, assustado. Alice levanta, ainda cambaleante. Resmungando, vai até a janela e fecha as cortinas, deixando o ambiente perfeito para quem está naquela ressaca. A essa altura, Peter já está sentado.

— Tá bem? -— pergunta Peter, bocejando.

— Mais ou menos, mas normal pra quem teve uma bebedeira daquelas — disse Alice, rindo e se despreguiçando. Ela estava exatamente igual a noite anterior, mas havia tirado a sai de tule e ficado com os shorts que usara por baixo, para se sentir mais confortável.

— Vem cá, senta aqui — disse ele, batendo, com a mão, no assento ao seu lado. — Precisamos conversar. — Alice obedeceu, sentando. — Você lembra de alguma coisa antes de irmos embora? — a garota balançou a cabeça em negação.

— Só de uma luz e depois você me puxando pra ir embora.

— Entre isso aconteceu uma coisa. — Peter contou tudo, inclusive sobre a carta e Alice cada vez mais ficava impressionada. — A carta tá aí em cima — apontou para a mesinha de centro. A carta era comum, branca. Alice pegou-a.

— Esses bandidos adoram mandar cartas mesmo. — ela abriu e leu em voz alta:

" New Jersey st, 2009. Village Hill".

— O endereço para a festinha de hoje — debochou Popper.

— Acho que deve ser sério mesmo.

— O que me impressiona é ele saberem onde eu estava. Não é possível... A não ser que...

— Que...

— Que eles saibam minha identidade. Isso é ridículo, o único jeito de saberem é se alguém contou.

— Vai ver estão te vigiando, seguindo.

— Não sei não, essa história está bem estranha... — o rapaz concordou.

— É melhor eu ir então.

— Sim, vou junto.

— Quê? Ficou doido? Não pode ir comigo

— Por que não? Posso te ajudar

— Para de falar besteira, você não vai e pronto. — percebendo que Peter ia protestar, Alice faz sinal de silêncio e levanta, indo em direção ao seu quarto.

Alguns segundos depois, Peter ouve o celular de Alice tocando. Depois que desliga, a garota aparece na sala, branca.

— O que aconteceu?

— Pegaram eles... O Sr. e a Sra. Oota.

****

Ichiro que ligara para Popper para avisar e logo a garota ligou os fatos. Ela deu o endereço para ele e pediu que levasse reforços, inclusive de Apanhador. O rapaz assentiu e, depois de Alice falar rapidamente com Peter, partiu em direção ao endereço.

O local era próximo a praia. Um tipo de galpão, com uma porta de ferro trancada a cadeado. Alice pensou em usar uma marreta, mas faria muito barulho. Resolveu então, conjurar a chave para o cadeado, que funcionou perfeitamente. Silenciosamente, ela foi caminhando pelos corredores formados por pilhas de caixotes que não conseguiu identificar o que guardavam. Estava parcialmente escuro e insonoro. Ela tinha em mão, um revólver. Entre as várias pilhas, conseguiu ver uma luz falhada, caminhando até lá. Com seu reflexo apurado, teve impressão de ter visto algo se mexer ao seu lado, mas continuou andando, até chegar em frente a uma escada que apenas descia. De súbito, parou. Suas mãos começaram a tremer e logo ela percebeu que sua arma estava sumindo. Ao mesmo tempo ela sentia seus cabelos se crescendo rapidamente e, logo, a fase que mantivera até aquele momento, a preta, estava se esvaindo.

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora