"Já era de se esperar que Miss Popper derrota-se o malfeitor, porém ninguém imaginava, que ela pudesse sobreviver ao ferro pontiagudo. O homem identificado como Russel Carter, 47, jornalista da S.P.S Telecomunicações, foi preso em flagrante quando tentava escapar como um gato. Interrogado pelo advogado de plantão, não quis revelar as origens de seus poderes, bem como quem está por trás o ajudando. Ele espera agora a ordem do juiz para saber o seu destino.
Popper não quis se manifestar, dizendo apenas que está trabalhando a procura do ajudante de Russel, e que dirá assim que obtiver mais informações. Questionada sobre os acontecimentos ocorridos com Dom Dominus e sua reviravolta, a heroína revelou que um de seus poderes é a rápida regeneração, assim sendo, não pode ser morta. Acreditamos que um dia, ela revelará a sua real origem. "
Yvonne guardou o jornal que acabara de ler, pensando se Miss Popper a encontrará. Preciso ir embora. De súbito, decide sumir por um tempo, até a poeira abaixar. Que se dane Russel e Martin. Mal ela sabia que precisaria deles um tempo depois.
Falando em Martin, este estava com a consciência tranquila. Mesmo sabendo de todo o plano de Russel e Yvonne, ele não participou "ativamente" de nada. Quando leu o mesmo jornal que ela, naquela manhã, só uma coisa estava em sua mente: Preciso ajudar o meu amigo, ele tem que sair da cadeia.
Russel era um túmulo. Por mais que tinha certeza que Yvonne não o ajudaria, não a dedurou. Preferiu não contar nada. Eu perdi a batalha, mas não a guerra. Se contasse, não conseguira a ajuda de Yvonne novamente. Ele não ia desistir tão fácil de derrotar Popper.
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Alice estava acabada. Acordou no dia seguinte toda dolorida. Fez o ritual de sempre e ficou atoa no jardim. Ichiro juntou-se a ela. Ainda não tinham conversado sobre os acontecimentos na noite anterior.
— Diferente de mim, Russel conseguiu usar todos os poderes de uma vez só. — disse Alice, pensativa.
— Deve ser porque ele não possui as fases igual a você. — Alice deu de ombros. — Mesmo assim, existe uma fase que todos os poderes liberados até então, pelo herói, se juntam formando-a. É a fase branca.
— Todos os poderes em uma só? — Ichiro concordou.
— Assim como Russel, se liberar essa fase, você poderá usar todos os poderes de uma vez só. — disse animado. Alice parecia impressionada. — Mas, enquanto isso não acontece...Fiquei muito feliz quando vi você se transformar na fase amarela, mesmo com raiva. Você as dominou, não é?
— Sim, eu também não acreditei. Quando estávamos voando, nos colidimos, então eu mudei para a fase preta. Tive que me segurar nele, mas ai eu me concentrei e vi que senão mudasse novamente eu cairia. Daí foi. O idiota ficou com a maior cara de ué. — os dois riram.
— A sua atitude foi honrosa. Pensei que não fosse deixá-lo ir.
— Por um momento, eu não ia mesmo. Mas eu percebi que se o matasse, estaria indo contra os propósitos da minha criação. Em todo esse tempo, Ichiro, só agora percebi o real significado de tudo isso: não existe ninguém que consiga ter essa atitude, só os heróis, pois nós sabemos o valor da vida e que a maneira mais correta de pagar por seus erros é na cadeia.
Ichiro esboçou um leve sorriso. Estava feliz por Alice entender o seu destino. Só ela poderia fazer isso. Sua missão estava cumprida. Era hora de contar algo.
— Tenho que te contar uma coisa. Uma decisão, pra ser mais específico.
— Pode dizer.
— Vou voltar pra Tóquio. — o queixo de Alice caiu. Ele vai me deixar?
— Você não tá falando sério, tá?
— Sim. É verdade. Embarco amanhã de manhã.
— Como vou me virar sem você?
— Vai se sair bem, tenho certeza. Eu consegui aqueles documentos, tá lembrada? — Alice confirmou. — Então, agora poderá viver normalmente. O que consta na sua carteira, é que você já é maior de idade. Sendo assim, você poderá continuar os estudos, arrumar um emprego, viver a sua vida como se fosse uma garota qualquer.
— Mas por quê?
— Porque tudo que tinha pra ensinar, já foi ensinado. Minha missão foi cumprida. — Era bem mais que isso, Ichiro sabia que se ficasse perto de Alice, não aguentaria. Ele tinha que se afastar, pelo bem de todos. No fundo, no fundo, Alice sabia disso.
— Você virá me ver?
— Se eu não vier, você pode ir voando até Tóquio. — eles riram. — Vou mandar o endereço. Não fiquei triste — disse percebendo uma lágrima se formar no canto dos olhos de Alice. — Você não vai ficar sozinha, minha família é sua família. E além do mais, você conhecerá muitas pessoas daqui em diante.
— Não vai ser a mesma coisa. — Ichiro respondeu com um abraço. Doía tanto nele, quanto nela. É necessário sacrificar algumas coisas. O amor deles, era uma delas.
Alice perdia mais que um amor, perdia também um amigo. Ela sabia que o viria de novo, mas ainda assim, a dor foi mais forte e ela chorou em seus braços.
No dia seguinte, seus olhos ainda estavam vermelhos. Tinha pensado a noite inteira no que faria sem ele. Como vou continuar? Ainda não se conformava. Ichiro arrumou as suas malas e foi se despedir. Alice chorava e ele tentava acalmá-la, secando suas lágrimas. Ele deu um beijo em seu rosto e marchou para a saída. Alice o acompanhava com os olhos, quando de repente, saiu correndo o abraçando por trás. Ele se virou e tascou-lhe um beijo na boca que jamais esqueceria. E eles ficaram ali por um tempo abraçados, até que Ichiro foi embora de vez.
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Miss Popper
AdventureDividido em três partes, a narrativa conta a história de Alice, uma adolescente normal com seus sonhos e medos que descobre, após perder a memória em um acidente de carro, que faz parte de uma linhagem de heróis, criados com o propósito de combater...