Capítulo 2: Escrito nas Estrelas

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"Há milhares de anos, forças mais poderosas que os homens, ameaçavam dominar a Terra. Eram guerreiros constituídos de um material, até então, desconhecido da civilização. Naquela época, os povos eram extremamente religiosos e pediram a seus deuses que mandassem uma luz, algo ou alguém que destruísse de uma vez o mal que os assolava. Seus protetores então, os enviaram uma mensagem por meio de uma visão. Diziam que uma jovem de dezessete anos, disposta a dar a vida por paz, seria a salvação. Esta menina, receberia poderes que a deixariam forte o suficiente para destruir os intrusos.

 Os moradores da vila, de onde receberam a visão, foram encarregados de recrutar as jovens até descobrirem quem era a moça descrita. Todas as garotas de dezessete anos daquele lugar foram chamadas, entretanto nenhuma delas queria arriscar-se a ponto de perder a vida, mesmo sendo caso de mortes, mortes não só naquele lugar, mas em todo o mundo.

Ficaram tão obcecados, e não é pra tanto, para encontrar a garota, que esqueceram de uma que vivia com sua mãe doente e não podia comparecer aos recrutadores. Um lenhador, conhecendo a história e conhecendo a menina, sabia que a heroína da visão era ela. Seu bom coração, logo revelou-se. A menina aceitou dar sua vida pelas dos outros. Foi treinada por um dos mestres da região, e logo seus poderes revelaram-se transformando-a. Ela lutou ferozmente. Quando parecia que ia ser derrotada, transformava-se novamente. Até que a garota solitária e tímida, porém bondosa e determinada, derrotou os monstros livrando toda a Terra de sua aniquilação.

 O que a moça não sabia, era que a partir do momento que ganhou os poderes, também ganhou a imortalidade. Sobre 'dar a sua vida pelas dos outros', não passava de um teste. E que seria para sempre uma guardiã, lutando contra as forças do mal. Determinou-se, depois de alguns anos, que de tempos em tempos, nasceria um herói. Um ser nascido exclusivamente para combater o mal, que apareceria naquele tempo. Este, seria treinado e, como a primeira heroína, desenvolveria seus poderes, as chamadas fases".

Alice parecia entender, mas não queria. Ichiro olhava-a esperando algum comentário, quando percebeu que ela não diria nada, completou:

— Bem, está é a razão de estar aqui, Alice. Você é a heroína desse tempo.

— Quê? Eu? E-eu não pedi isso, como pode? — disse, desesperada.

— Preste atenção, não se pode escolher. É uma linhagem, está escrito desde aquele tempo. É impossível mudar os nossos destinos.

— Você diz os nossos, como se você também tivesse a obrigação.

— Sim, eu também pertenço a essa linhagem. Não pude escolher, serei eu que a treinarei fazendo com que desenvolva seus poderes.

— Tá, então por que eu não lembro de nada antes de hoje cedo?

— Faz parte do processo, você tinha que nascer de novo, nascer para o seu verdadeiro destino. A sua vida antes era apenas para você atingir a idade correta: dezessete anos.

— Minha família não sentirá falta de mim?

— Não. Nem eles e nem ninguém que te conheceu ou apenas te viu. Suas lembranças também foram apagadas. Você tecnicamente não existe. — disse por fim Ichiro. Aquele foi um golpe mortal para Alice. Não existir...Pior do que não se lembrar, é não ser lembrado. Alice saiu correndo. Ichiro gritava seu nome, mas ela não dava atenção, entrou em seu quarto e trancou.

— De um tempo, Ichiro. Isso é completamente normal. Espere que ela logo virá falar com você. — disse Kaito Oota, aparecendo de trás das árvores.

— E se ela não vier, pai?

— Virá, sempre vem. — respondeu seu pai, desaparecendo novamente atrás das árvores.

****

Já era noite quando Alice resolveu aparecer. Ichiro e seu pai estavam sentados à beira do lago, no mesmo lugar onde estavam.

— Alice, este é meu pai: Kaito Oota

— Prazer conhecê-lo, Sr. Oota — cumprimentou Alice.

— Prazer é todo meu, querida — disse estendendo a mão. Kaito era um homem de meia idade, baixo e magro. Usava uma roupa esporte que lhe caia super bem. Era muito simpático, porém muito exigente. Assim como toda sua família. — Vou deixá-los sozinhos, sua mãe precisa de mim no restaurante. Amanhã leve-a lá. Anna está louca pra conhecê-la. — disse Kaito, despedindo-se. Ichiro assentiu e o acompanhou até a porta, quando voltou, sentou-se ao lado de Alice.

— Tá melhor? Eu sei que foi um baita choque, mas fiquei preocupado com você. — disse olhando nos olhos de Alice.

— Sim, só precisava pensar.

— Pois é, temos muito trabalho.

— Como são esses poderes? Fases, né?

— Sim, são as fases, mas uma coisa de cada vez, tudo na sua hora. — disse rindo. Alice o olhava como alguém que olha pela primeira vez o mar. Ichiro sorria e Alice retribuía. 

— Tá bom, você que manda, sensei. — Tinha a leve impressão que Ichiro seria bem mais que um professor.

Miss PopperOnde histórias criam vida. Descubra agora