Capítulo 50: O Céu é Vermelho

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A cabeça de Popper doía. Um espiral de cores invadiu sua retina. Estava nauseada. Levantou da cama. Ao lado, havia um espelho todo colorido. Arregalou os olhos com seu reflexo. O cabelo estava armado e loiríssimo. Vestia um vestido laranja e rosa, colocado ao corpo, e uma sandália plataforma.

— Que demora é essa, broto? — Uma voz conhecida veio de outro cômodo.

Desajeitada, desejava estar com o espartilho ao invés da sandália. Chegou até a porta e afastou a cortina de lantejoulas.

Um cheiro de erva invadiu sua narina. Bee Gees tocava e ao seu redor só via pôsteres de mulheres peladas.

— Vem... É da boa. — disse Peter, tragando seu cigarro de maconha.

Alice saiu correndo com suas sandálias em direção a porta rezando para ser a saída. Deu de cara com corredor. O corredor da Liga Sunchan. No fim, a sala de Sunchan estava entre aberta.
Suas roupas neons e a sandália foram trocados por seu uniforme preto. Entrou.

— Não entendo. Ativar mais fases? — disse Sunchan, sentado no sofá amarronzado. Alice espiava pela fresta.
— Sim. Você lembra quando nos conhecemos? — perguntou Peter, encostando na mesa de Octavian.
— Claro — ele riu. — Você estava desesperado. Quase não acreditei na sua conversa. Eu estava assustado demais com um herói, imagine dois...
— Exato, mas eu não estava desesperado. Apenas preocupado. Eu me sentia menos forte. Cada vez que Popper tornava-se mais poderosa, meus poderes faziam o caminho inverso. Então o convidei para o meu plano. Em troca...
— Em troca do governo.
— Sim.
— Como você pensou nisso? Esse negócio de Governo Geral?
— Vaz realmente idealizou o GG, mas de uma forma diferente. Sua ambição era por mundo sem guerra, ódio e injustiça, mas é claro que isso não daria certo. Seu projeto extremamente socialista nunca vingaria sem mim. Então deixei-o tomar conta de tudo, com uma condição...
— O controle mental.
— É. A fase cinza. A fase que Popper não desenvolveu e nem pode.
— Se não pode a cinza, por que força a ativação da laranja e a verde?
— A laranja e a verde são fases que eu desenvolvi, mas que, ao longo dos anos, foram desgastando — Ele fez movimento de aspas. — Quando os poderes de Popper passarem para mim, estas fases devem estar ativas para fortalecer as minhas. É simples. A fase cinza possibilita o controle mental a longas distâncias. Popper não precisa disso.
— E os outros governantes, aceitarão? — indagou Sunchan, carregando no sotaque francês.
— Se não aceitarem, farei a mesma que foi com Vaz. O fato é que todos ganharão. Vaz e você, com o Governo Geral e eu, com a imortalidade.

Alice afastou-se da porta. Eram muitas informações para compreender de uma vez só.

Tudo faz sentido...

A garota virou para esquerda e continuo a andar até uma escada amarronzada. Uma buzina de carro soava abaixo. Ela desceu lentamente e viu-se em um hall residencial. Passos apressados, na mesma escada, fizeram-na se esconder embaixo no armário da escada.

— Eu já estou indo! — Uma voz doce ecoou pelo hall. Outras vozes ouriçadas eram ouvidas também, de outro cômodo. Uma sombra passou correndo e foi de encontro com as pessoas. Na ponta dos pés, Alice sai do armário embaixo da escada e foi até a porta em sua frente.

A última coisa que pensou em ver estava bem em sua frente.

— Vamos lá, querida. — gritou o Pai.
— Calma, pai — Eles riram
— Pra que tanto cuidado pra rasgar um envelope? — bufou o menino.
— Ah, fica quieto, idiota. — xingou Alice.
— Olha, sem brigas. Até agora vocês brigam? — queixou-se a Mãe.

Todos estavam sentados aos pés da lareira. Alice Popper abria o envelope lentamente. Sua família não aguentava mais tanto suspense.

— Vamos! — gritou a Mãe.
— Tá bom! — Ela riu. — Ok, é agora... E...— Alice abriu-o totalmente e leu a carta.
— E? - indagou o Pai.
— Eu...Consegui! Passei! — Os quatros membros da família Popper abraçavam- se, pulando e gritando. — Universidade da Califórnia!

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora