Capítulo 12: Hollywood

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A tv pipocava notícias sobre Miss Popper. Uns achavam ainda que era uma nova heroína, mas a maioria já sabia que se tratava de Popper. Duas perguntas se passava nas mentes da imprensa e dos cidadãos de Los Angeles: Por que Miss Popper tornou-se tão grossa e agressiva, mudando o visual e até seus poderes? E quem era o homem de roupas pretas com quem lutava? Para Yvonne, Russel e Martin, pelo menos a segunda pergunta já tinha resposta.

A Dra. Yvonne assistia o noticiário. As tais perguntas jorravam aos montes e sua cabeça parecia que ia explodir. O consultório estava vazio e a única luz vinha da LCD 52 Polegadas. Ela tinha o pressentimento que o homem misterioso logo viria até ela. Com três batidas violentas na porta, ela teve certeza.

— Você viu o que ela fez? Aqueles poderes e a pose de machona...vadia— disse Russel empurrando a porta e Yvonne junto. — Você vai preparar uma outra dose, mas agora mais poderosa. Com aqueles poderes juntos e que dure mais. — exigiu apontando o dedo para Yvonne.

— Cala a boca, eu não tenho culpa que ela é melhor que você...Senta a bunda aí e fica quieto, to tentando pensar numa solução. — Russel bufou e sentou.

— Eu to todo dolorido...a puta acabou comigo, mas eu só fugi porque o efeito do soro tava acabando. E se eu ficasse lá sem os poderes, ela me matava.

— Sim, ela não tava muito satisfeita com seus modos e considerando a sua fúria, ela não pensaria duas vezes em mandar você pro inferno. — disse, sentando no sofá. — Agora, temos que pensar num jeito de...

— Eu já te disse o que eu quero. Faça um soro mais poderoso e que dure mais. — disse Russel interrompendo-a. Yvonne revirou os olhos.

— E você acha que é fácil? Isso leva tempo. — disse, levantando.

— Então comece agora — Russel segurou no pescoço de Yvonne apertando — Tenho um plano, pelo menos para atrasá-la antes do golpe final. Nesse meio tempo, prepare o soro. — Ele soltou a mulher, que caiu no sofá sem fôlego.

****

Amanheceu. O amarelado das folhas das árvores era o sinal que a nova estação se aproximava. A chuva veio de mansinho e logo tomou conta. Alice observava pela janela, tentando encaixar todas as peças do quebra cabeça, ela não podia imaginar que em poucas horas teria que resolver um literalmente.

Alice sabia que tinha que manter a fase preta, que revelou-se mais poderosa do que amarela, porém não sentia mais raiva. Só dúvidas afloravam seus pensamentos. Ichiro dormia. Era a melhor hora de dar uma volta e refletir. Decidiu ir voando até o sinal de Hollywood - o enorme letreiro no Mount Lee. Ninguém a atormentaria ali, com certeza. Sentou-se entre os dois L's. A vista era de tirar o fôlego.

Que outro lugar seria tão perfeito quanto aqui? Eu só preciso organizar meus pensamentos. Só isso, Alice...

— Que lugar perfeito para pensar, não é? — disse uma voz atrás de Alice.

Ela identificou na hora. Sabia que se virasse, ele descobriria sua identidade. Não se preocupou por muito tempo, a raiva de ouvir apenas a voz de Dom Dominus fez com a fase preta surgisse. Seus olhos azuis fuzilaram o homem quando virou. Alice foi para cima.

— Espera aí...calma — disse, num sorriso medíocre. — Não vim para lutar, muito pelo contrário, vim para fazermos um acordo...

— Eu não faço acordo com filhos da puta. — disse chutando entre as pernas de Russel. Este gemeu e demorou a responder, quando finalmente a dor passou ele falou com a mão lá:

— Tá bom, tentei ser amigável, mas você não quer saber...Pois bem, tenho um trabalhinho pra você. Em algum lugar de L.A, tem uma bomba que detonará a exatos... — ele olhou no relógio — 23h e 59min. O lance é, você acha ela, desarma e fim da história. Ou, ela explodirá e ...bem você vai saber quando ver onde ela está. — Russel sorriu quando percebeu a preocupação de Alice.

— Você é um merda, Los Angeles é gigante, como eu vou encontrar uma bomba assim?

— Você não espera eu terminar. — Russel estremeceu quando sentiu o ar zumbir em sua volta pensando que era mais um chute, constatando alarme falso, continuo. — Eu gosto de brincar, sabe? — ele a olhou de cima a baixou — De todas as formas, inclusive com charadas e quebra-cabeças....

— Desembucha logo, seu velho...To perdendo tempo — disse, agarrando Russel pelo colarinho.

— Ok, ok... — Alice o largou. — Você irá seguir pistas até a localização da bomba, é simples. — Miss Popper olhava incrédula. Esse desgraçado... — Aqui está. — disse Russel entregando um papel bege, com uma fita de cetim azul em volta. — Está é a primeira dica, as outras irão aparecendo conforme você desvendar as pistas.

Alice não esperou ele continuar, começou a descer a encosta, visto que não podia voar. De repente parou. Uma ideia apareceu abruptamente.

Se eu posso controlar coisas com a mente, por que eu não posso controlar a própria mente?

Era óbvio para ela. Se conseguisse ler os pensamentos dele, ou outra coisa assim, poderia pular essa baboseira toda de caça ao tesouro. Voltou correndo, Russel ainda estava lá, antes que pudesse abrir a boca, Alice entrou em sua mente. Dom Dominus caiu de costas se contorcendo. Alice invadia cada canto da mente, buscando qualquer vestígio. O homem gemia e implorava que ela parasse, aquilo devia doer. Ela viajava, e parecia que os pensamentos dele tornaram-se o dela... Tinha descoberto uma outra habilidade: tortura mental.

— Pelo amor de Deus, pare isso é horrível... — gritava Russel. Alice plantou uma imagem e a dor equivalente, de facas entrando em sua cabeça.

— Não antes que me diga onde está a bomba.

— Misericórdia, i-isso é terrível!

— Diga!

— E-eu não s-sei... n-não fui eu que fiz as dicas — ele gritava cada vez mais alto, rolando e contorcendo-se. — Alice para. O homem continuo no chão tremendo. Popper se sentiu um pouco arrependida.

Situações desesperadas pedem medidas desesperadas!

Começou a descer a encosta novamente, precisava de Ichiro...e rápido.

— Você fez o quê? — perguntou Ichiro, incrédulo. Alice havia chego desesperada e contado toda a história a ele. — Você é louca... não pode fazer isso.

—Quem disse que não? Ele colocou uma bomba em qualquer lugar de Los Angeles...é lógico que não pensou nos milhares de vidas que estão em risco agora, ele merecia pagar.

— Pagar com chutes e socos, não tortura.

— Tá, a questão não é essa, o problema é encontrar a bomba...E, quando eu o agredi mentalmente — torturar era uma palavra muito feia para Alice — ele disse que não tinha feito as pistas, ou seja, tem alguém o ajudando.

— Desconfiei disso, mas precisamos agora nos concentrar nessa pista. Passe pra cá. — Alice obedeceu, entregando-lhe a mensagem. Ele leu em voz alta:

A primeira vós tens

Marcada pelo prazer, o número vinte e três.

Flash e mais flash, a dança tem vez

Hollywood Boulevard, mostre sua nudez.

Alice e Ichiro entreolharam-se. Não precisaram nem falar, naquele momento, sabiam que estavam ligeiramente...ferrados!

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora