Ichiro segurou o pergaminho milenar e leu com atenção. Estava embaixo do píer e conseguia ver as pernas de Alice balançando ao fundo.
— Tá, agora é só espe... eita porra... — assustou-se, quando Alice caiu no mar — E-e agora? O que eu faço? — perguntou-se, desenrolando ainda mais o pergaminho. — Ah, é claro. Salve-a, antes que se afogue. Não precisava nem dizer... — Ichiro largou o pergaminho na areia, saiu correndo e pulou na água. Alice afundava cada vez mais rápido, mas Ichiro logo a resgatou. Carregou-a até a areia e verificou se não engoliu água.
— Poxa, essa é bonita. — disse pra si mesmo, enquanto acariciava o rosto de Alice. — Tá na hora de te levar, gatinha. — disse Ichiro, sorrindo. Carregou Alice até o carro, mas antes recolheu o pergaminho que tinha esquecido.
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Alice abriu os olhos. Estava num conversível. Seus cabelos esvoaçavam com o vento. O céu estava limpo e o sol brilhava. Olhou para o lado e viu que estava na costa. Olhou para o outro e viu um garoto. Não tinha mais que vinte anos, oriental, seus cabelos negros também voavam, usava uma regata branca. Era muito bonito. Bem, pelo menos foi a primeira coisa que Alice pensou. Ele sorriu e quase automaticamente ela também.
— Estamos quase chegando, tenho certeza que você tá com fome, porque eu to morrendo. — disse Ichiro.
— Pra onde estamos indo? — perguntou Alice, confusa.
— Sua casa provisoriamente, quer dizer, até quando você quiser. Você vai adorar, é muito bonita. — respondeu empolgado.
— Q-quem é você?
— Meu nome é Ichiro Oota. Te salvei ontem, você caiu no mar desacordada.
— Não me lembro de nada — disse Alice, esfregando os olhos. —, eu não lembro de nada, meu Deus. Não lembro nem o meu...
— Alice. — interrompeu Ichiro.
— Hã? — resmungou, franzindo as sobrancelhas — Alice é o meu nome? Como você sabe?
— Estava escrito no seu braço... — respondeu Ichiro, nervoso. Mais que merda de resposta foi esta? Eu definitivamente não sei mentir...
— No meu braço? E como é aquela história de casa provisória? — perguntou, sem entender.
— Esquece, tente dormir e quando chegarmos eu explico tudo.
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O sol ainda brilhava quando chegaram. Desceram do carro. Alice estava maravilhada, realmente a casa era muito bonita. Estilo oriental, toda arborizada, impecavelmente organizada e limpa, os adereços japoneses davam o toque final.
— Pode vir por aqui. — chamou Ichiro, conduzindo-a. — Fique à vontade, por ali — apontou —, fica seu quarto. Uma banheira quentinha e roupas limpas a esperam. Quando estiver pronta, estarei te esperando pra comer. — Alice ia em direção a seu quarto, quando Ichiro grita: — E vê se não demora muito, eu to com fome. — disse rindo. Alice sorriu levemente e entrou.
O quarto seguia o estilo do resto da casa, em cima da cama, estavam suas vestimentas. Camiseta e calça comuns e um chinelo de dedo. Alice tomou banho, trocou-se e foi ao encontro de Ichiro. Este, já estava na mesa, seus olhos estavam vidrados na refeição, que nem parecia para eles dois apenas, mas sim para um time de futebol. Havia: massas, carnes variadas, doces, frutas, sucos e etc. Comeram e foram até o jardim, Alice sentou-se no banco, já Ichiro preferiu a grama.
— Agora você vai me contar o que é tudo isso? Quem sou, onde está minha família e quem é você realmente? — perguntou Alice. Estava desorientada, mas não tinha medo. Parecia que o conhecia há muito tempo.
— Sim. — respondeu Ichiro. O silêncio reinava.
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Miss Popper
AdventureDividido em três partes, a narrativa conta a história de Alice, uma adolescente normal com seus sonhos e medos que descobre, após perder a memória em um acidente de carro, que faz parte de uma linhagem de heróis, criados com o propósito de combater...